- CAPÍTULO CATORZE -
|
Norberto, o dragão norueguês
|
Quirrell, no entanto
|
deve ter sido muito mais
|
,
|
corajoso do que eles pensaram. Nas semanas seguintes
|
ele pareceu estar ficando mais pálido e mais magro,
|
mas não parecia ter cedido
|
Todas as vezes que os meninos passavam pelo
|
corredor do terceiro andar, Harry; Rony e Hermione
|
encostavam as orelhas na porta para verificar se Fofo
|
continuava a rosnar lá dentro. Snape levava a vida no
|
seu habitual mau humor, o que com certeza significava
|
que a Pedra continuava a salvo. Sempre que Harry
|
passava por Quirrell nesses últimos dias dava-lhe um
|
sorriso como a encorajá-lo, e Rony começara a
|
censurar as pessoas que riam da gagueira de Quirrell.
|
Hermione, no entanto, tinha mais no que pensar do
|
que na Pedra Filosofal Começara a programar suas
|
revisões e a marcar em cores suas anotações de aula
|
para classificá-las. Harry e Rony não teriam se
|
importado com isso, mas ela não parava de chateá-los
|
para fazerem o mesmo.
|
- Hermione, os exames estão a séculos de
|
distância.
|
- Dez semanas - retorquiu Hermione. - Não são
|
séculos, é como um segundo para Nicolau Flamel.
|
- Mas nós não temos seiscentos anos - lembrou-lhe
|
Rony. Em todo o caso, o que é que você está revisando
|
se já sabe tudo?
|
- Que é que estou revisando? Vocês ficaram
|
malucos? Vocês já perceberam que precisamos
passar
nesses exames para chegar ao segundo ano? Eles são
|
muito importantes, eu deveria ter começado a estudar
|
há um mês, não seio que deu em mim...
|
Infelizmente, os professores pareciam estar
|
pensando da mesma maneira que Hermione. Passaram
|
tantos deveres de casa que as férias da Páscoa não
|
foram tão divertidas quanto as de Natal. Ficou difícil
se
|
descontrair com Hermione ao lado, recitando os doze
|
usos do sangue de dragão ou praticando movimentos
|
com. a varinha. Aos gemidos e bocejos, Harry e Rony
|
passaram a maior parte do tempo livre com ela, na
|
biblioteca, tentando dar conta de todos os deveres
|
extras.
|
- Eu nunca vou me lembrar disso - desabafou Rony
|
uma tarde, largando a pena de escrever na mesa e
|
olhando desejoso pela janela da biblioteca. Era na
|
realidade o primeiro dia bonito que tinham em meses.
|
O céu estava claro, azul-miosótis e havia urna
|
expectativa de verão no ar.
|
Harry, que estava procurando o verbete
"Ditamno"
|
no livro de
|
Cem
|
ervas
|
e fungos
|
mágicos; não levantou
|
os olhos até a hora em. que ouviu Rony exclamar:
|
- Rúbeo! Que é que você está fazendo na
|
biblioteca?
|
Hagrid veio arrastando os pés, escondendo alguma
|
coisa às costas. Parecia muito deslocado com o
seu
casaco de pêlo de toupeira.
|
- Só olhando - disse numa voz insegura que
|
imediatamente despertou o interesse deles. - E o que é
|
que vocês estão armando?
|
- Ele pareceu repentinamente desconfiado. - Não
|
continuam. procurando o Nicolau Flamel, continuam?
|
Ah, já descobrimos quem ele é há séculos - disse
|
Rony para impressionar. - E você sabe o que é que
|
aquele cachorro está guardando, é a Pedra Filo...
|
- Chhhhi! - Hagrid olhou à sua volta depressa
para.
ver se alguém estava escutando. - Não saiam gritando
|
isso por ai, que foi que deu em vocês?
|
- Más, tem umas coisinhas que queríamos
|
perguntar a você.
|
- disse Harry - sobre as outras coisas que estão
|
protegendo a Pedra além do Fofo...
|
- CHHHHHI! - fez Hagrid de novo. - Escutem,
|
venham me ver mais tarde, não estou prometendo que
|
vou lhes dizer nada, vejam bem, mas não saiam dando
|
com a língua nos dentes por ai, estudantes não devem
|
saber disso. Vão achar que fui eu que contei a
vocês...
|
- Vemos você mais tarde, então - concordou
|
Harry.
|
Hagrid saiu arrastando os pés.
|
- Que é que ele estava escondendo às costas? -
|
perguntou Hermione pensativa.
|
- Acham que tinha alguma coisa a ver com a
|
Pedra?
|
- Vou ver em que seção ele estava - prontificou-se
|
Rony, que já estava farto de trabalhar. Voltou um
|
minuto depois com uma braçada de livros e largou-os
|
em cima da mesa.
|
-
|
Dragões:-
|
cochichou - Rúbeo estava procurando
|
coisas sobre dragões! Olhem só estes: Espécies de
|
dragões da Grã-Bretanha e da Irlanda;
|
Do ovo ao
|
inferno, guia do guardador de dragões.
|
- Rúbeo sempre quis um dragão, ele me disse isso
|
da primeira vez em que nos vimos - comentou Harry
|
- Mas é contra as nossas leis - argumentou Rony. -
|
Criar dragões foi proibido pela Convenção dos Bruxos
|
de 1709, todo o mundo sabe disso. E difícil evitar que
|
os trouxas reparem em nós se criarmos dragões no
|
quintal. Em todo o caso, não se pode domesticar
|
dragões, é perigoso. Vocês deviam ver as queimaduras
|
que Carlinhos recebeu de dragões selvagens na
|
Romênia.
- Mas não tem dragões selvagens na Grã-
|
Bretanha? - perguntou Harry.
|
- Claro que tem - respondeu Rony - Os dragões
|
verdes galeses e os negros das ilhas Hébridas. O
|
Ministério da Magia tem um bocado de trabalho para
|
mantê-los em segredo, posso lhe garantir. 0 nosso povo
|
vive enfeitiçando trouxas que os viram, para fazê-los
|
esquecer.
|
- Então o que será que Rúbeo anda armando? -
|
perguntou Hermione.
|
Quando eles bateram á porta da cabana do guardacaça
|
uma hora mais tarde, ficaram surpresos de ver que
|
todas as cortinas estavam fechadas. Hagrid perguntou
|
"Quem. é?" antes de deixá-los entrar e em
seguida
|
fechou depressa a porta assim que eles entraram.
|
Estava um calor sufocante no interior da cabana. E
|
embora fosse um dia bem quente havia um fogaréu na
|
lareira. .Hagrid preparou chá para os meninos e lhes
|
ofereceu sanduíches de carne de arminho, que eles
|
recusaram.
|
- Então, vocês queriam me perguntar uma coisa?
|
- Queríamos - disse Harry. Não havia sentido em
|
perder tempo com rodeios. - Estivemos pensando se
|
você poderia nos dizer o que mais está protegendo a
|
Pedra Filosofal além de Fofo.
|
Hagrid amarrou a cara.
|
- Claro que não posso dizer. Primeiro, eu mesmo
|
não sei. Segundo, vocês já sabem demais, de modo que
|
eu não diria a vocês se soubesse. Aquela Pedra está
|
aqui por uma boa razão. Quase foi roubada de
|
Gringotes. Suponho que vocês já chegaram a essa
|
conclusão. Fico até espantado que saibam da existência
|
de Fofo.
|
- Ah, vamos, Rúbeo, talvez você não queira nos
|
dizei; mas você sabe tudo o que acontece por
aqui -
disse Hermione num tom caloroso e lisonjeiro. A barba
|
de Hagrid mexeu e eles perceberam que estava
|
sorrindo. - Só estávamos querendo saber realmente
|
quem fez o feitiço de proteção - continuou Hermione. -
|
Estávamos querendo saber em quem Dumbledore teria
|
confiado o suficiente para ajudá-lo, além de você.
|
O peito de Rúbeo se estufou ao ouvir essas
|
palavras. Harry e Rony se abriram em sorrisos para
|
Hermione.
|
- Bom, acho que não poderia fazer mal contar
isso... vamos ver.. ele pediu Fofo emprestado a mim..,
|
depois alguns professores fizeram os feitiços... o
Prof.
|
Sprout.. o Prol Flitwick...
a Profa. Minerva... - ele foi
|
contando nos dedos - o Prof. Quirrell... e o próprio
|
Dumbledore também fez alguma coisa, é claro. Um
|
momento, esqueci alguém. Ah, sim, o Prof. Snape.
|
-
|
Snape?
|
-
|
vocês não continuam insistindo naquela idéia,
|
É,
|
ou continuam? Olhem, Snape ajudou
|
a proteger a
|
Pedra, não está prestes a roubá-la.
|
Harry sabia que Rony e Hermione estavam
|
pensando o mesmo que ele. Se Snape fora chamado
|
para proteger a Pedra, devia ter sido fácil descobrir
|
como os outros professores a tinham protegido. Ele
|
provavelmente sabia de tudo - exceto, ao que parecia,
o
|
feitiço que Quirrell fizera e de que jeito passar por
|
Fofo.
|
- Você é o único que sabe como passar pelo Fofo,
|
não e,
|
Rúbeo? - Harry perguntou, ansioso. - E você não diria
a
|
ninguém, não é? Nem mesmo a um dos professores?
|
- Ninguém sabe a não ser eu e Dumbledore - disse
|
Hagrid orgulhoso.
|
- Bom, isso já é alguma coisa - murmurou Harry
|
para os outros. - Rúbeo, podemos abrir uma
janela?
Estou assando.
|
- Não pode, desculpe, Harry - disse Hagrid. Harry
|
notou que ele olhava para o fogo. Harry olhou também.
|
- Rúbeo, o que é
|
isso?
|
Mas ele já sabia o que era. Bem no meio do fogo,
|
debaixo da chaleira, havia um enorme ovo negro.
|
- Ah - respondeu Hagrid, mexendo, nervoso, na
|
barba. - É... ah...
|
- Onde foi que você arranjou isso, Rúbeo? -
|
perguntou Rony; abaixando-se para o fogo para olhar o
|
ovo mais de perto. - Isso deve ter-lhe custado uma
|
fortuna.
|
- Ganhei. A noite passada. Eu estava na vila
|
tomando uns tragos e entrei num joguinho de cartas
|
com um estranho. Acho que ele ficou bem contente de
|
se livrar do ovo, para ser sincero.
|
- Mas o que é que você vai fazer com ele, quando
|
chocar? - perguntou Hermione.
|
- Bom, andei lendo um pouco - disse Hagrid,
|
tirando um grande livro de baixo do travesseiro. -
|
Apanhei este na biblioteca:
A criação de dragões como prazer e
|
fonte de renda. É
|
meio desatualizado, é
|
claro, mas está tudo aqui. Mantenha o ovo
|
no fogo porque as mães sopram fogo em
|
cima deles, sabe, e quando chocar, dê-lhe um
|
balde de conhaque misturado com sangue de
|
galinha a cada meia hora. E vejam aqui:
|
como reconhecer os diferentes ovos, e este
|
aqui é um dragão norueguês. São raros esses,
|
Ele parecia muito satisfeito consigo mesmo, mas
|
Hermione não.
|
- Rúbeo, você mora numa cabana de madeira -
|
lembrou-lhe.
|
Mas Hagrid nem escutou. Estava cantarolando
|
alegremente enquanto atiçava o fogo.
|
Então agora tinha mais uma coisa com que se preocupar, o que poderia acontecer a Hagrid se alguem descobrisse que estava escondendo um dragão ilegal em sua cabana.
- Como será ter uma vida tranqüila - suspirou
|
Rony, pois noite após noite eles lutavam. para dar
|
conta de todos aqueles deveres de casa suplementares
|
que estavam recebendo. Hermione agora começava a
|
programar as revisões de Harry e Rony também. Estava
|
deixando os dois malucos.
|
Então, certo dia ao café da manhã, Edwiges trouxe
|
outro bilhete de Hagrid para Harry. Ele escrevera
|
apenas duas palavras.
|
Está furando.
|
Rony queria faltar à Herbologia e ir direto à
|
cabana. Hermione nem quis ouvir falar nisso.
|
- Hermione, quantas vezes na vida vamos ver um
|
dragão saindo do ovo?
- Temos aulas, vamos nos meter em confusão, e
|
isso não vai ser nada comparado à situação de Rúbeo
|
quando descobrirem o que ele anda fazendo.
|
- Cala. a boca! - cochichou Harry.
|
Malfoy estava a apenas alguns passos e parou
|
instantaneamente para ouvir. Quanto teria ouvido?
|
Harry não gostou nem um pouco da expressão que viu
|
na cara de Malfoy;
|
Rony e Hermione discutiram todo o tempo a
|
caminho da aula de Herbologia e, no final, Hermione
|
concordou em dar uma corrida à casa de Hagrid com os
|
dois no intervalo da manhã. Quando a sineta tocou no
|
castelo anunciando o fim da aula, os três largaram as
|
colheres de jardineiro e atravessaram a propriedade
|
correndo em direção à orla da floresta. Hagrid
|
cumprimentou-os parecendo vermelho e excitado.
|
- Está quase furando. - Conduziu-os para dentro.
O ovo estava em cima da mesa. Tinha fundas
|
rachaduras. Alguma coisa se mexia dentro dele; fazia
|
um barulhinho engraçado.
|
Todos puxaram as cadeiras para junto da mesa e
|
observaram com a respiração presa.
|
De repente ouviram um som arranhado e o ovo se
|
abriu. O dragão-bebê caiu molemente em cima da
|
mesa. Não era exatamente bonito; Harry achou que
|
parecia um guarda-chuva preto amassado. As asas
|
espinhosas eram enormes em contraste como corpo
|
preto e magro, tinha um focinho longo com narinas
|
largas, tocos de chifres e olhos esbugalhados cor de
|
laranja.
|
Espirrou. Voaram fagulhas do seu focinho.
|
- Ele não é
|
lindo?
|
- murmurou Hagrid. Esticou a
|
mão para afagar a cabeça do dragão. O bicho tentou
|
morder seus dedos, deixando à mostra presas
|
pontiagudas.
|
- Deus o abençoe, olhem, ele conhece a mamãe! -
|
exclamou Hagrid.
|
- Rúbeo - perguntou Hermione -, exatamente com
que rapidez um dragão norueguês cresce?
|
Hagrid ia responder quando a cor subitamente
|
desapareceu do seu rosto - ele deu um salto e correu à
|
janela.
|
- Que foi?
|
- Alguém estava espiando pela fresta nas cortinas,
|
um garoto esta correndo de volta para a escola.
|
Harry se precipitou para a porta e espiou para fora.
|
Mesmo a distância não havia como se enganar.
|
Malfoy vira o dragão. Alguma coisa no sorriso que rondou a cara de Malfoy durantes as semanas seguintes, deixou Harry, Rony, e Hermione muito nervosos, passaram maior parte do tempo livre na cabana sombria de Hagrid tentando argumentar com ele
.
|
- Deixe o dragão ir embora - insistia Harry - Sofre
|
ele.
|
- Não posso - disse Hagrid. - Ele é muito pequeno.
|
Morreria. Eles olharam para o dragão. Aumentara três
|
vezes de comprimento em uma semana. A fumaça não
|
parava de sair de suas narinas. Hagrid não estava
|
cumprindo suas tarefas de guarda-caça porque o dragão
|
o mantinha muito ocupado. Havia garrafas vazias de
|
conhaque e penas de galinha por todo o chão.
|
- Decidi chamá-lo de Norberto - anunciou Hagrid,
|
olhando para o dragão com olhos sonhadores. - Ele
|
realmente sabe quem eu sou, olhem. Norberto!
|
Norberto! Onde está a mamãe?
|
- Ele pirou - cochichou Rony na orelha de Harry.
|
- Rúbeo - disse Harry em voz alta -, dê mais quinze
|
dias e Norberto vai ficar do tamanho de sua casa.
|
Malfoy pode procurar Dumbledore a qualquer
|
momento.
|
Hagrid mordeu o lábio.
|
- Eu... eu sei que não vou poder ficar com ele para
|
sempre, mas também não posso largá-lo assim, não
|
posso
|
.
|
Harry de repente virou-se para Rony.
|
- Carlinhos - falou.
|
Você também - respondeu Rony. - Eu sou Rony,
|
esta lembrado?
|
- Não, Carlinhos... seu irmão, Carlinhos. Na
|
Romênia. Estudando dragões. Poderíamos mandar
|
Norberto para ele. Carlinhos pode cuidar dele e depois
|
devolvê-lo à floresta!
|
- Brilhante! - exclamou Rony. - Que é que você
|
acha, Rúbeo? E no fim, Hagrid concordou que podiam
|
mandar uma coruja
|
a Carlinhos para consultá-lo.
|
A. semana seguinte se arrastou. A noite de quartafeira
|
encontrou Hermione e Harry sentados sozinhos na
|
sala comunal, muito depois de todos terem ido se
|
deitar. O relógio na parede acabara de bater
meia-noite
|
quando o buraco do retrato se abriu de repente. Rony
se
|
materializou ao tirar a capa da invisibilidade de
Harry.
|
Estivera na cabana de Hagrid, ajudando a alimentar
|
Norberto, agora comendo caixotes de ratos mortos.
|
- Ele me mordeu! - disse ele mostrando a mão, que
|
trazia enrolada em um lenço ensangüentado. - Não vou
|
conseguir segurar a pena de escrever durante uma
|
semana. Vou lhe contar, aquele dragão é o bicho mais
|
horrível que conheci, mas quem ouve Rúbeo falar
pensa que ele é um coelhinho fofo. Quando o dragão
|
me mordeu, ele ralhou comigo por tê-lo assustado. E
|
quando sai, estava cantando uma canção de ninar
|
Ouviu-se uma batida na janela escura.
|
- É a Edwiges! - disse Harry, correndo para deixála
|
entrar - Deve estar trazendo a resposta de Carlinhos!
|
Os três juntaram as cabeças para ler o bilhete.
|
Caro Rony
|
Como vai? Obrigado pela carta - terei prazer em
|
cu idar do dragão noru eguês, mas não será fácil
mandá-lo para
|
mim. Acho
|
que o melhor será mandado por alguns amigos que
estão vindo me visitar na próxima semana. O problema
|
é que eles não podem ser vistos carregando um dragão
|
ilegal.
|
Você poderia levar o dragão para a torre mais
|
alta à meia-noite de sábado? Eles podem se encontrar
|
com você lá e levá-lo enquanto ainda está escuro.
|
Mande-me uma resposta o mais breve possível
|
Afetuosamente,
|
Carlinhos
|
Eles se entreolharam.
|
Temos a capa da invisibilidade - disse Harry Não
|
deve ser muito difícil: acho que a capa é bastante
|
grande para cobrir dois de nós e o Norberto.
|
O fato de os outros dois concordarem indicava
|
como a semana fora ruim, Qualquer coisa para se
|
livrarem de Norberto e de Malfoy.
|
Mas houve um imprevisto. Na manhã seguinte, a
|
mordida do dragão fizera a mão de Rony inchar,
|
ficando duas vezes o seu tamanho normal. Ele não
|
sabia se era seguro procurar Madame Pomfrey será
que ela reconheceria uma mordida de dragão? A tarde,
|
porém, não houve mais jeito. O corte adquirira uma
|
feia cor verde. Dava a impressão de que as presas de
|
Norberto eram venenosas.
|
Harry e Hermione correram para a ala do hospital
|
no fim do dia e encontraram Rony acamado numa
|
situação horrível.
|
- Não é só a minha mão - cochichou ele -,embora
|
ela pareça que vai cair. Malfoy disse à Madame
|
Pomfrey que queria pedir emprestado um livro meu,
|
para poder vir dar uma boa gargalhada. Ficou
|
ameaçando contar a ela o que realmente me mordera.
|
Eu disse que foi um cachorro mas acho que ela não está
|
acreditando. Eu não devia ter batido nele no jogo de
|
quadribol, é por isso que ele está agindo assim.
|
Harry e Hermione tentaram acalmar Rony.
|
- Tudo vai terminar à meia-noite de sábado - disse
|
Hermione, mas isso não acalmou Rony nem um
|
pouquinho. Pelo contrário, ele se sentou muito
|
empertigado e desatou a sua
|
r.
|
- Meia-noite de sábado! - disse com a voz rouca -
|
Ah, não... ah, não... acabei de me lembrar; a carta de
|
Carlinhos estava no livro que Malfoy levou, ele vai
|
saber que vamos nos livrar de Norberto.
|
Harry e Hermione não tiveram nem chance de
|
responder Madame Pomfrey apareceu naquele
instante
e fez os dois saírem, dizendo que Rony precisava
|
dormir
|
- Agora é tarde demais para mudarmos de plano.
|
Não temos mais tempo para mandar outra coruja a
|
Carlinhos e essa pode ser a nossa única oportunidade
|
de nos livrarmos de Norberto. Teremos de arriscar. E
|
temos a capa da invisibilidade, Malfoy não sabe disso.
|
Eles encontraram Canino, o cão de caçar javalis,
sentado do lado de fora da cabana com a cauda
|
enfaixada, quando foram contar a Hagrid, que abriu a
|
janela para falar com eles.
|
- Não vou deixar vocês entrarem - ofegou. -
|
Norberto está passando uma fase difícil, nada que eu
|
não possa cuidar sozinho.
|
Quando lhe contaram sobre a carta de Carlinhos,
|
seus olhos se encheram de lágrimas, embora isso talvez
|
fosse porque Norberto acabara de mordê-lo na perna.
|
- Aai! Tudo bem, ele só mordeu minha bota. Está
|
brincando; afinal é um bebezinho.
|
O bebê bateu com o rabo na parede, fazendo as
|
janelas estremecerem. Harry e Hermione voltaram para
|
o castelo achando que o sábado talvez não chegasse
|
bastante rápido.
|
Eles teriam sentido pena de Hagrid quando chegou
|
a hora de dizer adeus a Norberto, se não estivessem
tão
|
preocupados com o que tinham de fazer. Era uma noite
|
muito escura e anuviada e se atrasaram um pouco para
|
chegar à cabana de Hagrid porque precisaram esperar
|
Pirraça desimpedir o caminho para o saguão de
|
Entrada, onde estivera jogando tênis contra a parede.
|
Hagrid aprontara Norberto embalando-o num
|
grande caixote
|
- Pus muitos ratos e um pouco de conhaque para a
|
viagem - disse Hagrid com a voz abafada. - E embalei
|
junto o ursinho de pelúcia para o caso de ele se
sentir
|
solitário.
|
De dentro do caixote vinha um ruído de pano
|
rasgado que pareceu a Harry ser o dragão arrancando a
|
cabeça do ursinho.
|
- Até a vista, Norberto! - soluçou Hagrid, quando
|
Harry e Hermione cobriram o caixote com a capa da
|
invisibilidade e entraram debaixo dela. - Mamãe nunca
|
vai esquecer você!
Como foi que conseguiu levar o caixote de volta
|
ao castelo, eles nunca souberam. Aproximava-se a
meia-noite e eles subiram com Norberto pela escadaria
|
do saguão de entrada e pelos corredores escuros. Mais
|
uma escada, mais outra - nem mesmo um dos atalhos
|
de Harry facilitou muito o transporte.
|
- Estamos quase lã! - Harry ofegou quando
|
chegaram ao corredor sob a torre mais alta.
|
Então um movimento brusco à frente deles quase
|
fez com que deixassem cair o caixote. Esquecendo que
|
já estavam invisíveis, encolheram-se nas sombras,
|
espiando os contornos escuros de duas pessoas que se
|
debatiam a uns três metros. Uma lâmpada se acendeu.
|
A Profa. Minerva, num robe de lã escocesa e rede
|
no cabelo, segurava Malfoy pela orelha.
|
- Está detido - gritou. - E são vinte pontos a menos
|
para Sonserina. Perambulando no meio da noite, como
|
você
|
se atreve...
|
- A senhora não compreende, professora, Harry
|
Potter está vindo aí; vem trazendo um dragão.
|
- Que absurdo! Como você se atreve a contar tais
|
mentiras! Vamos: vou conversar com o Prof. Snape
|
sobre você, Malfoy!
|
A íngreme escada em espiral até o alto da torre
|
pareceu a coisa mais fácil do mundo depois disto.
|
Somente quando saíram para o ar frio da noite foi que
|
se livraram da capa da invisibilidade, felizes de
|
poderem respirar direito outra vez. Hermione dançou
|
urna espécie de jiga escocesa.
|
- Malfoy vai ficar detido! Eu seria capaz de cantar.
|
- Não cante - aconselhou Harry.
|
Rindo de Malfoy, eles esperaram, enquanto
|
Norberto se debatia dentro do caixote. Passados uns
|
dez minutos, quatro vassouras surgiram da escuridão
|
mergulhando em direção à torre.
Os amigos de Carlinhos formavam um grupo
|
animado. Mostraram a Harry e a Hermione os arreios
|
que tinham trazido de modo a poder suspender
|
Norberto entre eles. Todos ajudaram a prender
|
Norberto muito bem nos arreios e então Harry e
|
Hermione apertaram as mãos de todos e lhes
|
agradeceram muito.
|
Finamente Norberto estava indo... indo... e
|
finalmente se foi. Eles desceram a escada espiral sem
|
fazer barulho, os corações leves como as mãos, agora
|
que Norberto fora tirado delas. Nada de dragão -
|
Malfoy detido - o que poderia estragar essa
felicidade?
|
A resposta à sua pergunta estava esperando ao pé
|
da escada. Quando chegaram ao corredor, a cara de
|
Filch assombrou-os, emergindo da escuridão.
|
- Ora, ora, ora - sussurrou -, estamos encrencados.
|
Tinham deixado a capa da invisibilidade no alto da
|
torre.
Nenhum comentário:
Postar um comentário