sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Harry Potter .. E a Pedra Filosofal ( Cap XVI )

CAPÍTULO DEZESSEIS
No Alçapão


No futuro, Harry nunca conseguiria
lembrar muito bem como conseguiu prestar
seus exames enquanto esperava Voldemort
irromper a qualquer instante pela porta.
Contudo os dias foram se passando
lentamente e não havia duvidas de que
Fofo continuava vivo e bem seguro atrás da
porta trancada.
Fazia um calor de rachar, principalmente na sala
das provas escritas. Os alunos tinham recebido penas
novas e especiais para fazê-las, previamente encantadas
com um feitiço anticola.
Houve exames práticos também. O Prof., Flitwick
os chamou à sala de aula, um a um, para verificar se
conseguiam fazer um abacaxi sapatear na mesa. A
Profa. Minerva observou-os transformarem um
camundongo em uma caixa de rapé e conferiu pontos
pela beleza da caixa, e os descontou quando a caixa
tinha bigodes. Snape deixou-os nervosos, bafejando em
seu pescoço enquanto tentavam se lembrar corno fazer
a poção do esquecimento.
Harry fez o melhor que pôde, tentando ignorar as
dores lacinantes que sentia na testa e que o
incomodavam desde a ida a floresta. Neville achou que
Harry estava com urna crise de nervos provocada pelos
exames, porque Harry não conseguia dormir, mas a
verdade é que seu antigo pesadelo o mantinha
acordado, só que agora estava pior que nunca, pois
havia nele uma figura encapuzada que pingava sangue.
Talvez fosse porque eles não tinham visto o que
Harry vira na floresta, ou porque não tinham cicatrizes
que queimavam na testa, mas Rony e Hermione não
pareciam tão preocupados com a Pedra quanto Harry.
A lembrança de Voldemort sem dúvida os apavorava,
mas não os visitava em sonhos, e estavam tão ocupados
com as revisões que não tinham muito tempo para
pensar no que Snape ou qualquer outro podia estar
aprontando.
O último exame foi de História da Magia. Uma
hora respondendo a perguntas sobre velhos bruxos
gagás que inventaram caldeirões automexíveis e
estariam livres, livres por uma semana maravilhosa até
saberem os resultados dos exames. Quando o fantasma
do Prof. Binns mandou-os descansar as penas e enrolar
os pergaminhos, Harry não pôde deixar de dar vivas
com os colegas.
- Foi muito mais fácil do que pensei - comentou
Hermione, quando eles se reuniram aos numerosos
alunos que saíam para os jardins ensolarados. - Eu nem
precisava ter aprendido o Código de Conduta do
lobisomem de 1637 nem a revolta de Elfric, o
Ambicioso.
Hermione sempre gostava de repassar as provas
depois, mas Rony disse que isso o fazia se sentir mal.
Assim, caminharam ate o lago e se sentaram à sombra
de uma árvore. Os gêmeos Weasley e Lino Jordan
faziam cócegas nos tentáculos de uma lula gigantes,
que tomava sol na água mais rasa.
- Acabaram-se as revisões - suspirou Rony,
contente, esticando-se na grama. - Você podia fazer
uma cara mais alegre, Harry; temos uma semana inteira
até descobrir se nos demos mal, não precisa se
preocupar agora.
Harry esfregava a testa.
- Eu gostaria de saber o que significa isso! -
explodiu aborrecido. - Minha cicatriz não para de doer,
já senti isso antes, mas nunca com tanta freqüência.
- Procure Madame Pomfrey - sugeriu Hermione.
- Eu não estou doente - respondeu Harry. - Acho
que é um aviso... significa que o perigo está se
aproximando...
Rony não conseguiu se preocupar, estava quente
demais.
- Harry; relaxe. Hermione tem razão, a Pedra está
segura enquanto Dumbledore estiver por aqui. Em todo
o caso, nunca encontramos nenhuma prova de que
Snape tenha descoberto como passar por Fofo. Ele
quase teve a perna arrancada uma vez, não vai tentar
outra tão cedo. E Neville vai jogar quadribol na equipe
da Inglaterra antes que Hagrid traia Dumbledore.
Harry concordou, mas não conseguiu se livrar da
sensação que o atormentava de que esquecera de fazer
alguma coisa, algo importante. Quando tentou explicar
o que sentia, Hermione disse:
- Isso são os exames. Acordei a noite passada e já
tinha lido metade dos meus apontamentos sobre
Transfiguração quando me lembrei que já tínhamos
feito a prova.
Harry tinha certeza de que a sensação de
inquietude não tinha nada a ver com os estudos.
Acompanhou com os olhos uma coruja planar pelo céu
azul em direção à escola, urna carta no bico. Hagrid era
o único que lhe mandava cartas. Hagrid jamais trairia
Dumbledore. Hagrid jamais contaria a ninguém como
passar por Fofo... jamais... mas...
Harry pôs-se de pé de um salto.
- Onde é que você está indo? - perguntou Rony
sonolento.
- Acabei de me lembrar de uma coisa. - Estava
branco - Temos que ver Rúbeo agora.
- Por quê? - ofegou Hermione, correndo para
alcançá-lo.
- Vocês não acham um pouco estranho - disse
Harry, subindo, às carreiras, a encosta gramada - que o
que Rúbeo mais quer na vida é um dragão, e aparece
um estranho que por acaso tem ovos de dragão no
bolso, quando isso é contra as leis dos bruxos? Que
sorte encontrar Rúbeo, não acham? Por que não percebi
isto antes.
- Do que é que você está falando? - perguntou
Rony, mas Harry; correndo pelos jardins em direção à
floresta, não respondeu.
Hagrid estava sentado em um cadeirão na frente da
casa: tinha as pernas das calças e as mangas enroladas e
descascava ervilhas em uma grande tigela.
- Olá - disse, sorrindo - Terminaram os exames?
Têm tempo para um refresco?
- Temos, obrigado - disse Rony; mas Harry o
interrompeu.
- Não, estamos com pressa, Rúbeo, preciso lhe
perguntar uma coisa. Sabe aquela noite que você
ganhou o Norberto? Que cara tinha o estranho com
quem você jogou cartas?
- Não lembro - respondeu Hagrid com displicência
-, ele não quis tirar a capa...
Viu os três fazerem cara de espanto e ergueu as
sobrancelhas.
- Não é nada de mais, tem muita gente esquisita no
Hog's Head, o pub do povoado. Podia ser um vendedor
de dragões, não podia? Nunca vi a cara dele, ele não
tirou o capuz.
Harry se abaixou ao lado da tigela de ervilhas.
- O que foi que você conversou com ele, Rúbeo?
Chegou a mencionar Hogwarts?
- talvez - disse Hagrid, franzindo a testa, tentando
se lembrar - E... ele me perguntou o que eu fazia e eu
respondi que era guarda-caça aqui... Depois perguntou
de que tipo de bichos eu cuidava... então eu disse... e
disse também que o que sempre quis ter foi um
dragão... então... não me lembro muito bem... porque
ele não parava de pagar bebidas para mim.., Deixa eu
ver.. ah, sim, então ele disse que tinha um ovo de
dragão, e que podíamos disputá-lo num jogo de cartas
se eu quisesse... mas precisava ter certeza de que eu
podia cuidar do bicho, não queria que ele fosse parar
num asilo de velhos... Então respondi que depois do
Fofo, um dragão seria moleza...
- E ele pareceu interessado no Fofo? - perguntou
Harry, tentando manter a voz calma.
- Bom... pareceu... quantos cachorros de três
cabeças a pessoa encontra por ai, mesmo em
Hogwarts? Então contei a ele que Fofo é uma doçura se
a pessoa sabe como acalmá-lo, é só tocar um pouco de
música e ele cai no sono...
Hagrid, de repente, fez cara de horrorizado.
- Eu não devia ter-lhe dito isto! - exclamou. -
Esqueçam que eu disse isto! Ei, aonde é que vocês
vão?
Harry, Rony e Hermione não se falaram até parar
no saguão de entrada, que parecia muito frio e sombrio
depois da caminhada pelos jardins.
- Temos de procurar Dumbledore - falou Harry -
Rúbeo contou àquele estranho como passar por Fofo e
quem estava debaixo daquela capa era ou o Snape ou o
Voldemort, deve ter sido fácil, depois que embebedou
Rúbeo. Só espero que Dumbledore acredite na gente.
Firenze talvez confirme, se Agotuo não o impedir.
Onde é a sala de Dumbledore?
Eles olharam a toda volta, na esperança de ver uma
placa apontando a direção certa. Nunca alguém lhes
havia dito onde trabalhava Dumbledore, tampouco
conheciam alguém que tivesse sido mandado à sala
dele.
- Acho que teremos de... - começou Harry, mas
inesperadamente ouviram uma voz do outro lado do
saguão.
- Que é que vocês estão fazendo aqui dentro?
Era a Profa. Minerva McConagall, carregando uma
pilha de livros.
- Queremos ver o Prof. Dumbledore - disse
Hermione enchendo-se de coragem, pensaram Harry e
Rony.
- Ver o Prof. Dumbledore? - a Profa. Minerva
repetiu, como se isso fosse uma coisa muito suspeita
para alguém querer fazer - Por quê?
Harry engoliu em seco - e agora?
- É uma espécie de segredo - disse, mas desejou na
mesma hora que não tivesse dito, porque as narinas da
Profa. Minerva se alargaram
- O Prof. Dumbledore saiu faz dez minutos -
informou ela secamente - Recebeu uma coruja urgente
do Ministro da Magia e partiu em seguida para
Londres.
- Ele
saiu?
- exclamou Harry frenético - Agora?
- O Prol Dumbledore é um grande mago, Potter, o
tempo dele é muito solicitado.
- Mas é importante.
- Alguma coisa que você tenha a dizer e mais
importante do que o Ministro da Magia, Potter?
- Olhe - disse Harry, mandando a cautela às favas -
, professora... é sobre a Pedra Filosofal...
Seja o que for que a Profa. Minerva esperava,
certamente não era isso. Os livros que levava
despencaram dos seus braços mas ela não os apanhou.
Como é que vocês sabem? - deixou escapar
- Professora, acho... que Sn...que alguém vai tentar
roubar a pedra. Preciso falar com o Prol Dumbledore.
Ela o olhou com uma mescla de choque e
desconfiança.
- O Prol Dumbledore volta amanhã - disse
finalmente. - Não sei como descobriu sobre a Pedra,
mas fique tranqüilo, não é possível ninguém roubá-la,
está muitíssimo bem protegida.
- Mas, professora...
- Potter, sei do que estou falando. - Curvou-se e
recolheu os livros caídos - Sugiro que vocês voltem
para fora e aproveitem o sol.
Mas eles não voltaram.
- É hoje à noite - disse Harry, quando teve certeza
de que a Prof. Minerva não podia mais ouvi-los. -
Snape vai entrar no alçapão hoje à noite. Ele já
descobriu tudo o que precisa e agora tirou Dumbledore
do caminho. Foi ele quem mandou aquela carta, aposto
que o Ministro da Magia vai levar um choque quando
Dumbledore aparecer.
- Mas o que é que podemos..
Hermione perdeu a fala. Harry e Rony se viraram,
Snape estava parado ali,
- Boa tarde - disse com suavidade.
Eles o encararam.
- Vocês não deviam estar dentro do castelo num
dia como este - falou com um sorriso estranho e torto.
- Estávamos,.. - começou Harry; sem fizer idéia do
que ia dizer.
- Vocês precisam ter mais cuidado. Andando por
aqui assim, as pessoas vão pensar que estão armando
alguma coisa. E Grifinória realmente não pode se dar
ao luxo de perder mais nenhum ponto, não é mesmo?
Harry corou. Viraram-se para sair, mas Snape os
chamou de volta.
- E fique avisado, Potter, se ficar perambulando
outra vez à noite, vou providenciar pessoalmente para
que seja expulso. Bom dia para vocês.
E saiu em direção à sala de professores
Lá fora, nos degraus de pedra, Harry virou-se para
os outros.
- Certo, isto é o que vamos fazer - cochichou com
urgência.
- Um de nós tem que ficar de olho no Snape,
esperar do lado de fora da sala de professores e seguilo
se ele sair. Hermione, é melhor você fazer isso,
- Por que eu?
E óbvio - disse Rony. - Você pode fingir que está
esperando pelo Prof. Flitwick, sabe, como e, - E
fazendo voz de falsete:
- "Ah, Prof. Flitwick. Estou tão preocupada, acho
que errei a questão catorze b..."
- Ah, cala a boca - disse Hermione, mas concordou
em vigiar Snape.
- E é melhor ficarmos no corredor do terceiro
andar - disse Harry a Rony - Vamos
Mas aquela parte do plano não funcionou. Assim
que chegaram a porta que separava Fofo do resto da
escola, a Profa. Minerva apareceu de novo, e desta vez
perdeu as estribeiras.
- Suponho que você ache que é mais difícil alguém
passar por você do que por um pacote de feitiços! -
esbravejou. - Chega de bobagens! E se eu souber que
você voltou aqui outra vez, vou descontar mais
cinqüenta pontos de Grifinória! É, Weasley; da minha
própria casa!
Harry, e Rony voltaram à sala comunal. Harry
acabara de dizer "pelo menos Hermione está na cola de
Snape", quando o retrato da Mulher Gorda se abriu e
Hermione entrou.
- Sinto muito, Harry - lamentou-se. - Snape saiu e
me perguntou o que eu estava fazendo, então disse que
estava esperando Flitwick, e Snape foi buscá-lo, e me
mandei, não sei aonde ele foi.
- Bom, então acabou-se, não é? - disse Harry.
Os outros dois olharam para ele. Estava pálido e
seus olhos brilhavam.
- Vou sair daqui hoje à noite e vou tentar apanhar a
Pedra primeiro.
- Você ficou maluco! - exclamou Rony
- Você não pode! - disse Hermione - Depois do
que a Profa. Minerva e Snape disseram? Vai ser
expulso!
- E DAÍ? - gritou Harry - Vocês não percebem? Se
Snape apanhar a pedra, Voldemort vai voltar! Vocês
não ouviram contar como era quando ele estava
tentando conquistar o poder? Não vai haver Hogwarts
para nos expulsar! Ele vai arrasar Hogwarts, ou vai
transformá-la numa escola de magia negra! Perder
pontos não
importa mais, vocês não entendem? Acham que
ele vai deixar vocês e suas famílias em paz, se
Grifinória ganhar o campeonato das casas? Se eu for
pego antes de conseguir a pedra, bem, vou ter que
voltar para os Dursley e esperar Voldemort me
encontrar lá. E só uma questão de morrer um
pouquinho depois do que teria morrido, porque eu
nunca vou me aliar aos partidários da magia negra!
Vou entrar naquele alçapão hoje à noite e nada que
vocês dois disserem vai me impedir! Voldemort matou
meus pais, estão lembrados?
E olhou zangado para eles.
- Você tem razão, Harry disse Hermione com uma
vozinha fraca.
- Vou usar a capa da invisibilidade, foi uma sorte
tê-la recuperado.
- Mas ela dá para esconder nós três? perguntou
Rony>
- Nós... nós três?
- Ah, corta essa, você não acha que vamos deixar
você ir sozinho?
- Claro que não - disse Hermione com energia. -
Como acha que vai chegar à Pedra sem nós? E melhor
eu dar uma olhada nós meus livros, talvez encontre
alguma coisa útil.
- Mas se formos pegos, vocês dois vão ser
expulsos também.
- Não se eu puder evitar - disse Hermione séria. -
Flitwick me disse em segredo que tirei cento e vinte
por cento no exame. Não vão me expulsar depois disso.
Depois do jantar os três se sentaram, nervosos, a
um canto do salão comunal. Ninguém os incomodou;
afinal nenhum aluno de Grifinória tinha mais nada a
dizer a Harry. Esta era a primeira noite que isto não o
incomodava. Hermione folheava seus apontamentos,
esperando encontrar um dos feitiços que queriam 
anular. Harry e Rony não falavam muito. Pensavam no
que estavam prestes a fazer .
A
sala foi-se esvaziando, à medida que
as pessoas iam se deitar.
- É melhor apanhar a capa - murmurou .Rony,
quando Lino
Jordan finalmente saiu, se espreguiçando e bocejando.
Harry correu até o dormitório às escuras. Puxou a capa
e então seus olhos bateram na flauta que Hagrid lhe
dera no Natal. Meteu-a no bolso para usá-la em Fofo -
não se sentia muito animado a cantar.
E correu de volta ao salão comunal.
- É melhor vestirmos a capa aqui para ter certeza
de que cobre nós três se Filch vir os pés da gente
andando sozinhos.
- O que é que vocês estão fazendo? - perguntou
uma voz a um canto da sala. Neville saiu de trás de
uma poltrona, agarrando Trevo, o sapo, que parecia ter
feito uma nova tentativa para ganhar a liberdade.
- Nada, Neville, nada - respondeu Harry;
escondendo depressa a capa às costas
Neville olhou bem para aquelas caras cheias de
culpa.
- Vocês vão sair outra vez.
- Não, não, não - disse Hermione. - Não vamos,
não. Por que você não vai se deitar, Neville?
Harry olhou para o relógio de parede junto à porta.
Não podiam se dar ao luxo de perder mais tempo,
Snape talvez estivesse naquele instante mesmo tocando
para adormecer Fofo.
- Vocês não podem sair - disse Neville -, vocês
vão
ser pegos outra vez. Grifinória vai ficar ainda mais
enrolada.- Você não compreende - disse Harry - isto é
importante.
Mas Neville estava claramente tomando coragem
para fazer alguma coisa desesperada.
- Não vou deixar vocês irem - disse, correndo a se
postar diante do buraco do retrato. - Eu... eu vou brigar
com vocês.
- Neville - explodiu Rony -, se afaste desse buraco
e não banque o idiota...
- Não me chame de idiota! Acho que você não
devia estar desrespeitando mais regulamentos! E foi
você quem me disse para enfrentar as pessoas!
- Foi, mas não
nós -
respondeu Rony exasperado. -
Neville, você não sabe o que está fazendo.
Ele deu um passo à frente e Neville largou Trevo,
o sapo, que desapareceu de vista.
Vem, então, tenta me bater! - disse Neville,
erguendo os punhos. - Estou esperando!
Harry voltou-se para Hermione.
- Faz
alguma coisa-
pediu desesperado.
Hermione se adiantou,
- Neville - disse ela -, eu realmente lamento muito.
Ela ergueu a varinha.
- Petrificus Totalus!-
falou, apontando para
Neville.
Os braços de Neville grudaram dos lados do corpo.
As pernas se juntaram. Com o corpo inteiro rígido, ele
balançou no mesmo lugar e, em seguida, caiu de cara
no chão, duro como uma pedra.
Hermione correu para desvirá-lo. Os maxilares de
Neville estavam trancados de modo que ele não podia
falar. Somente os olhos se moviam, mirando-os
aterrorizados.
- O que
foi
que você fez com ele? - sussurrou
Harry.
- O Feitiço do Corpo Preso - respondeu Hermione
infeliz. - Ah; Neville, me desculpe.
- Tivemos de fazer isso, Neville, não temos tempo
para explicar- disse Harry.
- Você vai entender mais tarde - disse Rony,
enquanto passavam por cima dele e se envolviam na
capa da invisibilidade.
Mas deixar Neville deitado imóvel no chão não
parecia um bom presságio. No estado de nervosismo
em que estavam, cada sombra de estátua lembrava
Filch, cada sopro distante do vento parecia o Pirraça
assombrando-os.
Ao pé do primeiro lance de escada, encontraram
Madame Nor-r-ra, esquivando-se sorrateira quase no
alto.
- Ah, vamos dar um pontapé nela, só desta vez -
cochichou Rony no ouvido de Harry; mas Harry
balançou a cabeça. Enquanto subiam cautelosamente
contornando a gata, Madame Nor-r-ra virou os olhos de
lanterna para eles, mas não fez nada.
Não encontraram mais ninguém até chegarem à
escada para o terceiro andar O Pirraça se balançava a
meio caminho, soltando a passadeira para as pessoas
tropeçarem.
- Quem está ai - perguntou de repente quando se
aproximaram. E apertou os olhos negros e malvados. -
Sei que está ai, mesmo que não consiga vê-lo. Você é
um vampiro, um fantasma ou um estudante nojento?
E ergueu-se no ar e flutuou, tentando ver alguém.
- Eu devia chamar o Filch, eu devia, se alguma
coisa está andando por ai invisível.
Harry teve uma idéia repentina.
- Pirraça - disse num sussurro rouco -, o barão
Sangrento tem suas razões para andar invisível.
Pirraça quase caiu, em choque. Recuperou-se a
tempo e saiu planando a trinta centímetros dos degraus.
- Desculpe, Sua Sangüinidade, Sr Barão,
cavalheiro - disse untuoso. - Falha ,minha, falha minha,
não o vi, claro que irão, o senhor está invisível. Perdoe
ao velho Pirraça essa piadinha - cavalheiro.
- Tenho negócios a tratar aqui, Pirraça - cochichou
Harry - Fique longe deste lugar hoje à noite.
- Vou ficar, cavalheiro, pode ter certeza de que vou
ficar - prometeu o Pirraça, erguendo-se no ar outra vez.
- Espeto que os seus negócios corram bem, Barão, não
vou perturbá-lo.
E, partiu ligeirinho.
-
Genial
Harry! -- cochichou Rony;
Alguns segundos depois, estavam lá, no corredor
do terceiro andar - e a porta já fora aberta.
- Bom, aqui estamos - disse Harry baixinho. -
Snape já passou por Fofo.
A visão da porta aberta por alguma razão parecia
causar neles a impressão do que os aguardava. Debaixo
da capa, Harry se virou para os outros dois.
- Se vocês quiserem voltar, não vou culpá-los.
Podem levar a capa, não vou precisar dela agora.
- Não seja burro - respondeu Rony.
- Vamos com você - disse Hermione.
Harry empurrou a porta.
Quando a porta rangeu baixinho, chegaram aos
seus ouvidos rosnados surdos. Os três focinhos do
cachorro farejaram furiosamente em sua direção ainda
que o bicho não pudesse vê-los.
- O que é isso nos pés dele? - sussurrou Hermione.
- Parece uma harpa - respondeu Rony. - Snape
deve tê-la deixado ai.
Ele acorda no momento que se deixa de tocar disse
Harry. Bom, aqui vai...
Levou a flauta de Hagrid aos lábios e soprou. Não
era realmente uma música, mas as primeiras notas os
olhos da fera começaram a se fechar. Harry nem
chegou a tomar fôlego. Lentamente, os rosnados do
cachorro cessaram ele balançou nas patas e caiu de
joelhos, depois estirou-se no chão, completamente
adormecido.
Continue tocando - Rony preveniu a Harry
enquanto saiam de baixo da capa e deslizavam para o
alçapão. Sentiram o bafo quente e fedorento do
cachorro ao se aproximarem de suas cabeçorras.
- Acho que vamos conseguir abrir a porta - disse
Rony, espiando por cima do dorso do cachorro. - Quer
entrar primeiro, Hermione?
- Não, eu não!
- Tudo bem - Rony cerrou os dentes e passou com
cautela pelas pernas do cachorro. E abaixando-se
puxou o anel do alçapão, que se abriu.
- O que é que você está vendo? - perguntou
Hermione, ansiosa.
- Nada... só escuridão... não tem como descer,
teremos que nos jogar.
Harry, que continuava a tocar a flauta, fez sinal
para atrair a atenção de Rony e apontou para si mesmo.
- Você quer ir primeiro? Tem certeza? - disse
Rony; - Não sei qual é a profundidade dessa coisa. Dá a
flauta para Hermione manter Fofo adormecido.
Harry passou a flauta a ela. Naqueles minutinhos
de silêncio, o cachorro rosnou e se mexeu, mas no
instante que Hermione começou a tocar, ele tornou a
cair em sono profundo.
Harry passou por cima de Fofo e espiou pelo
alçapão. Não viu nem sinal de fundo..
Baixou o corpo pelo buraco até ficar pendurado
pelas pontas dos dedos, Então olhou para Rony no alto
e disse:
- Se alguma coisa acontecer comigo, não me siga.
Vá direto ao corujal e mande Edwiges ao Dumbledore,
certo?
- Certo.
Vejo você daqui a pouco, espero...
E Harry soltou os dedos. Um vento frio e úmido
passou rápido por ele, que foi caindo, caindo, caindo e..
Pam. Com um baque engraçado e surdo ele bateu
em alguma coisa macia. Sentou-se e apalpou à volta, os
olhos desacostumados à escuridão. Parecia que estava
sentado em uma espécie de planta.
- Tudo bem! - gritou para a claridade do tamanho
de um selo lá no alto, que era o alçapão aberto. -
A
queda é macia pode pular!
Rony seguiu-o imediatamente. Caiu esparramado
ao lado de Harry;
- O que é isso? - foram suas primeiras palavras.
- Sei lá, uma espécie de planta. Suponho que esteja
aqui para amortecer a queda. Venha, Hermione!
A música distante parou. Ouviu-se um latido alto
do cachorro, mas Hermione já pulara. Ela caiu do outro
lado de Harry;
- Devemos estar a quilômetros abaixo da escola -
comentou.
- É realmente uma sorte que esta planta esteja aqui
- disse Rony.
-
Sorte!
- gritou Hermione. - Olhem só para vocês
dois.
Ela se levantou de um salto e lutou para chegar à
parede úmida. Teve de lutar porque, no momento em
que chegou ao fundo, a planta começou a se enroscar
como as gavinhas de uma trepadeira em volta dos seus
tornozelo. Quanto a Harry e Rony; suas pernas já
tinham sido bem atadas por longos galhos sem que eles
284
notassem.
Hermione conseguira se desvencilhar antes que a
planta a agarrasse para valer Agora observava
horrorizada os dois meninos lutarem para se livrar da
planta, mas quanto mais se esforçavam, mais depressa
e mais firme a planta se enrolava neles.
- Parem de se mexer! - mandou Hermione. - Seio
que é isso. É visgo do diabo!
- Ah, fico tão contente que você saiba como se
chama, é unia grande ajuda - resmungou Rony;
tentando impedir que a planta se enroscasse em seu
pescoço.
- Cala a boca, estou tentando me lembrar como
matá-la! disse Hermione.
- Bom, anda logo, não consigo respirar! ofegava
Harry; lutando com a planta que se enroscava em torno
de seu peito.
Visgo do diabo, visgo do diabo... o que foi que o
professor Sprout disse? Gosta da umidade e da
escuridão...
- Então acenda um fogo! - engasgou-se Harry
- É... é claro... mas não tem madeira... - lamentouse
Hermione, torcendo as mãos.
- VOCÊ ENLOUQUECEU? - berrou Rony; -
VOCÊ É UMA BRUXA OU NÃO É?
- Ah, certo! - disse Hermione e, puxando a varinha,
sacudiu-a, murmurou alguma coisa e despachou um
jato daquelas chamas azuis que usara em Snape contra
as plantas. Em questão de segundos, os dois meninos
sentiram a planta afrouxar e se encolher para longe da
luz e do calor Torcendo-se, ela se desenrolou dos
corpos dos meninos, que puderam se levantar.
- Que sorte que você presta atenção às aulas de
Herbologia, Hermione - disse Harry; quando se juntou
a ela ao pé da parede, enxugando o suor do rosto.
E - comentou Rony -, e que sorte que Harry não
perde a cabeça numa crise, "não tem madeira",
francamente..
- Por ali - disse Harry; apontando um corredor de
pedra que era o único caminho que havia.
Só o que podiam ouvir além de seus passos eram
os pingos abafados da água que escorria pela parede. O
corredor começou a descer e Harry se lembrou de
Gringotes. Com um sobressalto, lembrou-se dos
dragões que, segundo diziam, guardavam os cofresfortes
no banco dos bruxos. Se topassem com um
dragão, um dragão adulto... Norberto já fora bastante
ruim.
- Você está ouvindo alguma coisa? Rony
cochichou.
Harry apurou os ouvidos. Um farfalhar
acompanhado de ruído metálico parecia vir de um
ponto mais adiante.
- Você acha que é um fantasma?
Não sei.. para mim parecem asas.
- Há luz à frente, estou vendo alguma coisa se
mexendo.
Chegaram ao fim do corredor e depararam com
uma câmara muito iluminada, o teto abobadado no alto.
Era cheia de passarinhos, brilhantes como jóias, que
esvoaçavam e colidiam pelo aposento Do lado oposto
da câmara havia uma pesada porta de madeira.
Você acha que nos atacarão se atravessarmos a
câmara? - perguntou Rony.
- Provavelmente - respondeu Harry; - Eles não
parecem muito bravos, mas suponho que se todos
mergulhassem ao mesmo tempo... Bom, não tem
remédio... vou correr
Tomou fôlego, cobriu o tosto com os braços e
atravessou a câmara correndo. Esperava sentir bicos
afiados e garras atacando-o a qualquer minuto, mas
nada aconteceu. Alcançou a porta incólume. Baixou a
maçaneta, mas a porta estava trancada.
Os outros dois o seguiram. Fizeram força para
abrir a porta, mas ela nem sequer se moveu, nem
mesmo quando Hermione experimentou o seu feitiço
de Alorromora.
- E agora? - perguntou Rony.
- Esses pássaros... não podem estar aqui só para
enfeitar - disse Hermione.
Eles observaram os pássaros voando no alto,
brilhando -
brilhado?
- Eles não são pássaros! - Harry exclamou de
repente. - São
chaves!
Chaves aladas, olhe com
atenção. Então isso deve querer dizer.. - e olhou à volta
da câmara enquanto os outros dois apertavam os olhos
para enxergar o bando de chaves no alto - olhe!
Vassouras! Temos que apanhar a chave da porta.
Mas eram
centenas!
Rony examinou a fechadura.
- Estamos procurando uma chave bem grande e
antiga, provavelmente de prata, como a maçaneta.
Cada um apanhou uma vassoura e deu impulso no
ar, mirando o meio da nuvem de chaves. Tentaram
agarrá-las mas as chaves encantadas fugiam e
mergulhavam tão rápido que era quase impossível
apanhar uma.
Mas não era à toa que Harry era o mais jovem
apanhador do século. Tinha um jeito para localizar
coisas que os outros não tinham. Depois de um minuto
trançando pelo redemoinho de penas, ele notou uma
chave grande de prata que tinha uma asa dobrada,
como se já tivesse sido apanhada e enfiada de qualquer
jeito na fechadura.
- Aquela ali! - gritou para os outro - Aquela
grandona... ali... não... lá... com as asas azul-forte. As
penas estão todas amassadas de um lado.
Rony precipitou-se na direção que Harry apontava,
bateu no teto e quase caiu da vassoura.
- Temos que cercá-la! - gritou Harry, sem tirar os
olhos da chave com a asa danificada. - Rony, você
cerca por cima. Hermione, fica embaixo e não deixa ela
descer, e eu vou tentar pegar. Certo, AGORA!
Rony mergulhou, Hermione disparou para o alto, a
chave desviou-se dos dois e Harry partiu atrás dela; a
chave correu para a parede, Harry se curvou para a
frente e, com uma pancada feia, prendeu-a contra a
pedra com a mão. Os vivas de Rony e Hermione
ecoaram pela câmara.
Eles pousaram em seguida e Harry correu para a
porta, a chave a se debater em sua mão. Enfiou-a na
fechadura e virou-a - deu certo. No instante em que
ouviram o barulho da lingüeta se abrindo, a chave
tomou a alçar vôo, parecendo agora muito maltratada
depois de ter sido apanhada duas vezes.
- Estão prontos? - Harry perguntou aos dois, a mão
na maçaneta da porta. Eles fizeram um sinal afirmativo
com a cabeça. Ele escancarou a porta.
A câmara seguinte era tão escura que não dava
para ver absolutamente nada. Mas, ao entrarem nela, a
luz inesperadamente inundou o aposento, revelando
uma cena surpreendente.
Estavam parados na borda de um enorme tabuleiro
de xadrez atrás das peças pretas, que eram todas mais
altas do que eles e talhadas em um material que parecia
pedra. De frente para eles, do outro lado da câmara,
estavam dispostas as peças brancas. Harry, Rony e
Hermione sentiram um leve arrepio - as peças brancas
e altas não tinham feições.
- Agora o que vamos fazer? - sussurrou Harry
- E óbvio, não é? - falou Rony. - Temos que jogar
para chegar ao outro lado da câmara.
Por trás das peças brancas eles podiam ver outra
porta.
Como? - perguntou Hermione, nervosa.
Acho que vamos ter que virar peças.
Ele se dirigiu a um cavalo preto e esticou a mão
para tocar seu cavaleiro. No mesmo instante, a pedra
ganhou vida. O cavalo pateou o tabuleiro e seu
cavaleiro virou a cabeça protegida por um elmo pata
olhar Rony;
- Temos que nos unir a vocês para chegar ao outro
lado?
O cavaleiro preto confirmou com a cabeça. Rony
virou-se para os outros
dois.
- Isto exige reflexão disse. - Suponho que a gente
tenha que tomar o lugar de três peças pretas...
Harry e Hermione ficaram quietos, observando
Rony refletiu Finalmente ele disse:
- Agora não vão se ofender, mas nenhum dos dois
é tão bom assim em xadrez...
- Não estamos ofendidos - interrompeu Harry
depressa - Diga o que vamos fazer
- Bom, Harry; você toma o lugar daquele bispo e,
Hermione, você fica ao lado dele substituindo a torre.
- E você?
- Vou ser o cavaleiro.
As peças pareciam estar escutando, porque ao
ouvir isso um cavaleiro, um bispo e uma torre deram as
costas às peças brancas e saíram do tabuleiro, deixando
três casas vazias, que Harry, Rony e Hermione
ocuparam.
- No xadrez as brancas sempre jogam primeiro -
explicou Rony, observando o tabuleiro. - É... olhem...
Um peão branco avançara duas casas.
Rony começou a comandar as peças pretas. Elas se
mexiam em silêncio indo aonde eram mandadas. Os
joelhos de Harry tremiam. E se perdessem?
- Harry; ande quatro casas para a direita em
diagonal.
O primeiro choque de verdade que levaram foi
quando o outro cavalo foi comido. A rainha branca
esmagou-o no chão e arrastou-o para fora do tabuleiro,
onde ele ficou deitado imóvel, de borco no chão.
Eu tinha que deixar isso acontecer - disse Rony,
parecendo abalado. - Assim você fica livre para comer
aquele bispo, Hermione, ande.
Todas as vezes que eles perdiam uma peça, as
peças brancas não mostravam piedade. Dali a pouco
havia uma coleção de peças pretas inermes encostadas
à parede. Duas vezes, Rony reparou, em cima do lance,
que Harry e Hermione estavam em perigo. Ele próprio
disparou pelo tabuleiro comendo quase tantas peças
brancas quanto as pretas que haviam perdido.
- Estamos quase chegando - murmurou de repente.
- Me deixem pensar... me deixem pensar...
A rainha branca virou o rosto vazio para ele.
- E... - continuou ele baixinho -, é o jeito... Preciso
me sacrificar.
- Não! - Harry e Hermione gritaram.
- Isto é xadrez! - retorquiu Rony. - A pessoa tem
que fazer alguns sacrifícios! Dou um passo à frente e
ela me come, isso deixa você livre para dar o xequemate
no rei, Harry!
- Mas...
- Você quer deter Snape ou não?
- Rony..
- Olhe, se você não se apressar, ele lá terá
apanhado a Pedra!
Não havia opção.
- Pronto? - perguntou Rony; o rosto pálido mas
decidido. - Então vamos, agora, não se demore depois
de ganhar a partida.
Ele avançou e a rainha branca o atacou. Golpeou
Rony com força na cabeça com o braço de pedra e ele
caiu com estrondo no chão. Hermione gritou, mas
continuou parada em sua casa - a rainha branca
arrastou Rony para um lado. Ele parecia ter sido
nocauteado.
Trêmulo, Harry se deslocou três casas para a
esquerda.
O rei branco tirou a coroa e jogou-a aos pés dele.
Os meninos tinham ganhado o jogo. As peças se
afastaram para os lados e se curvaram, deixando o
caminho livre para a porta em frente. Com um último
olhar desesperado para Rony, Harry e Hermione se
precipitaram para a porta e para o corredor seguinte.
- E se ele...?
- Ele vai ficar bem - disse Harry, tentando
convencer a si mesmo. - Que é que você acha que vai
acontecer agora?
- Tivemos o feitiço de Sprout, o visgo do diabo.
Flitwick deve ter encantado as chaves. McGonagall
transfigurou as peças de xadrez para lhes dar vida.
Faltam o feitiço de Quirrell e o de Snape.
Tinham chegado à outra porta.
- Tudo bem? - cochichou Harry.
- Vamos.
Harry empurrou a porta para abri-la.
Um fedor horrível entrou por suas narinas, fazendo
os dois puxarem as vestes para cobrir o nariz, Os olhos
lacrimejando, eles viram, deitado no chão diante deles,
um trasgo ainda maior do que o que tinham enfrentado,
desacordado e com um calombo ensangüentado na
cabeça.
- Que bom que não precisamos lutar contra este ai
- sussurrou Harry; enquanto, cautelosamente, saltavam
por cima da perna maciça do trasgo. - Vamos, não
estou conseguindo respirar.
Harry abriu a porta seguinte, os dois mal se
atreviam a olhar o que vinha a seguir - mas não havia
nada muito assustador ali, apenas uma mesa e sobre ela
sete garrafas de formatos diferentes em
- É o de Snape - disse Harry. - O que temos de
fazer?
Ao cruzarem a soleira da porta, imediatamente
irromperam chamas atrás deles. E não eram chamas
comuns, tampouco; eram roxa. Ao mesmo tempo,
surgiam chamas pretas na porta adiante. Estavam
encurralados.
- Olhe! - Hermione apanhou um rolo de papel que
havia ao lado das garrafas. Harry espiou por cima do
seu ombro para ler o papel:
O perigo o aguarda à frente, a segurança ficou
atrás,
Duas de nós o ajudaremos no que quer encontrar;
Uma dos sete o deixará prosseguir;
A outra levará de volta quem a beber,
Duas de nós conterão vinho de urtigas,
Três de nós aguardam em fria para o matar;
Escolha, ou, ficará aqui para sempre,
E para ajudá-lo, lhe damos quatro pistas:
Primeira, por mais dissimulado que esteja o
veneno,
Você sempre encontrará um à esquerda do vinho
de urtigas;
Segunda, são diferentes as garrafas de cada lado,
Alas se você quiser avançar nenhuma é sua amiga;
Terceira, é visível que temos tamanhos diferentes,
Nem anã nem gigante leva a morte no bojo;
Quarta, a segunda à esquerda e a segunda á
direita 
São gêmeas ao paladar; embora diferentes a vista.
Hermione deixou escapar um grande suspiro e
Harry; perplexo, viu que ela sorria, a última coisa que
ele tinha vontade de fazer.
- Genial-
disse. - Isto não é mágica, é lógica, uma
charada, a maioria dos grandes bruxos não tem um
pingo de lógica, ficariam presos aqui para sempre.
- E nós também, não?
- Claro que não. Tudo o que precisamos esta aqui
neste papel. Sete garrafas: três contêm veneno; duas,
vinho; uma nos ajudará a passar a salvo pelas chamas
negras; e uma nos levará de volta através das chamas
roxas.
- Mas como vamos saber qual delas beber?
- Me dê um minuto.
Hermione leu o papel diversas vezes. Depois
passou em revista a fila de garrafas, para cima e para
baixo, resmungando de si para si e apontando para as
garrafas. Finalmente, bateu palmas.
- Já sei A garrafa menor nos fará atravessar as
chamas negras, rumo à pedra.
Harry mirou a garrafinha.
- Ali só tem o suficiente para um de nós. Não
chega a ter um gole.
Eles se entreolharam..
- Qual é a que a fará voltar pelas chamas roxas?
Hermione apontou para uma garrafa arredondada
na ponta direita da fila.
- Você bebe essa- disse Harry - Agora, escute,
volte e recolha o Rony; apanhe vassouras na câmara
das chaves aladas, elas levarão vocês para fora do
alçapão e por cima de Fofo. Vão direto ao corujal e
mandem Edwiges a Dumbledore, precisamos dele.
Talvez eu possa segurar Snape por algum tempo, mas
não sou páreo para ele.
- Mas
Harry;
e se Você-Sabe-Quem estiver com
ele?
- Bom... tive sorte uma vez, não tive? - falou Harry
indicando a cicatriz. - Talvez tenha sorte outra vez.
A boca de Hermione estremeceu e ela correu de
repente para Harry e o abraçou.
-
Hermione.
- Harry você é um grande bruxo, sabe?
- Não sou tão bom quanto você - disse Harry,
muito sem graça, quando ela o largou.
- Eu! livros! E inteligência! Há coisas mais 
importantes, amizade e bravura e, ah, Harry tenha
cuidado!
Você bebe primeiro - disse Harry; - Você tem
certeza de qual é qual, não tem?
- Positivo.
Ela tomou um demorado gole da garrafa
arredondada na ponta e estremeceu
- Não é veneno? - perguntou Harry ansioso.
- Não... mas parece gelo.
- Vai logo antes que o efeito passe.
- Boa sorte... cuide-se...
- VAI!
Hermione virou-se e passou direto pelas chamas
roxas.
Harry tomou fôlego e apanhou a garrafa menor de
todas. Virou-se para encarar as chamas negras.
- Aqui vou eu - disse e esvaziou a garrafinha de
um gole só.
Era na verdade como se o gelo estivesse invadindo
seu corpo. Ele deixou a garrafa na mesa e avançou;
enchendo-se de coragem, viu as chamas negras
lamberem seu corpo mas não as sentiu - por um
instante não viu nada a não ser as chamas negras -
então viu que estava do outro lado, na ultima câmara.
Havia alguém lá - mas não era Snape. Tampouco
Voldemort.

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