a mais de um metro acima da cabeça deles.
- Ah, muito bem! - exclamou o
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professor Flitwich, batendo palmas. -
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Pessoal, olhe aqui, a Hermione Granger
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Rony estava de muito mau humor
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na altura em que a aula terminou.
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- Não admira que ninguém suporte ela -
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disse a Harry quando procuravam chegar ao
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corredor. - Francamente, ela é um pesadelo.
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Alguém deu tini esbarrão em Harry ao
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passar. Era Hermione. Harry viu seu rosto
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de relance - e ficou assustado ao ver que da
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- Acho que ela ouviu o que você disse.
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- E dai! - mas pareceu meio sem graça. - Ela já
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deve ter reparado que não tem amigos.
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Hermione não apareceu na aula seguinte
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e ninguém a viu a tarde inteira.
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Ao descaem ao salão principal para a
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festa das bruxas, Harry e Rony ouviram
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Parvati contar à amiga Lilá que Hermione
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estava chorando no banheiro das meninas e
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queria que a deixassem em paz. Rony ficou
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ainda mais sem graça ao ouvir isso, mas no
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momento seguinte entraram no salão
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principal, onde as decorações
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do Dia das Bruxas tiraram Hermione de suas cabeças.
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Mil morcegos vivos esvoaçavam nas
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paredes e no teto e outros mil mergulhavam
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sobre as mesas em nuvens negras e baixa,
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fazendo dançarem as velas dentro das
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abóboras. A comida apareceu de repente nos
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pratos de ouro, como acontecera no
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banquete de abertura das aulas.
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Harry estava se servindo de urna batata assada em
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casca quando o Prof. Quirrell entrou correndo no
salão,
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o turbante torto na cabeça e o terror estampado no
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rosto. Todos olharam quando ele se aproximou da
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cadeira de Dumbledore, escorou-se na mesa e ofegou
|
- Trasgo.. nas masmorras... achei que devia lhe
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dizer Em seguida desabou no chão desmaiado. Houve
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um alvoroço. Foi preciso explodirem várias
bombinhas
da ponta da varinha do Prof. Dumbledore para as
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pessoas fazerem silêncio.
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- Monitores - disse ele com voz grave e retumbante
|
-, levem os alunos de suas casas de volta aos
|
dormitórios, imediatamente!
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- Me acompanhem! Fiquem juntos, alunos do
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primeiro ano! Não precisam ter medo do trasgo se
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seguirem as minhas ordens! Agora fiquem bem atrás de
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mim. Abram caminho para os alunos do primeiro ano
|
passarem! Com licença, sou o monitor!
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- Como é que um trasgo pode entrar? - perguntou
|
Harry enquanto subiam a escadaria.
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- Não me pergunte, dizem que eles são bem burros
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- respondeu Rony - Vai ver o Pirraça deixou ele entrar
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para pregar uma peça no Dia das Bruxas.
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Eles passaram por diferentes grupos de pessoas
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que se apressavam em diferentes direções. Enquanto
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lutavam para passar por um bolinho de alunos de
Lufalufa,
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Harry de repente agarrou o braço de Rony.
|
- Acabei de me lembrar da Hermione.
|
- Ela não sabe que tem um trasgo aqui.
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- Ah, está bem - falou ríspido. - Mas é melhor
|
Abaixando-se, eles se misturaram aos alunos de
iam na direção contrária, escapuliram por um lado
|
deserto do corredor e correram para os banheiros das
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meninas. Tinham acabado de virar um canto quando
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ouviram passos apressados atrás deles.
|
- Percy! - sibilou Rony; puxando Harry
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para trás de um enorme grifo de pedra.
|
Espiando para os lados, no entanto,
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viram não Percy mas Snape. Ele atravessou
|
o corredor e desapareceu de vista.
|
- Que é que ele está fazendo? - cochichou Harry; -
|
Por que não está lá embaixo com os outros
|
O mais silenciosamente possível, eles se
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esgueiraram pelo próximo corredor nas
|
- Ele está indo para o terceiro andar -
|
disse Harry, mas Rony levantou a mão.
- Você está sentindo um cheiro?
|
Harry fungou e um fedor horrível invadiu suas
|
narinas, uma mistura de meias velhas e banheiro
|
público que parece que nunca é limpo.
|
E em seguida ouviram - um grunhido
|
baixo e passadas de pés gigantescos. Rony
|
apontou. no fim do corredor, à esquerda,
|
alguma coisa enorme estava vindo em
|
sentido contrário. Eles se encolheram no
|
escuro e procuraram ver o que era quando a
|
coisa passou por um trecho iluminado pelo
|
Era uma visão medonha. Quase quatro
|
metros de altura, a pele cinzenta e baça, o
|
corpanzil cheio de calombos como um
|
pedregulho e uma cabecinha no alto, que
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mais parecia um coco. Tinha pernas curtas,
|
grossas como um tronco de árvore e pés
|
chatos e calosos. Segurava um enorme
|
bastão de madeira, que arrastava pelo chão,
|
porque seus braços eram compridíssimos.
|
O trasgo parou próximo a uma porta e
|
espiou para dentro. Abanou as longas
|
orelhas, tentando fazer a cabeça minúscula
|
pensar, depois entrou devagar na sala.
|
- A chave está na porta - murmurou
|
Harry - Podíamos trancá-lo lá dentro.
|
Boa idéia - concordou Rony; nervoso.
|
Eles se esgueiraram até a porta aberta, as bocas
|
secas, rezando para o trasgo não resolver sair naquele
|
instante. Com um grande salto, Harry conseguiu
|
agarrar a chave, bater a porta e trancá-la
seguramente.
|
Afogueados com a vitória, começaram a correr de
|
volta pelo corredor, mas ao chegarem num canto
|
seus corações pararem - um
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grito alto e enregelante - e vinha da sala que tinham
|
- Ah, não - exclamou Rony; pálido como o barão
|
- Vêm do banheiro das meninas.
|
Era a ultima coisa que queriam fazer, mas que
|
escolha tinham? Dando meia-volta, correram até a
|
porta e giraram a chave, atrapalhados de tanto pânico
-
|
Harry escancarou aporta e entraram correndo.
Hermione estava encolhida contra a parede oposta,
|
parecendo prestes a desmaiar. O trasgo avançava para
|
ela, derrubando as pias que estavam na parede em seu
|
- Distrai ele!- Harry pediu desesperado a Rony; e,
|
agarrando uma torneira, atirou-a com toda a força
|
contra a parede.
O trasgo parou a um metro de Hermione. Virou-se
|
com lentidão, piscando sem entender, procurou ver que
|
barulho era aquele. Seus olhinhos malvados viram
|
Harry. Ele hesitou, em seguida partiu para cima de
|
Harry; erguendo o bastão.
|
- Oi cabeça de ervilha! - berrou Rony do outro lado
|
do banheiro, e atirou contra ele um cano de metal. O
|
trasgo nem pareceu sentir o cano bater no seu ombro,
|
mas ouviu o berro e parou outra vez, virando o focinho
|
feio para Rony; e dando a Harry tempo para correrem
|
- Vamos, corra, corra!- Harry gritou para
|
Hermione, tentando puxá-la na direção da porta, mas
|
ela não conseguia se mexer, continuava achatada contra
|
a parede, a boca aberta de terror.
|
Os gritos e os ecos pareciam estar deixando o
|
trasgo enlouquecido. Ele rugiu de novo e avançou para
|
Rony; que estava mais perto e não tinha jeito de
|
Harry então fez uma coisa que era ao mesmo
|
corajosa e muito idiota: tomou impulso e deu um salto
|
conseguindo abraçar o pescoço do trasgo pelas costas.
|
O trasgo não sentiu Harry pendurar-se ali, mas até um
|
trasgo percebe quando se espeta um pedaço comprido
|
de pau dentro da narina, e a varinha de Harry ainda
|
estava na mão quando ele saltou e entrou direto na
|
Urrando de dor, o trasgo se virou e brandiu o
|
bastão, enquanto Harry continuava agarrado nele
|
tentando escapar da morte; a qualquer instante, o
trasgo
|
ia arrancá-lo do pescoço ou dar-lhe uma tremenda
|
Hermione afundara no chão de tanto medo; Rony
|
puxou a própria varinha sem saber o que ia fazer,
|
ouviu-se gritando o primeiro feitiço que e veio a
|
Na mesma hora o bastão voou da mão do trasgo,
ergueu-se no ar, foi subindo, subindo, virou-se
|
lentamente e caiu, com um barulho feio, na cabeça do
|
seu dono. O trasgo cambaleou e, em seguida, caiu de
|
cara no chão, com um baque que fez o banheiro todo
|
Harry se levantou. Tremia sem fôlego. Rony
|
continuava parado com a varinha no ar, espantado
|
Foi Hermione quem falou primeiro.
|
Acho que não respondeu Harry. Acho que só
|
Ele se abaixou e puxou a varinha da narina do
|
trasgo. Estava suja de uma coisa que parecia uma cola
|
- Eca... meleca de trasgo.
|
E limpou a varinha nas calças do trasgo.
|
De repente o barulho de portas batendo e passos
|
pesados fizeram os três erguerem a cabeça. Não
|
haviam percebido a confusão que tinham aprontado,
|
mas com certeza alguém lá embaixo ouvira a
|
pancadaria e os urros do trasgo. Um instante depois a
|
Profa. Minerva adentrou o banheiro, seguida de perto
|
por Filch e Quirrell, que fechava a fila. Quirrell deu
|
uma espiada no trasgo, soltou um gemidinho e sentouse
|
depressa em um vaso sanitário, apertando o peito.
|
Filch debruçou-se sobre o trasgo. A Profa.
|
o para Rony e Harry. Harry nunca a vira tão zangada
Seus
|
lábios estavam brancos. A esperança de ganhar
|
cinqüenta pontos para Grifinória desapareceu logo da
|
- O que é que vocês estavam pensando? perguntou
|
a Profa. Minerva, com uma fúria reprimida na voz,
|
Harry olhou para Rony, que continuava parado com a
|
varinha no ar. Vocês tiveram sorte de não serem
|
mortos. Por que é que não estão no dormitório?
|
Filch lançou a Harry um olhar rápido e penetrante.
|
Harry olhou para o chão. Desejou que Rony baixasse a
|
Então ouviu-se uma vozinha que veio das sombras.
|
- Por favor, Profa., Minerva, eles vieram me
|
Hermione conseguira finalmente se levantar.
|
- Sai procurando o trasgo porque achei que podia
enfrentá-lo sozinha. Sabe, já li tudo sobre trasgos.
|
Rony deixou a varinha cair. Hermione Granger,
|
contando uma mentira deslavada a um professor?
|
- Se eles não tivessem me encontrado eu estaria
|
morta agora. Harry enfiou a varinha no narina do
trasgo
|
e Rony derrubou ele com o próprio bastão. Não tiveram
|
tempo de chamar ninguém. O trasgo ia acabar comigo
|
Harry e Rony tentaram fingir que a história não era
|
- Bem... nesse caso... - disse a Profa. Minerva
|
encarando os três -, senhorita Granger, que bobagem,
|
como pôde pensar em enfrentar um trasgo montanhês
|
Hermione baixou a cabeça. Harry perdera a fala.
|
Hermione era a última pessoa do mundo que
|
desobedeceria ao regulamento e ali estava fingindo que
|
desobedecera, para tirá-los de uma enrascada. Era o
|
mesmo que o Snape começar a distribuir balinhas.
|
- Hermione Granger, Grifinória vai perder cinco
|
pontos por isso - disse a Profa. Minerva. - Estou
muito
|
desapontada. Se não estiver machucada é melhor ir
embora para a torre de Grifinória. Os alunos estão
|
acabando de festejar o Dia das Bruxas em suas casas.
|
A Profa. Minerva virou-se para Harry e Rony.
|
Bem, eu continuo achando que vocês tiveram
|
sorte, mas não há muitos alunos do primeiro ano que
|
pudessem enfrentar um trasgo montanhês adulto. Cada
|
um de vocês ganha cinco pontos para Grifinória. O
|
Prof. Dumbledore será informado. Podem ir.
|
Eles saíram depressa do banheiro e não
|
falaram nada até subirem dois andares. Foi
|
um alivio se afastarem do fedor do trasgo,
|
- Devíamos ter ganho mais de dez pontos -
|
- Cinco,. você quer dizer, depois de descontar os
|
pontos que Hermione perdeu.
|
- Foi legal ela ter-nos tirado do aperto -
|
admitiu Rony - Mas não se esqueça,
|
- Talvez ela não precisasse ser salva se não
|
tivéssemos trancado a coisa com ela - lembrou Harry.
|
Tinham chegado ao retrato da Mulher Gorda.
|
- Focinho de porco - disseram e entraram..
A sala comunal estava cheia e barulhenta. Todo o
|
mundo estava comendo o jantar que fora mandado para
|
lá. Hermione, porém, estava parada sozinha do lado da
|
porta, esperando por eles. Houve um silêncio
|
constrangido. Depois, sem se olharem, todos disseram
|
"Obrigado" e correram para apanhar os
pratos.
|
Mas daquele momento em diante, Hermione
|
Granger tornou-se amiga dos dois. Há coisas que não
|
se pode fazer junto sem acabar gostando um do outro, e
|
derrubar um trasgo montanhês de quase quatro metros
|
de altura é uma dessas coisas.
|
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