quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Harry Potter .. E a Pedra Filosofal ( Cap XI )


-Capítulo Onze -
Quadribol
Quando entrou novembro o tempo esfriou muito. As
serras em torno da escola viraram cinza-gelo e o lago
parecia metal congelado. Toda a manhã o chão se
cobria de geada. Hagrid era visto das janelas dos
andares superiores do castelo degelando vassouras no
campo de quadribol enrolado num casacão de pele de
toupeira, com luvas de coelho e enormes botas de
castor.
Começara a temporada de quadribol. No sábado,
Harry estaria jogando sua primeira partida depois de
semanas de tratamento: Grifinória contra Sonserina. Se
Grifinória ganhasse, subiria. para o segundo lugar no
campeonato das casas.
Quase ninguém vira Harry jogar porque Olívio
decidira que, sendo uma arma secreta, a participação de
Harry deveria ser mantida em segredo. Mas de alguma
forma a noticia de que jogaria como apanhador vazara
e Harry não sabia o que era pior se as pessoas dizerem
que ele seria brilhante ou dizerem que iriam ficar
correndo embaixo dele com um colchão.
Era realmente uma sorte que Harry agora tivesse
Herminione como amiga. Não sabia como poderia ter
dado conta dos deveres de casa sem ela, diante dos
treinos de quadribol convocados por Olívio à última
hora. Ela também lhe emprestara o livro
Quadribol através dos séculos,
que acabara
rendendo uma leitura muito interessante.

Harry aprendera que havia setecentas maneiras de
cometer faltas no quadribol e que todas haviam
ocorrido durante a copa mundial de 1473; que os
apanhadores eram em geral os jogadores menores e
mais velozes e que a maioria dos acidentes graves no
quadribol parecia acontecer com eles; que embora a
pessoas raramente morressem jogando quadribol, havia
juizes que tinham. desaparecido e reaparecido meses
depois no deserto do Saara.
Hermione tornara-se menos tensa com relação às
inflações ao regulamento desde que Harry e Rony a
tinham salvado do trasgo montanhês e se tornara uma
pessoa mais simpática. Na véspera da primeira partida
de quadribol de Harry, os três foram até a quadra
congelada durante o intervalo das aulas, e ela fizera
aparecer para eles um fogo azulado muito vivo que
podia ser levado para toda parte em um frasco de
geleia. Achavam-se parados de costas para o fogo, se
esquentando, quando Snape atravessou o pátio. Harry
reparou logo que Snape estava mancando. Harry, Rony
e Hermione se aproximaram mais para esconder o fogo
como corpo; tinham certeza de que era proibido.
Infelizmente alguma coisa em suas caras culpadas
atraiu a atenção de Snape. Ele veio mancando até onde
eles estavam. Não vira o fogo, mas parecia estar
procurando uma razão para ralhar com eles.
- Que é que você tem aí, Potter?
Era
o Quadribol através dos séculos.
Harry
mostrou-o.
- Os livros da biblioteca não podem ser levados
para fora da escola - falou Snape. - Me dê aqui. Menos
cinco pontos para Grifinória.
- Ele acabou de inventar essa regra - murmurou
Harry com raiva, enquanto Snape se afastava - Que
será que houve com a perna dele?
- Não sei, mas espero que esteja realmente doendo
- falou Rony com azedume.
A sala comunal da Grifinória estava
muito barulhenta aquela noite. Harry;
Rony e Hermione sentaram-se junto a
uma janela. Hermione verificava os
deveres de Harry e .Rony para a aula de
Feitiços. Ela nunca os deixava copiar
("Como é que vocês vão aprender?'),
mas ao lhe pedirem para ler os
trabalhos, eles recebiam as respostas
certas do mesmo jeito.
Harry sentia-se inquieto. Queria de volta
Quadribol através dos séculos,
para se distrair do
nervosismo que a partida do dia seguinte estava lhe
provocando. Por que deveria ter medo de Snape?
Levantou-se e disse a Rony e
Hermione que ia pedir a Snape para lhe
devolver o livro.
Antes você do que eu responderam eles juntos,
mas Harry tinha a impressão que Snape não iria recusar
se houvesse outros professores ouvindo.
Ele foi à sala dos professores e bateu à porta. Não
obteve resposta. Bateu outra vez. Nada.
Talvez Snape tivesse deixado o livro na sala? Valia
a pena tentar. Entreabriu a porta e espiou para dentro e
deparou com uma cena horrível.
Snape e Filch estavam lá dentro sozinhos. Snape
segurava as vestes acima do joelho. Uma das pernas
sangrava, lacerada. Filch entregava ataduras a Snape.
Droga dizia Snape. - Como é que se pode ficar de
olho em três cabeças ao mesmo tempo?
Harry tentou fechar a porta sem fazer barulho,
mas...
- Potter!
O rosto de Snape contorceu-se de fúria ao mesmo
tempo que ele largava as vestes para esconder a perna.
Harry engoliu em seco.
- Eu vim saber se o senhor poderia devolver o meu
livro..
- SAIA! SAIA!
Harry saiu, antes que Snape pudesse descontar
algum ponto de Grifinória. E voltou correndo para
baixo.
- Conseguiu? - perguntou Rony quando Harry se
reuniu a eles. - Que aconteceu?
Num murmúrio, Harry lhes contou o que vira.
Sabe o que isso significa? - terminou sem fôlego.-
Ele tentou passar pelo cachorro de três cabeças no Dia
das Bruxas! Era para lá que estava indo quando o
vimos. Ele quer a coisa que o cachorro está guardando!
E aposto a minha vassoura como ele deixou aquele
trasgo entrar, para distrair a atenção de todos!
Os olhos de Hermione estavam arregalados.
- Não. Ele não faria isso. Sei que ele não é muito
simpático, mas não tentaria roubar uma coisa que
Dumbledore estivesse guardando a sete chaves.
- Sinceramente, Herminione, você pensa que todos
os professores são santos ou coisa parecida - disse-lhe
Rony com rispidez. - Concordo com Harry; acho que
Snape faria qualquer coisa. Mas o que é que ele está
procurando? O que é que o cachorro está guardando?
Harry foi se deitar com a cabeça zunindo com
aquela pergunta. Neville roncava alto e Harry não
conseguia dormir. Tentou esvaziar a cabeça - precisava
dormir, tinha de dormir, ia jogar sua primeira partida
de quadribol dentro de algumas horas - mas a
expressão no rosto de Snape quando Harry vira sua
pema era difícil de esquecer.
O dia seguinte amanheceu muito claro e frio. O
salão principal estava impregnado como cheiro
delicioso de salsichas e com a conversa animada de
todos que aguardavam ansiosos uma boa partida de
quadribol.
- Você tem que comer alguma coisa.
- Não quero nada
- Só um pedacinho de torrada - tentou persuadi-lo
Hermione.
- Não estou com fome.
Harry se sentia péssimo. Dentro de uma hora
estava entrando na quadra.
- Harry, você precisa de energia - disse Simas
Finnigan - Os apanhadores são sempre os que acabam
aleijados pelo outro time.
- Obrigado Simas - respondeu Harry, observando
Simas amontoar ketchup sobre as salsichas.
Aí pelas onze horas a escola inteira parecia estar
nas arquibancadas que cercavam o campo de quadribol.
Muitos estudantes tinham levado binóculos. Os lugares
ficavam no alto mas, às vezes, ainda assim era difícil
ver o que acontecia.
Rony e Hermione se reuniram a Neville, Simas e
Dino, o fã do time de segunda divisão na fileira do alto.
Como uma surpresa para Harry eles tinham pintado
uma grande bandeira em um dos lençóis que Pereba
roera. Dizia; Potter para Presidente e Dino, que era
bom em desenho, tinha pintado o grande leão de
Grifinória embaixo. Depois Hermione apelara para um
feiticinho para fazer a tinta brilhar multicolorida.
Entrementes, nos vestiários, Harry e o restante do
time estavam vestindo as roupas vermelhas de
quadribol (Sonserina iria jogar de verde).
Olívio pigarreou pedindo silêncio.
- Muito bem, rapazes.
- E moças - acrescentou a artilheira Angelina Johnson.
- E moças - concordou Olívio. - Está na hora.
- O jogaço - disse Fred.
- O jogaço que estávamos esperando - explicou
Jorge.
- Já conhecemos o discurso de Olívio de cor -
comentou Fred para Harry. - Fizemos parte do time no
ano passado
- Calem a boca, vocês dois - mandou Olívio. - Este
é o melhor time que Grifinória já teve nos últimos
anos. Vamos vencer.
Sei que vamos
E encarou os jogadores como se dissesse "Ou vão
ver".
- Certo. Está na hora. Boa sorte para todos.
Harry acompanhou Fred e Jorge na saída do
vestiário e, esperando que seus joelhos não cedessem,
entrou na quadra debaixo de vivas.
Madame Hooch era a juíza. Estava parada no meio
da quadra espetando os dois times, de vassoura na mão.
- Quero ver um. jogo limpo meninos - disse
quando estavam. todos reunidos à sua volta. Harry
reparou que ela parecia estar falando particularmente
para o capitão de Sonserina, Marcos Flint um aluno do
quinto ano. Harry achou que Flint tinha. sangue de
trasgo. Pelo canto do olho viu a bandeira, que piscava
"Potter para Presidente" tremulando sobre as cabeças
dos espectadores Seu coração perdeu um compasso.
Ele se sentiu mais corajoso.
- Montem as vassouras, por favor
- Harry subiu na sua Nimbus 2000.
Madame Hooch puxou um silvo forte no seu
apito de prata. Quinze vassouras se ergueram no
ar. Fora. dada a partida.
"E a goles foi de pronto rebatida por Angelina
Johnson de Grifinória que ótima artilheira é essa
menina, e bonita, também."
- JORDAN!
- Desculpe professora.
O amigo dos gêmeos Weasley; Lino Jordan, estava
irradiando a partida, vigiado de perto pela Profa.
Minerva.
"Ela está realmente jogando com força total, um
passe lindo para Alicia Spinnet, um bom achado de
Olívio Wood, no ano passado ficou no time de reserva
- de volta a Johnson e.. não, Sonserina tomou a goles, o
capitão de Sonserina rouba a goles e sai correndo -
Marcos está voando corno uma águia lá no alto - ele
vai mar.. não, foi impedido por uma excelente
intervenção do goleiro de Grifinória, Olívio, e
Grifinória fica com a goles - no lance a artilheira Cátia
Bell de Grifinória, dá um belo mergulho em volta de
Marcos e sobe pelo campo e - AI - essa deve ter doído,
ela levou um balaço na nuca - perdeu a goles para
Sonserina - agora Adriano Pucey corre na direção do
gol mas é bloqueado por um segundo balaço -
arremessado por Fred ou Jorge Weasley; é difícil dizer
qual dos dois - em todo o caso uma boa jogada do
batedor de Grifinória, e Johnson tem outra vez aposse
da goles, o caminho está livre à sua frente e lá vai ela -
realmente voando - desvia-se de um balaço veloz - as
balizas estão à sua frente - vamos agora, Angelina - o
goleiro Bletchley mergulha - não chega em tempo -
PONTO
PARA
GRIFINÓRIA!"
A torcida de Grifinória enche de berros o ar frio, e
a torcida de Sonserina, de lamentos.
- Cheguem para lá, vamos.
- Rúbeo!
Rony e Hermione se apertaram para abrir espaço
para Hagrid se sentar com eles.
- Estive assistindo da minha casa - disse Hagrid,
indicando um grande binóculo pendurado ao pescoço.
Mas não é a mesma coisa que assistir no meio da
multidão. Nem sinal do pomo ainda, não é?
- Não - respondeu Rony. - Harry ainda não teve
muito o que fazer.
- Pelo menos não se machucou, já é alguma coisa -
disse Hagrid
levantando o binóculo e espiando o
,
pontinho que era Harry lá no céu.
Muito acima deles, Harry sob revoava o jogo,
procurando um sinal do pomo. Isto fazia parte da
estratégia montada por ele e Olívio.
- Fique fora do caminho até avistar o pomo dissera
Olívio.
- Não queremos que você seja atacado
sem necessidade.
Quando Angelina marcou
Harry tinha feito um
,
loops
para extravasar a emoção. Agora voltara a
procurar o pomo. Uma vez avistou um lampejo
dourado mas era apenas outro reflexo do relógio de um
dos gêmeos e outra vez um balaço resolveu disparar em
sua direção e mais parecia uma bala de canhão, mas
Harry se esquivou e Fred veio atrás dela.
- Tudo bem ai, Harry? - Ele tivera tempo de gritar
ao rebater o balaço com fúria na direção de Marcos
Flint.
"Sonserina de posse da goles." Lino Jordan
continua narrando. "O artilheiro Pucey se desvia de
dois balaços, dos dois Weasley, da artilheira Bell e voa
para - esperem ai - será o pomo?"
Correu um murmúrio pelas torcidas quando viram
Adriano Pucey deixar cair a goles, ocupado demais em
espiar por cima do ombro o lampejo dourado que
passara por sua orelha esquerda.
Harry viu-a. Tomado de grande agitação,
mergulhou em direção ao rastro dourado. O apanhador
de Sonserina, Terêncio Higgs, vira o pomo também.
Cabeça a cabeça, eles se precipitaram em direção ao
pomo - todos os artilheiros pareciam ter esquecido o
que deveriam fazer, pararam no ar, para observar.
Harry foi mais rápido que Terêncio - estava vendo
a bolinha redonda, as asas batendo, disparando para o
alto -, imprimiu mais velocidade...
- Ohhh! - Um rugido de raiva saiu da torcida de
Grifinória em baixo. Marcos Flint tinha bloqueado
Harry de propósito e a vassoura de Harry perdeu o
rumo, Harry segurou-se para não cair.
- Falta! - gritou a torcida de Grifinória.
Madame Hooch dirigiu-se aborrecida a Marcos e
em seguida deu a Grifinória um lance livre diante das
balizas. Mas na confusão, é claro, o pomo de ouro
desaparecera de vista outra vez.
Nas arquibancadas, Dino Thomas berrava.
- Fora com ele, juíza! Cartão vermelho!
- Isto não é futebol, Dino - lembrou Rony- Você
não pode expulsar jogador de campo no quadribol, e o
que é um cartão vermelho?
Mas Hagrid ficou do lado de Dino.
- Deviam mudar as regras, Marcos podia ter
derrubado Harry no ar.
Lino Jordan estava achando difícil se manter
neutro.
"Então - depois dessa desonestidade óbvia e
repugnante."
- Jordan! - ralhou a Profa Minerva.
"Quero dizer, depois dessa falta clara e revoltante."
- Jordan, estou lhe avisando...
"Muito bem, muito bem. Marcos quase matou o
apanhador da Grifinória, o que pode acontecer com
qualquer um, tenho certeza, portanto uma penalidade a
favor de Grifinória, Spinnet bate, para fora, sem
problema, e continuamos o jogo, Grifinória ainda com
a posse da bola."
Foi quando Harry se desviou de mais um balaço,
que passou com perigoso efeito ao lado de sua cabeça,
que a coisa aconteceu. Sua vassoura deu uma perigosa
e repentina guinada. Por uma fração de segundo ele
achou que ia cair. Segurou a vassoura com firmeza com
as duas mãos e os joelhos. Nunca sentira nada parecido
antes.
Aconteceu outra vez. Era como se a vassoura
estivesse tentando derrubá-lo. Mas uma Nimbus 2000
não decidia de repente derrubar seu cavaleiro. Harry
tentou voltar em direção às balizas de Grifinória;
tencionava avisar Olívio para pedir tempo - e então
percebeu que a vassoura se descontrolara. Não
conseguia virá-la. Mas conseguia dirigi-la. Ela
ziguezagueava pelo ar e de vez em quando fazia
movimentos bruscos que quase o desequilibravam.
Lino ainda comentava.
"Sonserina ainda com a posse - Marcos com a
goles - passa por Spinnet - por Bell - atingido no rosto
com força por um balaço, espero que tenha quebrado o
nariz - é brincadeira, professora - Sonserina marca - ah,
não."
A torcida da Sonserina vibrava. Ninguém parecia
ter notado que a vassoura de Harry estava se
comportando de maneira estranha. Carregava-o
lentamente cada vez mais alto, afastando-se do jogo
,
dando guinadas e corcoveando pelo caminho.
- Não sei o que Harry acha que está fazendo -
resmungou Hagrid. E espiou pelo binóculo. - Se eu
não entendesse da coisa, eu diria que perdeu o controle
da vassoura... mas não pode ser...
De repente, as pessoas em todas as
arquibancadas estavam apontando para Harry no alto.
Sua vassoura começara a jogar para um lado e para o
outro, e ele mal conseguia se segurar Então a multidão
gritou. A vassoura dera uma guinada violenta e Harry
desmontara. Estava agora pendurado, agüentando-se
apenas com uma mão.
Será que aconteceu alguma coisa à vassoura
quando Marcos o bloqueou? - cochichou Simas.
- Não pode ser - respondeu Hagrid, a voz trêmula.
- Nada pode interferir com uma vassoura a não ser uma
magia negra muito poderosa, nenhum garoto poderia
fazer isso com uma Nimbus 2000.
Ao ouvir isso, Herminione agarrou o binóculo de
Hagrid, mas ao invés de olhar para Harry no alto,
começou a espiar agitadíssima para a multidão.
- Que é que você está fazendo? - gemeu Rony, o
rosto branco.
- Eu sabia! - exclamou Hermione. - Snape. Olhe.
Rony agarrou o binóculo, Snape estava no centro
das arquibancadas do lado oposto. Tinha os olhos fixos
em Harry e movia os lábios sem parar.
- Ele está fazendo alguma coisa, ele está azarando
a vassoura
- disse Hermione.
- Que vamos fazer?
- Deixem comigo.
Antes que Rony pudesse dizer mais nada,
Hermione desapareceu. Rony tornou a apontar o
binóculo para Harry A vassoura vibrava com tanta
força, que era quase impossível Harry se agüentar por
muito mais tempo. A multidão se levantara,
acompanhara com os olhos, aterrorizada, os gêmeos
Weasley voaram para tentar transferir Harry a salvo
para uma de suas vassouras, mas não adiantou - toda
vez que se aproximavam dele, a vassoura subia mais
alto. Mantiveram-se em um nível mais baixo fazendo
círculos sob Harry; obviamente na esperança de aparálo
se caísse... Marcos Flint apoderou-se da goles e
marcou cinco vezes sem ninguém reparar
- Anda logo, Hermione - murmurou Rony
desesperado.
Hermione abrira caminho até a arquibancada onde
estava Snape e agora corria pela fileira atrás dele; nem
parou para pedir desculpas quando derrubou o Prof.
Quirrell de cabeça na fileira da frente Ao chegar perto
de Snape, ela se agachou puxou a varinha e disse
algumas palavras bem escolhidas. Chamas vivas e
azuladas saíram de sua varinha para a barra das vestes
de Snape.
Levou talvez uns trinta segundos para Snape
perceber que estava em chamas. Um grito súbito
confirmou que Hermione conseguira o seu intento.
Recolhendo o fogo num frasquinho que trazia no bolso
ela retrocedeu depressa pela mesma fileira - Snape
nunca saberia o que acontecera.
Foi o suficiente. No alto, Harry conseguiu de
repente voltar a montar a vassoura.
- Neville, pode olhar! - disse Rony. Neville passara
os últimos cinco minutos soluçando no casaco de
Hagrid.
Harry estava voando rápido de volta ao chão
quando a multidão o viu levar a mão à boca como se
fosse vomitar - ele pousou no campo de gatas - tossiu -
e uma coisa dourada caiu em sua mão.
- Apanhei o pomo! - gritou, mostrando-o no alto, e
o jogo terminou na mais completa confusão.
-
Ele não agarrou o pomo, ele quase o
engoliu -
continuava a esbravejar Flint vinte minutos depois, mas
não fez diferença, Harry não infringira nenhuma regra
e Lino Jordan continuava a gritar alegremente o
resultado; Grifinória ganhara por cento e setenta pontos
a sessenta. Harry porém não ouvia nada disso. Hagrid
lhe preparava no casebre uma xícara de chá forte, em
companhia de Rony e Hermione.
- Foi Snape - explicou Rony - Hermione e eu
vimos. Ele estava azarando a sua vassoura,
mur murando, não despregava os olhos de você.
- Bobagens - disse Hagrid, que não ouvira uma
única palavra do que se passara ao seu lado nas
arquibancadas. - Por que Snape faria uma coisa dessas?
Harry, Rony e Hermione se entreolharam,
imaginando o que lhe contar. Harry decidiu contar a
verdade.
- Descobri uma coisa - falou a Hagrid. - Ele tentou
passar pelo cachorro de três cabeças no Dia das Bruxas.
Levou uma mordida. Achamos que estava tentando
roubar o que o cachorro está guardando.
Hagrid deixou cairo bule de chá.
- Como é que vocês sabem da existência do Fofo?
-Fofo?
- É... é meu... comprei-o de um grego que conheci
num bar no ano passado. Emprestei-o a Dumbledore
para guardar o...
- O quê? - perguntou Harry ansioso.
- Não me pergunte mais nada - retrucou Hagrid
com impaciência. - E segredo.
- Mas Snape está tentando roubá-lo.
- Bobagens - repetiu Hagrid. - Snape é professor de
Hogwarts, não faria uma coisa dessas.
- Então por que ele tentou matar Harry? -
perguntou Hermione.
Os acontecimentos daquela tarde sem dúvida
tinham mudado a opinião dela sobre Snape.
- Eu conheço uma azaração quando vejo uma,
Rúbeo, já li tudo sobre o assunto! A pessoa precisa
manter contato visual e Snape nem ao menos piscava,
eu vi!
- Estou dizendo que vocês estão enganados! - falou
Hagrid com veemência. - Não sei por que a vassoura de
Harry estava agindo daquela forma, mas Snape não iria
tentar matar um aluno! Agora, escutem bem os três:
vocês estão se metendo em coisas que não são de sua
conta. Isto é perigoso. Esqueçam aquele cachorro e
esqueçam o que ele está guardando, isto é coisa do
Prof. Dumbledore com o Nicolau Flamel...
- Ah-ah! - exclamou Harry; - Então tem alguém
chamado Nicolau Flamel metido na jogada, é?
Hagrid parecia furioso consigo mesmo.

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