quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Harry Potter .. E a Pedra Filosofal ( Cap XVII )


CAPÍTULO DEZESSETE

O homem de duas caras

Era Quirell.
-
O senhor!-
exclamou Harry;
Quirrell sorriu. Seu tosto não tinha nenhum tique.
- Eu - disse calmamente - estive me perguntando
se encontraria você aqui, Potter.
- Mas pensei.. Snape...
- Severo? - Quirrell deu uma gargalhada e não era
aquela gargalhadinha tremida de sempre, era fria e
cortante. - E, Severo
faz
o tipo, não faz? Tão útil tê-lo
esvoaçando por ai como um morcegão. Perto dele,
quem suspeitaria do c-c-coitado do ga-gaguinho do PProf.
Quirrell?
Harry não conseguia assimilar. Isto não podia ser
verdade, não podia.
- Mas Snape tentou me matar!
- Não, não, não. Eu tentei matá-lo. Sua amiga

Hermione Granger, por acaso, me empurrou quando
estava correndo para tocar fogo no Snape naquela
partida de quadribol. Ela interrompeu o meu contato
visual com você. .Mais uns segundos e eu o teria
derrubado daquela vassoura. Teria conseguido isso
antes se Snape não ficasse murmurando antifeitiço,
tentando salvá-lo.
- Snape estava tentando me
salvar?
- É claro - disse Quirrell calmamente. - Por que
você acha que ele queria apitar o próximo jogo? Ele
estava tentando garantir que eu não repetisse aquilo. O
que na realidade é engraçado... ele nem precisava ter se
dado ao trabalho. Eu não poderia fazer nada com
Dumbledore assistindo. Todos os outros professores
acharam que Snape estava tentando impedindo
Grifinória de ganhar,
ele conseguiu
realmente
se tornar
impopular.. e que perda de tempo, se
depois disso vou matá-lo esta noite.
Quirrell estalou os dedos. Surgiram no ar cordas
que amarraram Harry bem apertado.
- Você é muito metido para continuar vivo, Potter.
Sair correndo pela escola no dia das Bruxas daquele
jeito e, pelo que imaginei, me viu descobrir o que é que
estava guardando a pedra.
-
O senhor
deixou o trasgo entrar?
- Claro que sim. Tenho um talento especial para
lidar com tragos. Você deve ter visto o que fiz com
aquele na câmara lá atrás? Infelizmente, enquanto o
resto do pessoal estava procurando o trasgo, Snape, que
já desconfiava de mim, foi direto ao terceiro andar para
me afastar, e não só o meu trasgo não conseguiu matar
você de pancada, como o cachorro de três cabeças nem
sequer conseguiu morder a perna de Snape direito.
Agora espere ai quieto. Preciso examinar este espelho
curioso.
Foi somente então que Harry percebeu o que
estava parado atrás de Quirrell. Era o Espelho de
Ojesed.
- Este espelho é a chave para encontrar a pedra -
mur murou Quirrell, batendo de leve na moldura. -
Pode-se confiar em .Dumbledore para inventar uma
coisa dessas... mas ele está em Londres... E estarei bem
longe quando voltar
A única coisa que ocorreu a Harry foi manter
Quirrell falando para impedi-lo de se concentrar no
espelho.
- Vi o senhor e Snape na floresta. - falou de um
fôlego só.
- Sei - disse Quirrell indiferente, dando a volta ao
espelho para examinar o avesso. - Naquela altura ele já
percebera minhas intenções, e tentava descobrir até
onde eu tinha ido. Suspeitou de mim o tempo todo.
Tentou me assustar, como se fosse possível, quando
tenho Lord Voldemort do meu lado...
Quirrell saiu de trás do espelho e mirou-o cheio de
cobiça.
- Estou vendo a Pedra... Eu a estou apresentando
ao meu mestre...mas onde é que ela está?
Harry forçou as cordas que o prendiam, mas elas
não cederam.
Tinha
que impedir Quirrell de dedicar
toda a atenção ao espelho.
- Mas Snape sempre pareceu me odiar tanto.
- Ah, e odeia mesmo - disse Quirrell, displicente -,
e como odeia. Ele estudou em Hogwarts com o seu pai,
você não sabia? Os dois se detestavam. Mas ele nunca
quis ver você
morto.
- Mas ouvi o senhor soluçando, há uns dias. Pensei
que Snape estava ameaçando o senhor...
Pela>primeira vez, ~ espasmo de medo passou
pelo rosto de Quirrell.
- As vezes, eu tenho dificuldade em seguir as
instruções do meu mestre. Ele é um grande mago e eu
sou fraco.
- O senhor quer dizer que ele estava na sala de aula
com o senhor? - exclamou Harry admirado.
- Está comigo aonde quer que eu vá - disse Quirrell
em voz baixa - Conheça-o quando estava viajando pelo
mundo. Eu era um rapaz tolo naquela época, cheio de
idéias ridículas sobre o bem e o mal. Lord Voldemort
me mostrou como eu estava errado. Não existe bem
nem mal, só existe o poder, e aqueles que são
demasiado fracos para o desejarem. Desde então, eu o
tenho servido com fidelidade
embora o desaponte
,
muitas vezes. Por isso tem precisado ser muito severo
comigo - Quirrell estremeceu de repente - Não perdoa
erros com muita facilidade. Quando não consegui
roubar a pedra de Gringotes , ele ficou muito
aborrecido. Me castigou, resolveu me vigiar mais de
perto.
A voz de Quirrell foi morrendo. Harry lembrou-se
de sua viagem ao Beco Diagonal - como podia ter sido
tão burro? Ele vira Quirrell lá naquele dia, apertara a
mão dele no Caldeirão Furado.
Quirrell praguejou baixinho.
- Eu não entendo... a Pedra está
dentro
do espelho?
Devo quebrá-lo?
A cabeça de Harry pensava a mil.
"O que quero acima de tudo no mundo, neste
momento, é encontrar a Pedra antes que Quirrell a
encontre. Então se me olhar no espelho, devo me ver
encontrando a Pedra - o que quer dizer que verei onde
está escondida! Mas como posso me olhar sem Quirrell
perceber o que estou tramando?'
Harry tentou se deslocar para a esquerda, para se
posicionar
diante do espelho sem Quirrell notar,
mas as cordas que prendiam seus
tornozelos estavam muito apertadas. ele
tropeçou e caiu. Quirrell não lhe deu
atenção. Continuou falando sozinho.
- O que é que o espelho faz? Como é que ele
funciona? Me ajude, mestre.
E para horror de Harry, uma voz respondeu, e a
voz parecia ;vir do próprio Quirrell.
- Use o menino... Use o menino...
Quirrell voltou-se para Harry.
- E... Potter, vem cá.
E bateu palmas uma vez e as cordas que prendiam
Harry caíram. Harry se levantou sem pressa.
- Vem cá - repetiu Quirrell. - Olhe no espelho e me
diga o que vê.
Harry foi até ele.
"Preciso mentir, pensou desesperado. "Preciso
olhar e mentir sobre o que vejo, e isso."
Quirrell aproximou-se de Harry pelas costas. Harry
respirou o cheiro esquisito que parecia vir do turbante
de Quirrell. Fechou os olhos, adiantou-se para se postar
na frente do espelho, e tomou a abri-los.
A princípio viu a sua imagem pálida e apavorada.
Mas um segundo depois, a imagem sorriu para ele.
Levou a mão ao bolso e tirou uma pedra cor de sangue.
Aí piscou e devolveu a pedra ao bolso - e ao fazer isto,
Harry sentiu uma coisa pesada cair dentro do seu bolso
de verdade. De alguma forma - inacreditável -
estava
de posse da Pedra .
- E então? - perguntou Quirrell impaciente. - O que
é que você está vendo?
Harry armou-se de coragem.
- Estou me vendo apertando a mão de Dumbledore
- inventou. - Ganhei o campeonato das casas para
Grifinória.
Quirrell xingou outra vez.
- Saia do meu caminho - disse. Quando Harry se
afastou, sentiu a Pedra Filosofal comprimir sua coxa.
Será que tinha coragem para tentar fugir?
Mas não dera cinco passos quando unia voz alta
falou, embora os lábios de Quirrell não estivessem se
mexendo.
- Ele está mentindo... Ele está mentindo...
- Potter, volte aqui! - gritou Quirrell - Diga-me a
verdade! O que foi que você acabou de ver?
A voz alta tomou a falar
- Deixe-me falar com ele.. cara a cara..
- Mestre, o senhor não está bastante forte!
- Estou bastante forte... para isso...
Harry se sentiu como se o visgo do diabo o tivesse
pregado no chão. Não conseguia mover nem um
músculo. Petrificado, viu Quirrell erguer os braços e
começar a desenrolar o turbante. Que estava
acontecendo? O turbante caiu. A cabeça de Quirrell
parecia estranhamente pequena sem ele. Então ele
virou de costas sem sair do lugar
Harry poderia ter gritado, mas não conseguiu
produzir nem um som. Onde deveria estar a parte de
trás da cabeça de Quirrell, havia um rosto, o rosto mais
horrível que Harry já vira. Era branco-giz com intensos
olhos vermelhos e fendas no lugar das narinas, como
uma cobra.
- Harry Potter... - falou o rosto
Harry tentou dar um passo para trás mas suas
pernas não obedeceram.
- Está vendo no que me transformei? - disse o
rosto. - Apenas uma sombra vaporosa. Só tenho forma
quando posso compartir o corpo de alguém... mas
sempre houve gente disposta a me deixar entrar no seu
coração e na sua mente... O sangue do unicórnio me
fortaleceu, nessas ultimas semanas... você viu o fiel
Quirrell bebendo-o por mim na floresta... e uma vez
que eu tenha o elixir da vida, poderei criar um corpo só
meu... Agora... por que você não me da essa pedra no
seu bolso?
Então ele sabia. A sensibilidade voltou
repentinamente as pernas de Harry. Ele cambaleou para
trás.
- Não seja tolo - rosnou o rosto. - E melhor salvar
sua vida e se unir a mim... ou vai ter o mesmo fim dos
seus pais... Eles morreram suplicando piedade...
- MENTIRA! - gritou Harry inesperadamente
Quirrell estava andando de costas para ele, de
modo que Voldemort pudesse vê-lo. O rosto malvado
sorria agora.
- Que comovente.,. - sibilou. - Sempre dei valor à
coragem... E, menino, seus pais foram corajosos. Matei
seu pai primeiro e ele me enfrentou com coragem...
mas sua mãe não precisava ter morrido... estava
tentando protegê-lo.. Agora me dê a pedra, a não ser
que queira que a morte dela tenha sido em vão.
- Nunca!
Harry saltou para a porta em chamas, mas
Voldemort gritou:
- AGARRE-O! - E, no instante seguinte, Harry
sentiu a mão de Quirrell fechar-se em torno de seu
pulso. E, ao mesmo tempo, uma dor fria como uma
agulhada queimou sua cicatriz; parecia que sua cabeça
ia se rachar em dois; ele berrou, lutando com todas as
forças e, para sua surpresa, Quirrell largou-o. A dor em
sua cabeça diminuiu, ele olhou alucinado à volta para
ver onde fora Quirrell e o viu dobrar de dor,
examinando os dedos, eles se enchiam de bolhas,
diante dos seus olhos.
- Agarre-o! Agarre-o! - esganiçou-se Voldemort
outra vez e Quirrell investiu, derrubando Harry no
chão, caindo por cima dele, as duas mãos apertando o
pescoço do menino, a cicatriz de Harry quase o cegava
de dor, contudo ele via Quirrell urrar de agonia.
- Mestre, não posso segurá-lo. Minhas mãos.
Minhas mãos!
E Quirrell, embora prendendo Harry no chão com
os joelhos, largou seu pescoço e arregalou os olhos,
perplexo, para as palmas das mãos - elas pareciam
queimadas, vermelhas, em carne viva.
- Então mate-o, seu tolo, e acabe com isso! -
guinchou Voldemort
Quirrell levantou a mão para jogar uma praga letal,
mas Harry; por instinto, esticou as mãos e agarrou a
cara de Quirrell.
- AAAAI!
Quirrell saiu de cima dele, seu rosto se encheu de
bolhas também, e então Harry entendeu: Quirrell não
podia tocar sua pele, sem sofrer dores terríveis - sua
única chance era dominar Quirrell, causar-lhe dor
suficiente para impedi-lo de lançar feitiços.
Harry ficou em pé de um salto, agarrou Quirrell
pelo braço e segurou-o com toda a força que pôde.
Quirrell berrou e tentou se desvencilhar a dor na cabeça
de Harry estava aumentando - ele não conseguia
enxergar - ouvia os gritos terríveis de Quirrell e os
berros de Voldemort "MATE-O! MATE-O!" e outras
vozes, talvez dentro de sua própria cabeça, chamando
"Harry! Harry!"
Sentiu o braço de Quirrell desprender-se com força
de sua mão
teve certeza de que tudo estava perdido e
,
mergulhou na escuridão, cada vez mais profunda.
Alguma coisa dourada estava brilhando logo acima dele.
O pomo!
Tentou agarrá-lo, mas seus braços estavam muito
pesado.
Piscou os olhos. Não era o pomo. Eram óculos.
Que estranho.
Piscou os olhos outra vez. O rosto sorridente de
Alvo Dumbledore entrou em foco curvado sobre ele.
- Boa tarde, Harry - disse Dumbledore.
Harry fixou o olhar nele. Então se lembrou.
- Professor! A Pedra! Foi Quirrell! Ele apanhou a
Pedra! Professor, depressa..
- Acalme-se, menino, você está um pouco
atrasado. Quirrell não apanhou a Pedra.
- Então quem apanhou?, professor? eu...
- Harry, por favor, relaxe ou Madame Pomfrey vai
mandar me expulsar.
Harry engoliu em seco e olhou a sua volta.
Percebeu que devia estar na ala do hospital. Achava-se
deitado numa cama com lençóis de linho brancos e do
seu lado havia uma mesa atulhada do que parecia ser a
metade da loja de doces.
- Presentes dos seus amigos e admiradores -
esclareceu Dumbledore, sorrindo. - Aquilo que
aconteceu nas masmorras entre você e o professor
Quirrell é segredo absoluto, por isso, e claro, a escola
inteira já sabe. Acredito que os nossos amigos, os Srs.
Fred e Jorge Weasley; foram os responsáveis pela
tentativa de lhe mandar um assento de vaso sanitário.
Com certeza acharam que você ia achar engraçado.
Madame Pomfrey; porém, achou que poderia ser pouco
higiênico e o confiscou.
- Há quanto tempo estou aqui?
- Três dias. O Sr. Ronald Weasley e a Srta.
Granger vão se sentir muito aliviados por você ter
voltado a si, estavam muitíssimo preocupados.
- Mas, professor, a Pedra...
- Já vi. que você não se deixa distrair. Muito bem
A Pedra. O Prof. Quirrell não conseguiu tirá-la de você.
Cheguei a tempo de impedir que isto acontecesse,
embora você estivesse se defendendo muito bem
sozinho, devo dizer.
- O senhor chegou lá? Recebeu a coruja de
Hermione?
- Devemos ter cruzado no ar. Assim que cheguei a
Londres, tornou-se claro para mim que o lugar onde
deveria estar era aquele de onde acabara de sair.
Cheguei a tempo de tirar Quirrell de cima de você...
Então foi o
senhor.
- Receei que tivesse chegado tarde demais.
- Quase chegou, eu não poderia ter mantido
Quirrell afastado da Pedra por muito mais tempo..
- Não da Pedra, menino, de você. O esforço que
você fez quase o matou. Por um instante terrível, receei
que tivesse matado. Quanto à Pedra, ela foi destruída.
- Destruída! - exclamou Harry sem entender - Mas
o seu amigo... Nicolau Flamel..
- Ali, você já ouviu falar no Nicolau? - perguntou
Dumbledore, parecendo encantado. - Você fez mesmo
a coisa certa, não foi? Bom, Nicolau e eu tivemos uma
conversinha e concordamos que assim era melhor.
- Mas isto quer dizer que ele e a mulher vão
morrer, não é?
- Eles têm elixir suficiente para deixar os negócios
em ordem e então, é, eles vão morrer.
Dumbledore sorriu ao ver a expressão de surpresa
no rosto de Harry.
- Para alguém jovem como você, tenho certeza de
que isto parece incrível, mas para Nicolau e Perenelle,
na verdade, é como se fossem deitar depois de um dia
muito, muito longo. Afinal para a mente bem
estruturada, a morte é apenas a grande aventura
seguinte.
Você sabe, a Pedra não foi uma coisa tão boa assim.
Todo o dinheiro e a vida que a pessoa poderia querer!
As duas coisas que a maioria dos seres humanos
escolheriam em primeiro lugar. O problema é que os
humanos têm o condão de escolher exatamente as
coisas que são piores para eles.
Harry ficou ali deitado, sem encontrar o que
responder Dumbledore cantarolou um pouquinho e
sorriu para o teto.
Professor? disse Harry; - Estive pensando...
professor. Mesmo que a Pedra tenha sido destruída,
Vol... quero dizer, o Senhor-Sabe-Quem...
- Chame-o de Voldemort. Sempre chame as coisas
pelo nome que têm. O medo de um nome aumenta o
medo da coisa em si.
- Sim, senhor. Bem, Voldemort vai tentar outras
maneiras de voltar, não vai? Quero dizer, ele não foi de
vez, foi?
- Não, Harry, não foi. Continua por ai em, lugar,
talvez procurando outro corpo para compartir... sem
estar propriamente vivo, ele não pode ser morto.
Abandonou Quirrell à morte; ele demonstra a mesma
falta de piedade tanto com os amigos quanto com os
inimigos. No entanto, Harry; embora você talvez tenha
apenas retardado a volta dele ao poder, da próxima vez
só precisaremos de outro alguém que esteja preparado
para lutar o que parece ser uma batalha perdida. E se
ele for retardado repetidamente, ora, talvez nunca
retome o poder.
Harry concordou com um gesto, mas parou na
mesma hora, porque o aceno fez-lhe doer a cabeça.
Então disse:
- Professor, há outras coisas que gostaria de saber,
se o senhor puder me dizer.. coisas que eu gostaria de
saber a verdade...
-
A
verdade - suspirou Dumbledore - é uma coisa
bela e terrível, e portanto deve ser tratada com grande
cautela. Mas, vou responder às suas perguntas, a não
ser que haja uma boa razão para não fazê-lo, caso em
que eu peço que me perdoe. Não vou, e claro, mentir.
- Bom... Voldemort disse que só matou minha mãe
porque ela tentou impedi-lo de me matar. Mas por quê,
afinal, ele iria querer me matar?
Dumbledore suspirou muito profundamente desta
vez.
- Que pena, a primeira coisa que você me
pergunta, eu não vou poder responder Não hoje. Não
agora.. Você vai saber, um dia... por ora tire isso da
cabeça, Harry. Quando você for mais velho... Sei que
detesta ouvir isso... mas quando estiver pronto, você
vai saber.
E Harry entendeu que não ia adiantar insistir.
- Mas por que Quirrell não podia me tocar?
- Sua mãe morreu para salvar você. Se existe uma
coisa que Voldemort não consegue compreender é o
amor. Ele não entende que um amor forte como o de
sua mãe por você deixa uma marca própria. Não é uma
cicatriz, não é um sinal visível.. ter sido amado tão
profundamente, mesmo que a pessoa que nos amou já
tenha morrido, nos confere uma proteção eterna. Está
entranhada em nossa pele. Por isso Quirrell, cheio de
ódio, avareza e ambição, compartindo a alma com
Voldemort, não podia tocá-lo. Era uma agonia tocar
uma pessoa marcada por algo tão bom.
Então, Dumbledore se interessou muito por um
passarinho no peitoril da janela, o que deu tempo a
Harry para enxugar os olhos como lençol. Quando
recuperou a voz, disse;
- E a capa da invisibilidade? O senhor sabe quem a
mandou para mim?
- Ah, por acaso seu pai deixou-a comigo e eu achei
que você talvez gostasse. - Os olhos de Dumbledore
faiscaram - Coisas úteis.. seu pai usava-a
principalmente para ir escondido às cozinhas roubar
comida, quando estava aqui.
- E tem mais uma coisa...
- Diga.
- Quirrell disse que Snape...
- O Prof. Snape, Harry.
- Sim, senhor, ele... Quirrell disse que ele me odeia
porque odiava meu pai. Isso é verdade?
- Bom, eles se detestavam bastante. Mas não é
diferente de você com o Sr. Malfoy. E, além disso, seu
pai fez uma coisa que Snape nunca pôde perdoar.
- O quê?
- Salvou a vida dele.
- O quê?
-
E...
-
disse Dumbledore sonhador - É engraçado
como a cabeça das pessoas funciona, não é? O Prol
Snape não conseguiu suportar o fato de estar em dívida
com o seu pai. Acredito que tenha se esforçado para
proteger você este ano, porque achou que isso o
deixaria quite com o seu pai. Assim podia voltar a
odiar a memória. do seu pai em paz...
Harry tentou compreender mas sentiu a cabeça
latejar, por isso parou.
- E, professor, só mais uma coisa...
- Só essa?
- Como foi que tirei a Pedra do espelho?
- Ah, fico satisfeito que você tenha me perguntado.
Foi uma das minhas idéias mais brilhantes, e cá entre
nós, isto é alguma coisa. Sabe, só uma pessoa que
quisesse
encontrar
a Pedra, encontrar sem usá-la,
poderia obtê-la; de outra forma, a pessoa só iria se ver
produzindo ouro e bebendo elixir da vida. O meu
cérebro às vezes surpreende até a mim,.. Agora chega
de perguntas. Sugiro que comece a comer esses doces.
Ah, feijõezinhos de todos os sabores! Quando eu era
moço tive a infelicidade de encontrar um com gosto de
vômito, e desde então receio que tenha perdido o gosto
por eles. Mas acho que não corre perigo com um
gostoso caramelo, não acha? - E sorrindo jogou um
feijãozinho caramelo escuro na boca. Então se
engasgou e disse:
- Que pena! Cera de ouvido!
Madame Pomfrey, a encarregada do hospital, era
urna boa pessoa, mas muito rigorosa.
- Só cinco minutos - suplicou Harry.
- Absolutamente não.
- A senhora. deixou o Prof. Dumbledore entrar.
- Bom, é claro, ele é o diretor, é muito diferente.
você precisa
descansar.
Estou descansando, olhe, deitado e tudo. Ah
,
por
-
favor, Madame Pomfrey.
- Ah, muito bem. Mas só cinco minutos.
E ela deixou Rony e Hermione entrarem
-
Harry!
Hermione parecia prestes a abraçá-lo outra vez,
mas Harry gostou que tivesse se contido porque a
cabeça dele ainda estava muito doída.
- Ah, Harry; nos estávamos certos que você ia....
Dumbledore estava tão preocupado...
- A escola inteira não fala em outra coisa - disse
Rony - Mas, no duro, o que foi que aconteceu?
Era uma das raras ocasiões em que a historia
verdadeira é ainda mais estranha e excitante do que os
boatos fantásticos. Harry contou tudo: Quirrell; o
espelho; a Pedra e Voldemort.
Rony e Hermione eram bons ouvintes;
exclamavam nas horas certas e quando Harry lhes disse
o que havia sob o turbante de Quirrell, Hermione soltou
um grito.
- Então a Pedra acabou? - perguntou Rony
finalmente. - Flamel simplesmente vai
morrer
?
- Foi o que perguntei, mas Dumbledore acha que...
como foi mesmo?... que para a mente bem estruturada a
morte é a grande aventura seguinte.
- Eu sempre disse que ele era biruta - disse Rony;
parecendo muito impressionado com a grande loucura
do seu herói.
- Então o que aconteceu com vocês dois? -
perguntou Harry.
- Bom, eu voltei sem problemas - disse Hermione -
Fiz Rony voltar a si, isso levou algum tempo, e
estávamos correndo para o corujal para nos comunicar
com Dumbledore quando o encontramos no saguão de
entrada, ele já sabia, e só disse Harry foi atrás dele, não
foi?", e saiu desabalado para o terceiro andar.
- Você acha que ele queria que você fizesse
aquilo? - perguntou Rony. - Mandou a capa do seu pai
e tudo o mais?
- Bom! - explodiu Hermione - Se ele fez isso...
quero dizer.. isso é horrível... você podia ter sido
morto.
- Não, não é horrível - disse Harry pensativo - Ele
é um homem engraçado, o Dumbledore. Acho que
meio que queria me dar uma chance. Acho que sabe
mais ou menos tudo o que acontece por aqui, sabe?
Imagino que tivesse uma boa idéia do que íamos tentar
fazer e em lugar de nos impedir, ele simplesmente
ensinou o suficiente para nos ajudar. Não acho que
tenha sido por acaso que me deixou descobrir como o
espelho funcionava. Era quase como se pensasse que
eu tinha o direito de enfrentar Voldemort se pudesse...
- É, a marca de Dumbledore, com certeza - disse
Rony orgulhoso. Olhe, você precisa estar bom para a
festa de fim de ano, amanhã. Os pontos já foram todos
computados e Sonserina ganhou, é claro. Você faltou
ao ultimo jogo de quadribol, fomos estraçalhados por
Cornival sem você. Mas a comida vai ser legal.
Nesse instante, Madame Pomfrey irrompeu no
quarto.
- Vocês já estão ai há quinze minutos, agora FORA
- disse com firmeza.
Depois de uma boa noite de sono, Harry se sentiu
quase normal.
- Quero ir à festa - disse a Madame Pomfrey;
quando ela estava arrumando suas muitas caixas de
doces - Posso, não posso?
- O Prof. Dumbledore disse que devo deixar você
ir - respondeu ela fungando, como se, na sua opinião, o
Prof. Dumbledore não percebesse os riscos que uma
festa pode oferecer - E você tem outra visita.
- Que bom. Quem é?
Hagrid foi-se esgueirando pela porta enquanto
Harry indagava. Em geral quando estava dentro de
casa, Hagrid parecia demasiado grande para que o
deixassem entrar. Sentou-se ao lado de Harry; deu urna
olhada e caiu no choro.
- E... tudo... minha... culpa! - soluçou, o rosto nas
mãos. - Eu informei ao mal como passar por Fofo! Eu
informei! Era a única coisa que ele não sabia e eu
informei! Você podia ter morrido! Tudo por causa de
um ovo de dragão! Nunca mais vou beber! Eu devia ser
demitido e mandado viver como trouxa!
- Rúbeo! - chamou Harry chocado por
vê-lo sacudir de tristeza e remorso, as
grandes lágrimas se infiltrando pela barba -
Rúbeo, ele teria descoberto de qualquer
maneira, estamos falando
de Voldemort, teria descoberto mesmo que
você não tivesse informado.
Mas você podia ter morrido! - soluçou Hagrid - E
não diga o nome dele!
- VOLDMORT! - berrou Harry, e Hagrid levou
um choque tão grande que parou de chorar.
- Estive com ele cara a cara e vou chamá-lo pelo
nome que tem. Por favor, anime-se, Rúbeo, salvamos a
Pedra, ela foi destruída e ele não poderá usá-la. Coma
um sapo de chocolate. Tenho um montão...
Hagrid secou o nariz como dorso da mão e disse:
- Ah, isso me lembra. Trouxe um presente para
você.
- Não é um sanduíche de carne de arminho, é? -
perguntou Harry abriu-o curioso e, finalmente, Hagrid
deu uma risadinha.
Não, Dumbledore me deu folga ontem para eu
providenciar. Claro, devia mais é ter me demitido. Em
todo o caso, trouxe isto para você...
Parecia ser um belo livro encadernado em couro.
Harry abriu-o, curioso. Estava cheio de retratos de
bruxos, De cada página, sorrindo e acenando para ele,
estavam sua mãe e seu pai.
- Mandei corujas para todos os velhos amigos de
escola de seu pai e sua mãe, pedindo fotos... E sabia
que você não tinha nenhuma... Gostou?
Harry nem conseguiu falar, mas Hagrid
compreendeu.
Harry desceu para a festa de fim de ano
sozinho aquela noite. Atrasara-se com os
cuidados de Madame Pomfrey, que insistiu
em lhe fazer um. último check-up
de modo
,
que o salão principal já se enchera. Estava
decorado com as cores de Sonserina, verde e
prata, para comemorar sua conquista do
campeonato das casas pelo sétimo ano
consecutivo. Uma enorme bandeira com a
serpente de Sonserina cobria a parede atrás
da mesa principal.
Quando Harry, entrou, houve um silêncio
momentâneo e em seguida todos começaram a falar
alto e ao mesmo tempo. Ele se sentou discretamente
numa cadeira entre Rony e Hermione à
mesa da Grifinória e tentou fingir que não via as
pessoas se levantarem para espiá-lo.
Felizmente
Dumbledore chegou instantes depois A
,
algazarra foi serenando.
- Mais um ano que passou! disse Dumbledore
alegremente. - E preciso incomodar vocês com a
falação asmática de um velho antes de cairmos de boca
nesse delicioso banquete E que ano tivemos! Espetro
que as suas cabeças estejam um pouquinho menos ocas
do que antes... vocês têm o verão inteiro para esvazialas
muito bem, antes do próximo ano letivo.
"Agora, pelo que entendi, a taça das casas deve ser
entregue e a contagem de pontos é a seguinte: em
quarto lugar Grifinória com trezentos e doze pontos;
em terceiro, Lufa-lufa, com trezentos e cinqüenta e dois
pontos, Corvinal, com quatrocentos e vinte e seis; e
Sonserina com quatrocentos e setenta e dois pontos."
E uma tempestade de pés e mãos batendo irrompeu
da mesa de Sonserina. Era uma cena nauseante.
- Sim, senhores, Sonserina está de parabéns. No
entanto, temos de levarem conta os recentesa contecimentos, 
A sala mergulhou em profundo silêncio.
- Tenho alguns pontos de última hora para
conferir. Vejamos. Sim...
- Primeiro: ao Sr Ronald Weasley...
O rosto de Rony se coloriu de vermelho vivo;
parecia um rabanete que apanhara sol demais na praia.
- ...pelo melhor jogo de xadrez presenciado por
Hogwarts em muitos anos, eu confiro à Grifinória
cinqüenta pontos.
Os vivas da Grifinória quase levantaram o teto
encantado; as estrelas lá no alto pareceram estremecer..
Ouviram Percy dizer aos outros monitores: "E o meu
irmão, sabem! O meu irmão caçula! Venceu uma
partida no jogo vivo de xadrez de MacGonagall!
Finalmente voltaram a fazer silêncio.
- Segundo: a Senhorita Hermione Granger.. pelo
uso de lógica inabalável diante do fogo, concedo à
Grifinória cinqüenta pontos.
Hermione escondeu o rosto nos braços; Harry teve
a forte
suspeita de que caíra no choro. Os alunos da Grifinória
por roda a mesa não cabiam em
si
de contentes -
tinham subido cem pontos.
- Terceiro: ao Sr. Harry Potter - A sala ficou
mortalmente silenciosa. - Pela frieza e excepcional
coragem, concedo à Grifinória sessenta pontos.
A balbúrdia foi ensurdecedora. Os que conseguiam
somar enquanto berravam de ficar roucos sabiam que
Grifinória agora chegara a quatrocentos e setenta e dois
pontos - exatamente o mesmo que Sonserina.
Precisariam sortear a taça das casas - se ao menos
Dumbledore tivesse dado a Harry mais um pontinho.
Dumbledore ergueu a mão. A sala gradualmente se
aquietou.
- Existe todo tipo de coragem - disse Dumbledore
sorrindo.
- E preciso muita audácia para
enfrentarmos os nossos inimigos, mas igual
audácia para defendermos os nossos amigos
Portanto, concedo dez pontos ao Sr. Neville
Longbottom.
Alguém que estivesse do lado de fora do salão
principal poderia ter pensado que ocorrera uma
explosão, tão alta foi a barulheira que irrompeu na
mesa da Grifinória. Harry, Rony e Hermione se
levantaram para gritar e dar vivas enquanto Neville,
branco de susto, desaparecia debaixo de uma montanha
de gente que o abraçava. Jamais ganhara um único
ponto para Grifinória antes. Harry; ainda gritando,
cutucou Rony nas costelas indicando Malfoy, que não
poderia ter feito uma cara mais perplexa e horrorizada
se tivesse acabado de ser encantado com o Feitiço do
Corpo Preso.
- O que significa - continuou Dumbledore
procurando se sobrepor à tempestade de aplausos,
porque até Cornival e Lufa-lufa estavam comemorando
a derrota de Sonserina - que precisamos fazer uma
pequena mudança na decoração.
E, dizendo isto, bateu palmas. Num instante., os
panos verdes se tornaram vermelhos e, os prateados,
dourados; a grande serpente de Sonserina desapareceu
e o imponente leão da Grifinória tomou o seu lugar,
Snape apertou a mão da Profa. Minerva, com um
horrível sorriso amarelo. Seu olhar encontrou o de
Harry e o menino percebeu, no mesmo instante, que os
sentimentos de Snape com relação a ele não tinham
mudado nem um pingo. Isto não o preocupou. Parecialhe
que sua vida voltaria ao normal no próximo ano, ou
tão normal quanto ela poderia ser em Hogwarts.
Foi a melhor noite da vida de Harry; melhor do
que a vitoria no quadribol ou a ceia de Natal ou o
encontro com o trasgo... jamais esqueceria esta noite.
Harry quase esquecera que os resultados dos
exames ainda estavam por vir, mas eles não deixaram
de vir, Para sua grande surpresa, tanto ele quanto
Rony passaram com boas notas; Hermione
e claro,
,
foi a melhor do ano. Até Neville passou raspando,
sua boa nota em Herbologia compensou a péssima
nota em Poções. Tinham tido esperanças de que
Goyle, que era quase tão burro quanto era mau, fosse
expulso, mas ele também passou. Foi uma pena, mas
como disse Rony, não se podia ter tudo na vida
E, de repente, seus guarda-roupas ficaram vazios,
os malões arrumados, o sapo de Neville foi encontrado
escondido em um canto do banheiro; as notas foram
entregues a todos os alunos, com o aviso de que não
fizessem bruxarias durante as férias ("Eu sempre tenho
a esperança de que eles se esqueçam de entregar as
notas e o aviso - lamentou Fred Weasley); Hagrid
estava a postos para levá-los à flotilha de barcos que
fazia a travessia do lago; e, no momento seguinte,
estavam embarcando no Expresso de Hogwarts;
conversando e rindo à medida que os campos se
tornavam mais verdes e mais cuidados; comendo
feijõezinhos de todos os sabores enquanto
atravessavam as cidades dos trouxas; trocando as
vestes de bruxos pelos blusões e paletós; parando na
plataforma nove e meia na estação de King's Cross.
Levou um bom tempo para todos desembarcarem
na plataforma. Um guarda muito velho estava postado
na sadia e os deixava passar em grupos de dois e três
para não chamarem atenção ao irromper todos ao
 
mesmo tempo por uma parede sólida, assustando os
trouxas.
- Vocês precisam vir passar uns dias conosco -
disse Rony - Os dois. Vou mandar uma coruja para
vocês.
- Obrigado - disse Harry - Preciso ter alguma coisa
por que esperar.
As pessoas passavam empurrando-se ao se
dirigirem para a saída para o mundo dos trouxas.
Alguns gritavam.'
- Tchau, Harry!
- Nos vemos por ai, Potter!
- Continua famoso - comentou Rony, sorrindo para
o amigo.
- Não aonde eu vou, posso lhe garantir.
Ele, Rony e Hermione passaram juntos pelo
portão.
- Olha lá ele, mamãe, olha lá ele, olha!
Era Gina Weasley, a irmãzinha de Rony, mas não
apontava para Rony.
- Harry Potter! - gritou com a vozinha fina. - Olhe,
mamãe! Estou vendo,..
- Fique quieta, Gina, é falta de educação apontar.
A Sra. Weasley sorriu para eles,
- Muito trabalho este ano?
- Muito - respondeu Harry. - Obrigado pelas
barrinhas de chocolate e pela suéter, Sra. Weasley.
- Ah, de nada, querido.
- Está pronto?
Era tio Válter, ainda com a cara vermelhona, ainda
bigodudo, ainda parecendo furioso com a audácia de
Harry de andar carregando a coruja numa gaiola por
uma estação cheia de gente normal. Atrás dele, achavase
tia Petúnia e Duda, parecendo aterrorizados só de
olhar para Harry.
- Vocês devem ser a família de Harry! - falou a
Sra. Weasley.
- Por assim dizer - respondeu tio Válter - Ande
logo, menino, não temos o dia inteiro. - E se afastou.
Harry ainda demorou para trocar uma ultima
palavrinha com Rony e .Hermione.
- Vejo vocês durante as ferias, então.
...
- Espero que você tenha... há
umas boas férias -
disse Hermione, olhando hesitante para tio Válter,
espantada que alguém pudesse ser tão desagradável.
- Ah, claro que sim - respondeu Harry; e eles
ficaram surpresos com o sorriso que se espalhava pelo
seu rosto. -
Eles
não sabem que não podemos fazer
bruxarias em casa. Vou me divertir á beça com o Duda
este verão...

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