segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Harry Potter .. E a Pedra Filosofal ( Cap VI )

-CAPÍTULO SEIS-
O embarque na plataforma
nove e meia
O último mês de Harry na casa dos Dursley não foi nada
divertido. É verdade que Duda agora estava tão apavorado com
Harry
que
não queria nem ficar no mesmo aposento com ele, e tia
Petúnia e tio Válter não trancaram Harry no armário nem o
obrigaram a fazer nada, tampouco gritaram com ele - na verdade,
sequer falaram com ele. Meio aterrorizados, meio furiosos, agiam
como se a cadeira em que Harry se sentasse estivesse vazia.
Embora isso fosse sob muitos aspectos um progresso, tornou-se
um tanto deprimente depois de algum tempo.
Harry ficava em seu quarto, com a nova coruja por
companhia. Decidira chama-la Edwiges, um nome que encontrara
na História da magia. Seus livros de escola eram muito
interessantes. Deitava-se n a cama e lia até tarde da noite. Edwiges
voava para dentro e para fora da janela, quando queria. Era urna
sorte que tia Petúnia não aparecesse mais para passar o aspirador
de pó, porque Edwiges não parava de trazer ratos mortos para o
quarto. Toda noite, antes de se deitar para dormir, Harry riscava
mais um dia no pedaço de papel que pregara na parede, para
contar os dias que faltavam até primeiro de setembro.
No último dia de agosto ele achou melhor falar com os tios
sobre a ida à estação no dia seguinte, por isso desceu à sala de
estar onde eles estavam assistindo a um programa de auditório na
televisão. Pigarreou para avisar que estava ali e Duda deu um
berro e saiu correndo da sala.
- Hum... tio Válter?
Tio Válter resmungou para indicar que estava escutando.
- Hum...preciso estar amanhã na estação para... embarcar
para Hogwarts.
Tio Válter resmungou outra vez.
- Será que o senhor podia me dar uma carona?
Resmungo. Harry supôs que quisesse dizer sim.
- Muito obrigado.
E já ia voltando para cima quando tio Válter falou de
verdade.
- Que modo engraçado de ir para a escola de magia, de trem.
Os tapetes mágicos furaram todos?
Harry não respondeu.
- Onde fica essa escola afinal?
- Não sei - disse Harry pensando nisso pela primeira vez.
Tirou do bolso o bilhete de passagem que Hagrid lhe dera.
- Vou tomar o trem na plataforma nove e meia às onze horas
- leu.
A tia e o tio arregalam os olhos.
- Plataforma o quê?
- Nove e meia.
- Não diga. bobagens - repreendeu tio Válter - Não existe
plataforma nove e meia.
- Está no meu bilhete.
- Loucos - disse tio Válter - de pedra, todos eles. Você vai
ver. E só esperar. Está bem, levaremos você até a estação. De
qualquer maneira tínhamos de ir a Londres amanhã ou nem me
daria o trabalho.
- Por que o senhor vai a Londres? - perguntou Harry,
tentando manter a conversa cordial.
- Vamos levar Duda ao hospital - rosnou tio Válter -
Precisamos mandar cortar aquele rabo vermelho antes de mandálo
para Smeltings.
Harry acordou às cinco horas na manhã seguinte e estava
demasiado excitado e nervoso para voltar a dormir.
Levantou-se e vestiu o jeans porque não queria entrar na
estação com as vestes de bruxo - mudaria de roupa no trem.
Verificou novamente a lista de Hogwarts para se certificar
de que tinha tudo de que precisava, viu se Edwiges estava
bem t rancada na gaiola e então ficou andando pelo
quar to à espera que os Dursley se levantassem. Duas
horas mais tarde, a mala enorme e pesada de Harry fora
colocada no carro dos Dursley Tia Petúnia convencera Duda a se
sentar ao lado do primo e eles partiram.
Chegaram à estação de King's Cross às 10:30h. Válter jogou
a mala de Harry num carrinho e empurrou-o até a estação ou o
gesto curiosamente bondoso até tio Válter parar diante das
plataformas com um. sorriso maldoso.
- Bom, aqui estamos, moleque. Plataforma nove, plataforma
dez. A sua plataforma devia estar aí no meio, mas parece que
ainda não a construíram, não é mesmo.
Ele tinha razão, é claro. Havia um grande número nove de
plástico no alto de uma plataforma e um. grande número dez no
alto da plataforma seguinte, mas no meio, não havia nada.
- Tenha um bom período letivo - disse tio Válter com um
sorriso ainda mais maldoso. E foi-se embora sem dizer mais nada.
Harry se virou e viu o carro dos Dursley partir. Os três estavam
rindo, Harry sentiu a boca seca. Que diabo iria fazer? Estava
começando a atrair uma porção de olhares curiosos por causa da
Edwiges. Teria que perguntar a alguém.
Parou um guarda que ia passando, mas não mencionou a
plataforma nove e meia. O guarda nunca ouvira falar em Hogwarts
e quando Harry não soube lhe dizer em que parte do pais a escola
ficava, ele começou a mostrar aborrecimento, como se Harry
estivesse se fazendo de burro de propósito. Desesperado, Harry
perguntou pelo trem que partia. às onze horas, mas o guarda disse
que não havia nenhum. Ao fim, o guarda se afastou, resmungando
contra pessoas que o faziam perder tempo. Harry tentou por tudo
no mundo não entrar em púnico. Pelo grande relógio em cima do
quadro que anunciava os trens que chegavam, só lhe restavam
mais dez minutos para embarcar no trem de Hogwarts e ele não
tinha idéia de como ia fazer isso; estava perdido no meio da
estação com uma mala que mal podia levantar, o bolso cheio de
dinheiro de bruxo e uma corujona.
Hagrid devia ter esquecido de lhe dizer alguma coisa que
tinha de fazer, como bater no terceiro tijolo à esquerda para entrar
no Beco Diagonal Perguntou-se se deveria tirar a varinha
da mala e começar a bater no coletor de bilhetes entre as
plataformas nove e dez.
Naquele instante um grupo de pessoas passou as suas costas e
ele entreouviu algumas palavras que diziam..
- ...cheio de trouxas, é claro...
Harry deu meia-volta. Era uma mulher gorda que falava com
quatro meninos, todos de cabelos cor de fogo. Cada um deles
estava empurrando à frente uma mala como a de Harry - e
levavam uma coruja. O coração aos saltos, Harry os seguiu
empurrando o carrinho. Eles pararam e ele também, bem próximo
para ouvir o que diziam.
- Agora, qual e o número da plataforma? - perguntou a mãe dos
meninos.
- Nove e meia - ouviu-se a voz fina de uma menininha, também
de cabelos ruivos que estava segurando a mão da mulher.
- Mamãe; não posso ir...
- Você ainda não tem idade, Gina, agora fique quieta. Esta bem,
Percy, você vai primeiro.
O que parecia o menino mais velho marchou em direção às
plataformas nove e dez. Harry observou-o, tomando o cuidado de
não piscar para não perder nada - mas assim que o menino chegou
à linha divisória entre as duas plataformas, um grande grupo de
turistas invadiu a plataforma à frente dele e quando a til uma
mochila acabou de passar, o menino havia desaparecido.
- Fred , você agora - mandou a mulher gorda.
- Eu não sou Fred, sou Jorge - retrucou o menino. -
Francamente, mulher, você diz que é nossa mãe? Não consegue
ver que sou o Jorge?
- Desculpe, Jorge, querido.
- É brincadeira, eu sou o Fred - disse o menino, e foi. O irmão
gêmeo gritou pata ele se apressar, e ele deve ter atendido, porque
um segundo depois, sumiu, mas como fizera aquilo?
Agora o terceiro irmão estava se encaminhando rapidamente
para a barreira - estava quase lá - e, então, de repente, não estava
mais em parte alguma.
E foi só.
- Com licença - dirigiu-se Harry à mulher gorda.
- Olá, querido. É a primeira vez que vai a Hogwarts? O Rony
é novo também.
Ela apontou o ultimo filho, o mais moço. Era alto, magro e
desengonçado, com sardas, mãos e pés grandes e um nariz
comprido.
- É - respondeu Harry; - A coisa é,., a coisa é que não sei
como...
- Como chegar á plataforma? - disse ela com bondade, e
Harry concordou com a cabeça.
- Não se preocupe. Basta caminhar diretamente para a
barreira entre as plataformas nove e dez. Não pare e não tenha
medo de bater nela, isto é muito importante. Melhor fazer isso
meio correndo se estiver nervoso. Vá, vá antes de Rony;
- Hum... 0K.
E Harry virou o carrinho e encarou a barreira. Parecia muito
sólida.
Ele começou a andar em direção a ela. As pessoas a caminho
das plataformas nove e dez o empurravam. Harry apressou o
passo. Ia bater direto no coletor de bilhetes e então ia se complicar
- curvando-se para o caminho ele desatou a correr - a barreira
estava cada vez mais próxima - não poderia parar - o carrinho
estava descontrolado - ele estava a um passo de distância - fechou
os olhos se preparando para a colisão..
E ela não aconteceu.. ele continuou correndo. abriu os olhos.
Uma locomotiva vermelha a vapor estava parada à plataforma
apinhada de gente. Um letreiro no alto informava
Expresso de
Hogwarts 11 horas.
Harry olhou para trás e viu um arco de ferro
forjado no lugar onde estivera o coletor de bilhetes com os dizeres
Plataforma nove e meia.
Conseguira.
A fumaça da locomotiva se dispersava sobre as cabeças das
pessoas que conversavam, enquanto gatos de todas as cores
trançavam por entre as pernas delas. Corujas piavam umas para as
outras, descontentes, sobrepondo-se á balbúrdia e ao barulho das
malas pesadas que eram arrastadas.
Os primeiros vagões já estavam cheios de estudantes, uns
debruçados às janelas conversando com as famílias, outros
brigando por causa dos lugares. Harry, empurrou o carrinho pela
plataforma procurando um. lugar vago. Passou por um garoto de
rosto redondo que estava dizendo:
- Vó, perdi meu sapo outra vez.
- Ah, Neville - ele ouviu a senhora suspirar.
Um garoto com cabelos rastafari estava cercado por um pequeno
grupo de meninos.
- Deixe a gente espiar,
Lino,
vamos.
O menino levantou a tampa de uma caixa que carregava nos
braços e as pessoas em volta deram gritos e berros quando uma
coisa dentro da caixa esticou para fora urna perna comprida e
peluda.
Harry continuou andando pela aglomeração até que encontrou um
compartimento vago no final do trem. Primeiro pôs Edwiges para
dentro e começou a empurrar. e a forçar com a mala em direção à
porta do trem. Tentou erguê-la pelos degraus acima mas mal
conseguiu suspender uma ponta e duas vezes deixou-a cair
dolorosamente em cima do pe.
- Quer uma ajuda? - Era um dos gêmeos ruivos que ele
seguira para atravessar a barreira.
- Por favor- Harry ofegou.
- Fred! Vem dar uma ajuda aqui!
Com a ajuda dos gêmeos a mala de Harry, finalmente foi
colocada a um canto do compartimento.
- Obrigado - disse Harry; afastando os cabelos suados dos
olhos.
- Que e isso - perguntou de repente um dos gêmeos apontando
para a cicatriz de Harry;
- Caramba - disse o outro gêmeo. - Você é...?
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- Ele é - disse o outro gêmeo. - Não é? - acrescentou para
Harry.
- O quê? - indagou Harry.
- Harry Potter -
disseram os gêmeos em coro.
- Ah,
ele -. disse Harry - Quero dizer, é, sou.
Os dois garotos olharam boquiabertos e Harry sentiu que estava
corando, Então, para seu alivio, ouviram uma voz p ela porta aberta
do trem.
- Fred? Jorge? Vocês estão ai?
- Estamos indo, mamãe.
Dando uma última espiada em Harry, os gêmeos saltaram
para fora do trem.
Harry sentou-se à janela onde, meto escondido, podia
observar a família de cabelos ruivos na plataforma e ouvir o que
diziam. A mãe tinha acabado de puxar o lenço.
- Rony, você está com uma crosta no nariz.
O menino mais novo tentou fugir, mas ela o agarrou e
começou a limpar aponta do nariz dele.
- Mamãe, sai para lá - Desvencilhou-se.
Aaaah, o Roniquinho está com uma coisa no nariz? - caçoou
um dos gêmeos.
- Cale a boca - disse Rony,
- Onde está o Percy? - perguntou a mãe.
- Está vindo aí.
O garoto mais velho vinha vindo. Já vestira as vestes largas e
pretas de Hogwarts e Harry reparou que tinha um distintivo de
prata reluzente com a letra M.
- Não posso demorar, mãe - falou ele. - Estou lá na frente, os
monitores têm dois vagões separados...
Ah, você é monitor, Percy - perguntou um dos gêmeos, com
ar de grande surpresa. - Devia ter avisado, não fazíamos idéia.
- Espere ai, acho que me lembro de ter ouvido ele dizer
alguma coisa - disse o outro gêmeo. - Uma vez...
- Ou duas..
- Um minuto...
- O verão todo.
- Ah, calem a boca - disse Percy, o monitor.
- Afinal por que foi que o Percy ganhou vestes novas? - disse
um dos gêmeos.
- Porque é
monito r-
disse a mãe com carinho - Está bem,
querido, tenha um bom ano letivo - mande-me urna coruja quando chegar.
Ela beijou Percy no rosto e ele foi embora. Então Virou-se para os
gêmeos.
- Agora, vocês dois; este ano, se comportem. Se receber mais
uma coruja dizendo que vocês... vocês explodiram um banheiro
ou...
- Explodiram um banheiro? Nunca explodimos
um banheiro. --Mas é uma grande idéia, obrigado, mamãe.
- Não tem graça. E cuidem do Rony.
- Não se preocupe, Roniquinho está seguro com a gente.
- Cale a boca - mandou Rony outra vez. Já era quase tão alto
quanto os gêmeos e seu nariz continuava vermelho onde a mãe o
esfregara.
- Ei, mãe, advinha? Adivinha quem acabamos de encontrar
no trem?
Harry recuou o corpo rápido para que eles não o vissem
olhando.
- Sabe aquele menino de cabelos pretos que estava perto da
gente na estação? Sabe quem ele ei
- Quem?
- Harry Potter!
Harry ouviu a vozinha da garotinha.
- Ah, mamãe, posso subir no trem para ver ele, mamãe, ali,
por favor...
- Você já o viu, Gina, e o coitado não e
um
bicho de
zoológico para você ficar olhando. É ele mesmo, Fred? Como é
que você sabe?
- Perguntei a ele. Vi a cicatriz. Está lá mesmo, parece um
raio.
- Coitadinho.
Não admira que estivesse sozinho. Foi tão
educado quando me perguntou como entrar na plataforma.
- Deixa para lá, você acha que ele se lembra corno era o
Você-Sabe-Quem?
De repente a mãe ficou muito séria.
- Proíbo-lhe de perguntar a ele, Fred. Não, não se atreva.
Como se ele precisasse de alguém para lhe lembrar uma coisa
dessas no primeiro dia de escola.
Está bem, não precisa ficar nervosa.
Ouviu-se um apito.
- Depressa! - disse a mãe, e os três garotos subiram no trem.
Debruçaram-se na janela para a mãe lhes dar um beijo da
despedida e a irmãzinha começou a chorar.
- Não chore, Gina, vamos lhe mandar um monte de corujas.
- Vamos lhe mandar uma tampa de vaso de Hogwarts.
- Jorge!
- Estou só brincando, mamãe.
O trem começou a andar. Harry viu a mãe dos garotos
acenando e a irmã, meio risonha, meio chorosa, correndo para
acompanhar o trem até ele ganhar velocidade e ela ficar para trás
acenando.
Harry observou a menina e a mãe desaparecerem quando o
trem fez a curva. As casas passaram num relâmpago pela janela.
Harry sentiu uma grande excitação. Não sabia aonde estava indo
mas tinha de ser melhor do que o lugar que estava deixando para
trás.
A porta da cabine se abriu e o ruivinho mais moço entrou.
- Tem alguém sentado aqui? - perguntou, apontando para o
assento em frente ao de Harry - O resto do trem está cheio
Harry respondeu que não, com um aceno de cabeça, e o garoto se
sentou. Olhou para Harry e em seguida olhou depressa para fora,
fingindo que não tinha olhada Harry reparou que ele ainda tinha
uma mancha preta no nariz.
- Oi, Rony;
Os gêmeos estavam de volta
- Escuta aqui, vamos para o meio do trem. Lino Jordan
trouxe uma tarântula gigante.
- Certo - resmungou Rony.
- Harry - disse o outro gêmeo -, nós já nos apresentamos?
Fred e Jorge Weasley. E este é o Rony, nosso irmão. Vejo vocês
mais tarde, então.
- Tchau - disseram Harry e Rony
.
Os gêmeos fecharam
aporta da cabine ao passar.
- Você é Harry Potter mesmo? - Rony deixou escapar
Harry confirmou com a cabeça.
- Ah, bom, pensei que fosse urna brincadeira do Fred e do
Jorge e você tem mesmo... sabe...
Apontou para a testa de Harry.
Harry afastou a franja para mostrar a cicatriz em forma de
raio. Rony olhou.
- Então foi ai que Você-Sabe-Quem...?
- Foi, mas não me lembro.
- De nada?- perguntou Rony ansioso.
- Bom... lembro de muita luz verde, mas nada mais.
- Uau. - Ele ficou parado uns minutos olhando para Harry,
depois, como se de repente tivesse se dado conta do que estava
fazendo, olhou depressa para fora da janela outra vez.
- Todos na sua família são bruxos? - perguntou Harry que
achava Rony tão interessante quanto Rony o achava.
- Hum... são acho que sim. Acho que mamãe tem um primo
em segundo grau que é contador, mas ninguém nunca fala nele.
- Então você já deve saber muitas mágicas.
Os Weasley aparentemente eram uma. dessas antigas
famílias de bruxos de que o menino pálido no beco Diagonal
falara.
- Ouvi dizer que você foi viver com os trouxas. Como é que
eles são?
- Horríveis... bom
,
nem todos. Mas minha tia e meu tio e meu
primo são, eu gostaria de ter tido três irmãos bruxos.
- Cinco. - Por alguma razão, ele pareceu triste. - Sou o sexto
de minha família a ir para Hogwarts. Pode-se dizer que tenho de
fazer justiça ao nosso nome. Gui e Carlinhos já terminaram a
escola. Gui foi chefe dos mon itores e Carlinhos foi capitão do  time
de quadribol. Agora Percy é monitor. Fred e Jorge fazem muita
bagunça, mas tiram notas muito boas e todo mundo acha que eles
são realmente engraçados. Todos esperam que eu me saia tão bem
quanto os outros, mas se eu me sair bem, não será nada de mais,
porque eles fizeram isso primeiro. E também não se ganha nada
novo quando se tem cinco irmãos. Uso as vestes velhas de Gui., a
varinha velha de Caminhos e o rato velho do Percy..
Rony meteu a mão no bolso interno do paletó e tirou um rato
cinzento e gordo que estava dormindo.
- O nome dele é Pereba e ele é inútil, quase nunca acorda.
Percy ganhou uma coruja de meu pai por ter sido escolhido
monitor, mas eles não podiam ter...quero dizer, em vez disso
ganhei Pereba.
As orelhas de Rony ficaram vermelhas. Parecia estar achando
que falara demais, porque voltou a olhar para fora pela janela.
Harry não achava nada de mais que alguém não tivesse
dinheiro para comprar uma coruja. Afinal, ele nunca tivera
dinheiro algum na vida até
um
mês atrás, e disse isso ao Rony, e
disse também o que sentira quando usava as roupas velhas de
Duda e jamais ganhara um presente de aniversário decente. Isto
pareceu animar Rony um. pouco.
- ...e até Rúbeo me contar, eu não sabia o que era ser bruxo
nem quem eram meus pais nem o Voldemort.
Rony ficou pasmo.
- Que foi?
- Você disse o nome do Você-Sabe-Quem!-
exclamou Rony
parecendo ao mesmo tempo chocado e impressionado - Eu achava
que de todas as pessoas você...
- Não estou tentando ser corajoso nem nada dizendo o nome
dele. É; que nunca soube que não se podia dizer. Esta vendo o que
quero dizer? Tenho muito o que aprender...aposto acrescentou,
pondo pela primeira vez em palavras algo que o andava
preocupando muito ultimamente - Aposto que vou ser o pior da
classe.
- Não vai ser, não. Tem urna porção de gente que vem de
famílias de trouxas e aprende bem depressa.
Enquanto conversav am, o trem saiu de Londres. Agora
corriam por campos cheios de vacas e carneiros. Ficaram calados
por um tempo, contemplando os campos e as estradinhas passarem
num lampejo.
Por volta do meio-dia e meia ouviram um grande barulho no
corredor e uma mulher toda sorrisos e covinhas abriu a porta e
perguntou:
- Querem alguma coisa do carrinho, queridos?
Harry; que não tomara café da manhã ergueu-se de um salto,
mas as orelhas de Rony ficaram vermelhas outra vez e ele
murmurou que trouxera sanduíches. Harry foi até o corredor.
Nunca tivera dinheiro para doces na casa dos Dursley e agora
que seus bolsos retiram com moedas de ouro e prata, estava
disposto a comprar quantas bananinhas de chocolate pudesse
carregar mas a mulher não tinha barrinhas. Tinha feijoezinhos de
todos os sabores, balas de goma, chicles de bola, sapos de
chocolate, tortinhas de abóbora, bolos de caldeirão, varinhas de
alcaçuz e várias outras coisas estranhas que Harry nunca vira na
sua vida. Não querendo perder nada, ele comprou uma de cada e
pagou à mulher onze sicles de prata e sete nuques.
Rony arregalou os olhos quando Harry trouxe tudo para a
cabine e despejou no assento vazio.
Que fome, hein?
- Morrendo de fome - respondeu Harry; dando uma grande
dentada na tortinha de abóbora.
Rony tirara um embrulho encaroçado e abriu-o. Havia
quatro sanduíches dentro. Abriu um e disse:
- Ela sempre se esquece que não gosto de carne enlatada.
- Troco com você por um desses - propôs Harry, oferecendo
um pastelão de carne. - Tome...
- Você não vai querer isso, é muito seco. Ela não tem muito
tempo - acrescentou depressa. - Você sabe, somos cinco.
- Come, coma um pastelão - disse Harry, que nunca tivera
nada para dividir com alguém antes, aliás, nem ninguém com
quem dividir. Era uma sensação gostosa, sentar-se ali com Rony;
acabar com todas as tortas e bolos de Harry (os sanduíches ficaram
esquecidos).
- Que é isso? - perguntou Harry a Rony; mostrando um
pacote de sapos de chocolate. - Eles não são sapos de verdade,
são?
- Estava começando a achar que nada o surpreenderia
- Não. Mas vê qual é a figurinha , está me faltando a Agripa.
- O quê?
- Claro que você não sabe, os sapos de chocolate têm
figurinhas dentro, sabe, para colecionar, bruxas e bruxos famosos.
Tenho umas quinhentas, mas não tenho a Agripa nem o Ptolomeu.
Harry abriu o sapo de chocolate e puxou a figurinha. Era a
cara de um homem. Usava óculos de meia-lua, tinha um nariz
comprido e torto., cabelos esvoaçantes cor de prata, barba e
bigode. Sob o retrato havia o nome
Alvo Dumbledore
- Então este é Dumbledore! - exclamou Harry
- Não me diga que nunca ouviu falar de Dumbledore! Quer
me dar um sapo? Quem sabe eu tiro a Agripa. Obrigado
Harry virou o verso da figurinha e leu:
Alvo Dumbledore, atualmente diretor Hogwarts.
Considerado por muitos o maior bruxo dos tempos
modernos. Dumbledore é particularmente e famoso por ter
derrotado Grindelwald, o bruxo das Trevas, em 1945, por ter
descoberto os doze usos do sangue de dragão e por
desenvolver um trabalho em alquimia em parceria com
Nicolau Flamel. O Profressor Dumbledore gosta de mú sica
de câ mara e boliche.
Harry virou de novo o cartão e viu, para seu espanto, que o
rosto de Dumbledore havia desaparecido.
- Ele desapareceu!
- Ora, você não pode esperar que ele fique aí o dia todo.
Depois ele volta. Não, tirei a Morgana outra vez e já tenho umas
seis... você quer? Pode começar a colecionar.
Os olhos de Rony se desviaram para a pilha de sapos de
chocolate que continuavam fechados.
- Sirva-se - disse .Harry. - Mas, sabe, no mundo dos trouxas,
as pessoas ficam. paradas nas fotos.
- Ficam? O que, eles não se mexem? - Rony parecia surpreso .
- Que
coisa esquisita!
Harry arregalou os olhos quando Dumbledore voltou
para a figurinha e lhe deu um sorrisinho. Rony estava mais
interessado em comer os sapos do que em olhar os bruxos e bruxas
famosos, mas Harry não conseguia despregar os olhos deles. Logo
não tinha só Dumbledore e Morgana, como também Hengisto de
Woodcroft, Alberico Grunnion, Circe, Paraceko e Merlim. Por fim
ele despregou os olhos da druida Cliodna que estava coçando o
nariz, para abrir o saquinho de feijõezinhos de todos os sabores
- Você vai ter que tomar cuidado com essas ai - alertou Rony.
- Quando dizem todos os sabores eles
querem
dizer
todos sabores. Sabe, todos os sabores comuns como
chocolate, hortelã e laranja, mas também. Espinafre, fígado e
bucho. Jorge achou que sentiu gosto de bicho-papão uma vez.
Rony apanhou uma balinha verde, examinou-a atentamente e
mordeu uma ponta.
- Eca! Está vendo? Couve-de-bruxelas.
Eles se divertiram comendo as balas. Harry tirou torrada,
coco, feijão cozido, morango, caril, capim, café, sardinha e chegou
a reunir coragem para morder a ponta de uma bala cinzenta meio
gozada que Rony não queria pegar, e que era pimenta.
Os campos que passavam agora pela janela estavam ficando
mais silvestres. As plantações tinham desaparecido. Agora havia
matas, rios serpeantes e morros verde-escuros.
Ouviram uma batida à porta da cabine e o menino de rosto
redondo, por quem Harry passara na plataforma nove e meia,
entrou. Parecia choroso.
- Desculpem, mas vocês viram um sapo?
Quando os dois sacudiram a cabeça, ele chorou
- Perdi ele! Está sempre fugindo de mim!
- Ele vai aparecer - consolou Harry.
- Vai - disse o menino infeliz. - Se você vir ele...
E saiu.
- Não sei por que ele está tão chateado - disse Rony. - Se eu
tivesse trazido um sapo ia querer perder ele o mais depressa que
pudesse. Mas, trouxe Pereba, por isso nem posso falar nada.
O rato continuava a tirar sua soneca no colo de Rony.
- Ele podia estar morto e ninguém ia saber a diferença - disse
Rony desgostoso. - Tentei mudar a cor dele para amarelo para
deixar ele mais interessante, mas o feitiço não deu certo. Vou-lhe
mostrar. Olhe...
Remexeu na mala e tirou uma varinha muito gasta. Estava
lascada em. alguns pontos e havia uma coisa branca brilhando na
ponta.
- O pêlo do unicórnio está quase saindo. Em todo o caso...
Tinha acabado de erguer a varinha quando a porta da cabine
abriu outra vez. O menino sem o sapo estava de volta, mas desta
vez tinha urna garota em sua companhia. Ela já estava usando as
vestes novas de Hogwarts.
Ninguém viu um sapo? Neville perdeu o dele. Tinha um.
tom de voz mandão, os cabelos castanhos muito cheios e os dentes
da frente meio grandes.
- Já dissemos a ele que não vimos o sapo - respondeu Rony,
mas a menina não estava escutando, olhava para a varinha na mão
dele.
- Você está fazendo mágicas? Quero ver.
Sentou-se. Rony pareceu desconcertado.
- Hum...está bem.
Pigarreou.
- Sol margaridas, amarelo maduro, muda para amarelo esse
rato velho e burro.
Ele agitou a varinha, mas nada aconteceu. Pereba continuou
cinzento e completamente adormecido.
- Você tem certeza de que esse feitiço está certo? - perguntou
a menina. - Bem, não é muito bom, né? Experimentei u ns feitiços
simples só para. praticar e deram certo. Ninguém na família é
bruxo, foi uma surpresa enorme quando recebi a carta, mas fiquei
tão contente, é claro, quero dizer, é a melhor escola de bruxaria  
que existe, me disseram. Já sei de cor todos os livros que
nos
mandaram comprar, é claro, só espero que seja suficiente; aliás,
sou Hermione Granger, e vocês quem são?
Ela disse tudo isso muito depressa.
Harry olhou para Rony e sentiu um grande alivio ao ver, por
sua cara espantada, que ele não aprendera todos os livros de cor
tampouco.
- Sou RonyWeasley.
- Harry Potter.
- Verdade? Já ouvi falar de você, é claro. Tenho outros livros
recomendados, e você está na
História
da
magia moderna
e em -
censão e queda das artes das trevas e
em
Grandes acontecimentos
do século XX.
- Estou? - admirou-se Harry sentindo-se confuso .
- Nossa, você não sabia, eu teria procurado saber tudo que
pudesse se fosse comigo - disse Hermione. - já sabem em que casa
vão ficar? Andei perguntando e espero ficar na Grifinória, me
parece a melhor, ouvi dizer que o próprio Dumbledore foi de lá,
mas imagino que a Corvinal não seja muito ruim.. Em todo o caso,
acho melhor irmos procurar o sapo de Neville. E é melhor vocês
se trocarem, sabe, vamos chegar daqui a pouco.
E foi-se embora, levando o menino sem sapo.
- Seja qual for a minha casa, espero que ela não esteja lá -
comento u Rony E jogou a varinha de volta na mala. - Feitiço
besta. Foi o Jorge que me ensinou, aposto que sabia que não
prestava.
- Em que casa estão os seus irmãos? - perguntou Harry.
- Grifinória. -
A
tristeza parecia estar se apoderando dele
outra vez. - Mamãe e papai estiveram lá também. Não sei o que
vão dizer se eu não estiver Acho que a Corvinal não
seria
muito
ruim, mas imagine se me puserem na Sonserina.
- E a casa em que Vol... quero dizer Você-Sabe-Quem
esteve?
- É. - E afundou novamente no assento, parecendo
deprimido.
- Sabe, acho que as pontas dos bigodes de Pereba ficaram um
pouquinho mais claras - disse Harry; tentando distrair o
pensamento de Rony das casas. - Então, o que é que os seus
irmãos mais velhos fazem agora que já terminaram?
Harry estava imaginando o que fazia um bruxo depois que
terminava a escola.
- Carlinhos está na Romênia estudando dragões e Gui está na
África fazendo um serviço para o Gringotes. Você soube o que
aconteceu com o Gringotes?
O Planeta Diário
só fala nisso, mas
acho que morando com os trouxas você não recebe o jornal. Uns
caras tentaram roubar um cofre de segurança máxima.
Harry arregalou os olhos.
- Verdade? E o que aconteceu com eles?
- Nada, é por isso que é uma noticia tão importante. Não
foram pegos. Papai disse que deve ter sido um bruxo das trevas
poderoso para enganar Gringotes, mas estão achando que eles não
levaram nada, isso é que é esquisito. E claro que todo o mundo
fica apavorado quando uma coisa dessas acontece porque Você-
Sabe-Quem pode estar por trás da coisa.
Harry repassou as noticias mentalmente. Estava começando a
sentir um arrepio de medo toda vez que Você-Sabe-Quem era
mencionado. Supunha que isso fazia parte do ingresso no mundo
da magia, mas tinha sido muito mais confortável dizer Voldemort
sem se preocupar.
- Qual. É o seu time de quadribol - perguntou Rony
- Hum... não conheço nenhum - confessou Harry.
- O quê? - Rony parecia pasmo. - Ah, espete ai, é o melhor
jogo do mundo - E saiu explicando tudo sobre as quatro bolas e as
posições dos sete jogadores, descreveu jogos famosos a que fora
com os irmãos e a vassoura que gostaria de comprar se tivesse
dinheiro. Estava mostrando a Harry as qualidades do jogo quando
a porta da cabine se abriu mais uma vez, mas agora não era
Neville, o menino sem sapo, nem Hermione Granger.
Três garotos entraram e Harry reconheceu o do meio na hora:
era o garoto pálido da loja de vestes de Madame Malkin. Olhou
para Harry com um interesse muito maior do que revelara no Beco
Diagonal.
- E verdade? - perguntou - Estão dizendo no trem que Harry
Potter está nesta. Cabine. Então é você?
- Sou - respondeu Harry. Observava os outro s garotos>.Os
dois eram fortes e pareciam muito maus. Postados dos lados do
menino pálido eles pareciam guarda-costas.
- Ah, este é Crabbe e este outro, Goyle - apresentou o garoto
pálido displicentemente, notando o interesse de Harry - E meu
nome é Drago Malfoy.
Rony tossiu de leve, o que poderia estar escondendo uma
risadinha. Malfoy olhou para ele.
- Acha o meu nome engraçado, é? Nem preciso perguntar
quem você é. Meu pai me contou que na família Weasley todos
têm cabelos ruivos e sardas e mais filhos do que podem sustentar
Virou-se para Harry
- Você não vai demorar a descobrir que algumas famílias de
bruxos são bem melhores do que outras, Harry. Você não vai
querer fazer amizade com as ruins. E eu posso ajudá-lo nisso.
Ele estendeu a mão para apertar a de Harry; mas Harry não a
apertou.
- Acho que sei dizer qual é o tipo ruim sozinho, obrigado
disse com frieza.
Drago não ficou vermelho, mas um ligeiro rosado coloriu seu
rosto pálido.
- Eu teria mais cuidado se fosse você, Harry - disse
lentamente. - A não ser que seja mais educado, vai acabar como os
seus pais. Eles também não tinham juízo. Você se mistura com
gentinha como os Weasley e aquele Rúbeo e vai acabar se
contaminando.
Harry e Rony se levantaram. O rosto de Rony está vermelho
como os cabelos.
- Repete isso.
- Ah, você vai brigar com a gente, vai? - Drago caçoou.
- A não ser que você se retire agora - disse Harry com uma
coragem maior do que sentia, porque Crabbe e Goyle eram bem
maiores do que ele ou Rony.
- Mas não estamos com vontade de nos retirar, estamos, garotos?
Já. comemos toda a nossa comida e parece que vocês ainda
têm alguma coisa.
Goyle fez menção de apanhar os sapos de chocolate ao lado
de Rony. Rony deu um pulo para a frente, mas antes que
encostasse em Goyle, este soltou um berro terrível.
Pereba, o rato, estava pendurado em seu dedo, os dentinhos
afiados enterrados na junta de Goyle, Crabbe e Drago recuaram
enquanto Goyle rodava e rodava o braço, urrando, e quando
Pereba finalmente se soltou e bateu na janela, os três
desapareceram na mesma hora. Talvez achassem que havia mais
ratos escondidos nos doces, ou talvez tivessem ouvido passos,
porque um segundo depois, Hermione Granger entrou.
- Que foi que aconteceu? - perguntou, vendo os doces
espalhados no chão e Rony apanhando Pereba pela cauda.
- Acho que apagaram ele - disse Rony a Harry. E examinou
Pereba mais atentamente. - Não... não acredito... ele voltou a
dormir.
E dormira mesmo.
- Você já. conhecia Drago Malfoy?
Harry contou o encontro deles no Beco Diagonal
- Já ouvi falar na família dele - disse Rony sombrio. Foram os
primeiros a voltar para o nosso lado depois que Você-Sabe-Quem
desapareceu. Disseram que tinham sido enfeitiçados Papai não
acredita nisso. Diz que o pai de Drago não precisou de desculpa
para se bandear para o lado das Trevas. - E virou-se para
Hermione. - Podemos fazer alguma coisa por você.
- É melhor vocês se apressarem e trocarem de roupa. Acabei de
ir lá na frente perguntar ao maquinista e ele me disse que estamos
quase chegando. Vocês andaram brigando? Vão se meter em
encrenca antes mesmo de chegarmos lá!
- Pereba andou brigando, nós não - disse Rony; fazendo  cara
zangada. - Você se importa de sair para podermos nos trocar.
- Está bem. Só vim para cá porque as pessoas nas outras cabines
estão se comportando feito crianças, correndo pelos corredores -
disse Hermione em tora choroso. - E você está com o nariz sujo,
sabia?
Rony amarrou a cara quando ela se retirou. Harry espiou pela
janela. Estava escurecendo. Viu montanhas e matas sob um céu
arroxeado. O trem parecia estar diminuindo a velocidade
Ele e Rony tiraram os paletós e puseram as vestes longas e
pretas. A de Rony estava um pouco curta, dava para ver as calças
Uma voz ecoou pelo trem;
- Vamos chegar a Hogwarts dentro de cinco minutos Por favor
deixem a bagagem no trem, ela será levada para a escola.
O estômago de Harry revirou de nervoso e ele reparou que
Rony parecia pálido sob as sardas. Os dois encheram os bolsos
com o resto dos doces e se reuniram à garotada que apinhava os
corredores.
O trem foi diminuindo a velocidade e finalmente parou. As
pessoas se empurraram para chegar à porta e descer na pequena
plataforma escura. Harry estremeceu ao ar frio da noite. Então
apareceu uma lâmpada balançando sobre as cabeças dos
estudantes e Harry ouviu uma voz conhecida.
- Alunos do primeiro ano! Primeiro ano aqui! Tudo bem
Harry?
O rosto grande e peludo de Rúbeo Hagrid sorria por cima de
um mar de cabeças.
- Vamos, venham comigo. Mais alguém do primeiro ano?
Aos escorregões e tropeços, eles seguiram Hagrid por um
caminho de aparência íngreme e estreita. Estava tão escuto em
volta que Harry achou que devia haver grandes árvores ali.
Ninguém falou muito. Neville, o menino que vivia perdendo o
sapo, fungou umas duas vezes.
Vocês vão ter a primeira visão de Hogwarts em um segundo.
- Hagrid gritou por cima do ombro -, logo depois dessa
curva. Ouviu-se um Aooooh muito alto.
O caminho estreito se abrira de repente ate a margem de um
grande lago escuro. Encarrapitado no alto de um. penhasco na
margem oposta, as janelas cintilando no céu estrelado, havia um
imenso castelo com muitas torres e torrinhas.
- Só quatro em cada barco! - gritou Hagrid, apontando para
uma flotilha de barquinhas parados na água junto á margem. Harry
e Rony foram seguidos até o barco por Neville e Hermione.
- Todos acomodados? - gritou Hagrid, que tinha um barco só
para si. - Então... VAMOS!
E a flotilha de barquinhos larg ou toda ao mesmo  tempo,
deslizando pelo lago que era liso como um vidro. Todos estavam
silenciosos, os olhos fixos no grande castelo no alto. A construção
se agigantava à medida que se aproximavam do penhasco em que
estava situado .
- Abaixem as cabeças! - berrou Hagrid quando os primeiros
barcos chegaram ao penhasco; todos abaixaram. as cabeças e os
barquinhos atravessaram uma cortina de hera que ocultava uma
larga abertura na face do penhasco. Foram impelidos por um túnel
escuro, que parecia levá-los para debaixo do castelo, até uma
espécie de cais subterrâneo, onde desembarcaram subindo e pi
ando em pedras e seixos.
- Ei, você ai! É o seu sapo? - perguntou Hagrid, que
verificava os barcos a medida que as pessoas desembarcavam.
- Trevo! - gritou Neville feliz, estendendo as mãos.
Então eles subiram por uma passagem aberta na rocha,
acompanhando a lanterna de Hagrid e desembocaram finalmente
em um gramado fofinho e úmido à sombra do castelo.
Galgaram uma escada de pedra e se aglomeraram em torno
da enorme porta de carvalho.
- Estão todos aqui? Você ai, ainda está com. o seu sapo?
Hagrid ergueu um punho gigantesco e bateu três vezes na
porta do castelo.

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