terça-feira, 4 de setembro de 2012

Harry Potter .. E a Pedra Filosofal ( Cap V )


- CAPÍTULO CINCO -
O BECO DIAGONAL

Harry acordou cedo na manhã seguinte. Embora soubesse que
já era dia, continuou com os olhos bem fechados.
"Foi um sonho", disse a si mesmo com firmeza.
Sonhei que um gigante chamado Rúbeo Hagrid veio
me dizer que eu ia para uma escola de magia. Quando
abrir os olhos estarei em casa no meu. armário."
De repente ouviu um ruído alto de batidas.
"É a tia Petúnia batendo na porta", pensou Harry;
desanimando. Mas, ainda assim, não abriu os olhos.
Tinha sido um. sonho tão bom
Bum. Bum. Bum.
- Esta bem - resmungou Harry - já estou levantando.
Sentou-se e o pesado casaco de Hagrid escorregou de
seu corpo. 0 casebre estava inundado de sol, a
tempestade passara, o próprio Hagrid estava dormindo
no sofá desmontado e havia coruja batendo com a garra
na janela, trazendo um jornal no bico.
Harry ergueu-se de um pulo, sentia-se feliz como se
houvesse grande balão crescendo dentro dele. Foi
direto à janela e abriu-a com um puxão.
A
coruja entrou
voando e deixou cair o jornal em cima de Hagrid, que
nem acordou. A coruja então voou pelo chão e
começou a atacar o casaco do gigante Hagrid.
- Não Caça isso.
Harry- tentou espantar a coruja, mas ela o ameaçou
com o bico
e continuou a atacar ferozmente o casaco.
- Rúbeo! - chamou Harry alto. - Tem uma coruja...
- Pague a ela - resmungou Hagrid dentro do sofá.
- Quê?
- Ela quer receber o pagamento pela entrega do
jornal. Procure nos bolso.
O casaco de Hagrid parecia ser feito só de bolsos -
molhos de chaves, fichas de metal, rolinhos de
barbante, balas de hortelã saquinhos de chá... e,
Finalmente, Harry puxou um punhado de moedas
estranhas.
- Dê a ela cinco nuques - disse Hagrid sonolento.
- Nuques?
- As moedinhas de bronze.
Harry contou cinco moedinhas de bronze e a coruja
esticou a perna para ele enfiar o dinheiro numa
carteirinha de couro que trazia presa. Em seguida saiu
voando pela janela aberta.
Hagrid bocejou alto, sentou-se, espreguiçou-se.
- E melhor nos despacharmos, Harry; temos muito o
que fazer hoje, temos que ir a Londres comprar todo o
seu material escolar.
Harry revirava as moedas mágicas para examiná-las.
Acabara de pensar em uma coisa que o fez se sentir
como se o balo da felicidade que havia dentro dele
tivesse furado.
- Hum... Hagrid?
- Rum? - respondeu Rúbeo, calçando as enormes
botas.
- Não tenho dinheiro nenhum, e você ouviu tio
Válter à noite passada, ele não vai pagar para eu
aprender magia.
- Não se preocupe com isso - disse Hagrid, coçando a
cabeça enquanto se levantava. - Você acha que seus
pais não lhe deixaram nada?
- Mas se a casa foi destruída...
- Eles não guardavam o ouro que tinham em casa.,
garoto! Não, nossa primeira parada vai ser em
Gringotes. O banco dos bruxos. Coma uma salsicha,
elas não são ruins frias, e eu não deixaria de comer uma
fatia do seu bolo de aniversário.
- Bruxos têm
bancos?
- Só este. Gringotes.
administrado por duendes.
É
Harry deixou cair o pedaço de salsicha que tinha na mão.
-
Duendes?
- É, é por isso que só um louco tentaria roubar o
banco, é o que lhe digo. Nunca se meta com duendes,
Harry, Gringotes é o lugar mais seguro do mundo pana
qualquer coisa que você queira guardar bem, com
exceção de Hogwarts, talvez. Aliás, preciso mesmo ir a
Gringotes. Para Dumbledore. Negócios de Hogwarts.
- Hagrid se endireitou, orgulhoso. - Ele
sempre me manda tratar de assuntos que
acha importantes. Buscar você, pegar coisas
em Gringotes, sabe que pode confiar em
mim, entende? Apanhou tudo? Vamos,
então>
Harry seguiu Hagrid em direção ao rochedo. O céu
estava bem claro agora e o mar cintilava ao sol. O
barco que no Válter alugara continuava lá, com minta
água no fundo depois da tempestade.
- Corno foi que você chegou aqui? - perguntou
Harry, procurando um segundo barco.
- Voando - respondeu Hagrid.
-
Voando?
- É... mas vamos voltar nisso ai. Não tenho
permissão de usar mágica depois de apanhar você.
Eles se acomodaram no barco, Harry ainda de olhos
arregalados para Hagrid, tentando imaginá-lo voando.
- Mas parece um desperdício remar - disse Hagrid,
lançando a Harry um dos seus olhares de esguelha. - Se
eu quisesse... hum... apressar um pouco as coisas, você
se importaria de não dizer nada em Hogwarts?
- Claro que não - falou Harry ansioso para ver mais
mágicas. Hagrid puxou outra vez o guarda-chuva corde-
rosa, deu duas pancadinhas no lado do barco e eles
dispararam em direção ao continente.
- Por que só um louco tentaria roubar Gringotes? -
perguntou Harry.
- Feitiços...encantamentos - disse Hagrid
desdobrando o seu jornal. - Dizem que há dragões
guardando os cofres de segurança. E depois é preciso
conhecer o caminho. Gringotes fica embaixo de
Londres, centenas de quilômetros abaixo, entenda.
Mais fundo que o metrô. Você morreria de fome
tentando sair de lá, mesmo que conseguisse pôr as
mãos em alguma coisa.
Harry ficou sentado pensando no que ouvira
enquanto Hagrid lia o jornal,
O Profeta Diário
. Harry
aprendera com o tio Válter que as pessoas gostavam de
ser deixadas em paz quando faziam isso mas era muito
difícil, nunca tivera tantas perguntas para fazer na vida.
- O Ministério da Magia anda aprontando as
trapalhadas de sempre - resmungou Hagrid, virando a
página.
- Tem um ministro da Magia? - perguntou Harry
antes que conseguisse se conter.
- Claro. Queriam nomear Dumbledore ministro, é
claro mas ele nunca ia largar Hogwarts, então o velho
Cornelius Fudge ficou com o cargo. Trapalhão como
ele só. Por isso ele bombardeia Dumbledore com
corujas, toda manhã, pedindo conselhos.
- Mas o que é que o Ministério da Magia faz?
- Bom, a principal tarefa é esconder dos trouxas que
ainda
existem bruxas e bruxos andando pelo pais.
- Por quê?
-
Por
quê? Ora, Harry; todo o mundo ia querer
solucionar os problemas com mágicas. Não, é melhor
que nos deixem em paz.
Nesse instante o barco bateu suavemente na parede do
cais. Hagrid dobrou o jornal e eles subiram os degraus
de pedra que levavam a rua.
As pessoas que passavam olhavam muito para
Hagrid enquanto os dois atravessaram a cidadezinha
até a estação. Harry não podia culpá-los. Não só Hagrid
era duas vezes mais alto do que todo o mundo, como
também não parava de apontar para coisas
absolutamente comuns como parquímetros e comentar
em voz alta:
- Está vendo isso, Harry? As coisas que esses
trouxas inventam, hein?
- Rúbeo- isso Harry; meio ofegante de correr para
acompanhar o passo dele. - Você disse que há dragões
em Gringotes?
- Bem, é o que dizem - Calou Hagrid. - Maneiro, eu
gostaria de ter um dragão.
- Você gostaria de ter um?
- Sempre quis ter um desde pequeno, é aqui
que vamos.
Tinham chegado à estação. Havia um trem para
Londres dali
a cinco minutos. Hagrid, que não entendia o dinheiro dos
trouxas, como o chamava, entregou as notas a. Harry
para comprar as passagens.
No trem as pessoas ficaram olhando ainda mais.
Hagrid ocupou dois lugares e se pós a tricotar urna
coisa amarelo-canário que lembrava urna lona de circo.
- Você guardou sua carta, Harry? - perguntou
enquanto contava as malhas do tricô.
Harry tirou o envelope de pergaminho do bolso.
- Ótimo. Ai tem uma. lista de tudo que você vai
precisar.
Harry desdobrou um segundo pedaço de papel em
que não reparara na noite anterior e leu:
ESCOLA DE MAGIA E BRUXARIA DE
HOGWARTS
Uniforme
Os estudantes do primeiro ano precisam
de:
1. Três conjuntos de vestes comuns de trabalho
(pretas)
2. Um chapéu pontudo simples (preto) para uso diário
3. Um par de luvas protetoras (couro de dragão ou
similar)
4. Uma capa de inverno (preta com fechos prateados)
As roupas do aluno devem ter etiquetas com seu
nome.
Livros
Os alunas devem comprar um exemplar
de cada um dos seguintes:
Livro padrão de feitiços (1ª série)
de Miranda Goshawk
História da magia
de Batilda Bagshot
Teoria da magia de Adalberto
Waffing
Guia de transfiguração para iniciantes de
Emerico Ewitch
Mil ervas e Fungos mágicos de
Fílida Spore
Bebidas e poções mágicas
de Arsênio Jigger.
Animais fantásticos e seu habitat
de Newton Scamander
As Corças das trevas: Um guia de autoproteção
de Quintino
Trimble.
Outros Equipamentos
1 varinha mágica
1 caldeirão (estanho, tamanho padrão 2)
1 conjunto de frascos
1 telescópio
1 balança de latão
Os alunos podem ainda trazer uma coruja ou um gato
ou um sapo.
LEMBREMOS AOS PAIS QUE OS ALUNOS DO
PRIMEIRO ANO NÃO PODEM USAR
VASSOURAS PESSOAIS.
- Podemos comprar tudo isso em Londres? -
perguntou-se Harry em voz alta.
- Se você souber aonde ir - respondeu
Hagrid.
Harry nunca estivera em Londres antes, Hagrid,
embora parecesse saber aonde ia, obviamente não
estava acostumado a chegar
pelos meios comuns.
Ficou entalado na roleta do metrô e queixou-se em voz
alta que os assentos eram demasiado pequenos e os
trens demasiado lentos.
- Não sei como os trouxas conseguem se arranjar
sem mágica - disse, quando subiam uma escada rolante
gasta que levava a uma rua movimentada com saídas
dos dois lados.
Hagrid era tão grande que abria caminho pela
multidão sem esforço, Harry só precisava segui-lo de
perto. Passaram por livrarias e lojas de musica,
lanchonetes e cinemas, mas nenhuma loja parecia
vender varinhas mágicas. Aquela era apenas uma rua
comum cheia de gente comum. Seria realmente
possível que houvesse montes de ouro dos bruxos
enterrados quilômetros abaixo dali? Haveria realmente
lojas que vendessem livros de feitiços é vassouras? Não
seria talvez uma grande peça que os Dursley tinham
pregado? Se Harry não soubesse que os Dursley não
tinham senso de humor, poderia ter tirado uma dessas
conclusões; mas, por alguma razão, embora tudo que
Hagrid tivesse dito até ali fosse inacreditável, Harry
não podia deixar de confiar nele.
É aqui disse Hagrid parando. O Caldeirão Furado. É
um lugar famoso.
Era um barzinho sujo. Se Hagrid não o tivesse
apontado, Harry nem teria reparado que existia. As
pessoas que passavam apressadas nem olhavam para
aquele lado. Os olhos delas corriam da grande livraria a
um lado
loja de discos no outro como se nem
a
conseguissem ver O Caldeirão Furado. Na verdade
Harry teve a sensação muito estranha de que somente
ele e Hagrid eram capazes de vê-lo. Antes que pudesse
comentar isto, Hagrid o empurrou para dentro.
Para um lugar famoso, o Caldeirão era muito escuro
e miserável. Havia umas velhas sentadas a um canto,
bebendo pequenos cálices de xerez. Uma delas fumava
um longo cachimbo. Um homenzinho de cartola
conversava com o velho garçom do bar, que era bem
careca e parecia uma noz viscosa. O zunzum das
conversas parou quando eles entraram. Todos pareciam
conhecer Hagrid; acenaram e sorriram para ele, e o
garçom apanhou um copo, perguntando:
O de sempre, Hagrid?
- Não posso, Tom, estou a serviço de Hogwarts -
disse Hagrid, dando uma palmada com a manzorra no
ombro de Harry; o que fez joelhos do garoto dobrarem.
Meu Deus - exclamou o garçom, fitando Harry. -
É...será possível?
O Caldeirão Furado repentinamente parou e fez-se
um silêncio total.
- Valha-me Deus - murmurou o velho garçom. -
Harry Potter... que honra.
E saiu correndo de trás do balcão, precipitou-se para
Harry e agarrou suas mãos, as lágrimas nos olhos.
- Seja bem-vindo, Sr. Potter, seja bem-vindo.
Harry não sabia o que dizer. Todos tinham os olhos
nele. A velha com o cachimbo puxava o fumo sem se
dar conta de que o cachimbo apagara. Hagrid sorria
radiante.
Logo houve um grande arrastar de cadeiras e no
momento
seguinte Harry se viu apertando as mãos de todos no
Caldeirão Furado.
- Dóris Crockford, Sr. Potter, não acredito que
finalmente posso conhecê-lo.
Estou
orgulhosa, Sr. Potter, tão orgulhosa.
-
tão
- Sempre quis apertar sua mão Estou nas
nuvens, Encantado, Sr. Potter, nem sei lhe dizer o
quanto, Diggle é o meu nome, Dédalo Diggle.
- Já o vi senhor antes! - disse Harry; e a cartola de
Diggle caiu de tanta excitação. - O senhor se curvou
para mim uma vez numa loja.
- Ele se lembra! - exclamou Dédalo Diggle, olhando
todos à volta. - Vocês ouviram isso? Ele se lembra de
mim!
Harry apertou muitas mãos. Dóris Crockford não
parava de voltar para um novo aperto.
Um rapaz pálido adiantou-se, muito nervoso. Um
olho trêmulo.
- Prof. Quirrell! - disse Hagrid. - Harry; o Prof. Quirrell
vai ser um dos seus professores em Hogwarts.
- P P Potter - gaguejou o Prof. Quirrell, apertando a
mão de Harry - n-n-em sei d-d-dizer que p-p-p-prazer
enorme é c-c conhecê-lo.
- Que tipo de magica o senhor ensina, Prol Quirrell?
- D-defesa c-c ontra as art t tes das t-t-trevas -
murmurou o Prof. Quirrell, como se preferisse não
pensar no assunto. - não que você p-p-precise, hein,
Potter? - Ele riu nervoso. - V-v você veio c-c-comprar
o material, suponho? Tenho que c c comprar um livro
n-n-novo sobre vampiros - Parecia aterrorizado só de
pensar.
Mas os outros não queriam deixar o Prof. Quirrell
ficar com Harry só para ele. Levou bem uns dez
minutos para o menino se livrar de todos. Finalmente,
Hagrid conseguiu se fazer ouvir naquela balbúrdia.
- Precisamos nos apressar. Temos muitas compras a
fazer. Vamos, Harry.
Dóris Crockford apertou a mão de Harry uma última vez e
eles passaram pelo bar e saíram num pequeno pátio murado, onde
não havia nada exceto uma lata de lixo e um pouco de mato.
Hagrid
sorriu
para Harry.
-
Eu lhe falei, não foi? Falei que você era famoso. Até
o
professor Cessar Quirrell ficou
tremendo
de emoção de o
conhecer, mas, em geral, ele esta sempre tremendo.
- Ele é sempre tão nervoso?
- Ah, é, Coitado. Uma cabeça brilhante. Foi bem enquanto
estudou em livros mas quando tirou um ano para aprender na
prática... Dizem que encontrou vampiros na Floresta Negra e teve
um problema feio com uma feiticeira, nunca mais foi o mesmo
Tem pavor dos alunos, tem pavor da matéria que ensina, agora,
cadê o meu guarda-chuva?
Vampiros? Feiticeiras? A cabeça de Harry estava girando.
Entrementes, Hagrid contava tijolos na parede por cima da lata de
lixo.
- Três para cima... dois para o lado... - murmurou. -
Certo, chegue para trás, Harry
Ele bateu na parede três vezes com a ponta do
guarda-chuva. E o tijolo que tocou estremeceu, torceuse.
No meio apareceu um buraquinho, que se foi
alagando cada vez mais. Um segundo depois se viram
diante de um arco bastante grande até para Hagrid, um
arco que abria para uma rua de pedras irregulares, ser
peava e desaparecia de vista,
- Bem-vinda - disse Hagrid - ao Beco Diagonal.
Ele riu do espanto de Harry. Atravessaram o arco. Harry deu
uma espiada rápida por cima do ombro e viu o arco encolher
instantaneamente e virar uma parede sólida.
O sol refulgia numa pilha de caldeirões á porta da loja mais;
próxima.
Caldeirões - Todos os Tamanhos - Cobre, Latão,
Estanho, Prata -todos os tamanhos,
dizia um letreiro acima.
-
É você vai precisar de um - disse Hagrid -, mas temos
de
apanhar o seu dinheiro primeiro.
Harry desejou ter oito olhos. Virava a cabeça para todo o lado
enquanto caminhavam pela
rua,
tentando ver tudo ao mesmo
tempo: as lojas, as coisas as portas, as pessoas fazendo compras.
Uma mulher gorducha da lado de fora de
uma farmácia abanou a cabeça quando passaram por ela e disse:
- Fígado de dragão, dezessete sicles trinta gramas, eles
endoidaram...
Um pio baixo e suave veio de uma loja escura com um letreiro
onde se lia "Empório de Corujas - douradas, das-torres, do campo,
marrons e brancas"
.
Vários garotos
mais
ou menos da idade de Harry espremiam os
narizes contra a vitrine que tinha vassouras.
- Olhe - Harry, ouviu um deles dizer - a nova
Nimbus 2000, mais veloz que nunca.
Havia lojas que vendiam vestes,
lojas
que vendiam telescópios
e estranhos instrumentos de prata que Harry nunca vira antes,
janelas com pilhas de barris contendo baços de morcegos e olhos
de enguias, pilhas mal equilibradas de livros de feitiços, p enas de
aves para escrever e rolos de pergaminhos, vidros de poções,
globos de...
- Gringotes - anunciou Hagrid.
Tinham chegado a um edifício muito branco que se
erguia acima das lojinhas. Parado diante das portas de
bronze polido, usando um uniforme vermelho e
dourado, havia...
-
um duende - disse Hagrid baixinho, enquanto
É, é
subiam os degraus de pedra branca até o duende. Ele
era uma cabeça mais baixo do que Harry. Tinha uma
cara escura e inteligente, uma barba em ponta e, Harry
reparou, mãos e pés muito compridos. O duende os
cumprimentou com uma reverência quando entraram.
Em seguida depararam com um segundo par de portas,
desta vez de prata, onde havia gravado o seguinte:
Entrem, estranhos, mas prestem
atenção
Ao que espera o pecado da ambição,
Porque os que tiram o que não
ganharam
Terão é que pagar muito caro,
Assim, se procuram sob o nosso chão
Um tesouro que nunca enterraram,
,
Ladrão
você foi a visado, cuidado,
pois vai encontrar mais do que
procurou.
- Não te disse? Só um louco tentaria roubar o banco - lembrou
Hagrid.
Dois duendes se curvaram quando eles passaram pelas portas
de prata e desembocaram em um grande saguão de mármore.
Havia mais de cem duendes sentados em banquinhos altos atrás de
um longo balcão, escrevendo em grandes livros-caixas, pesando
moedas em balanças de latão, examinando pedras preciosas com
óculos de joalheira Havia ao redor do saguão portas demais para
contar, e outros tantos duendes acompanhavam as pessoas que
entravam e saiam por elas. Hagrid e Harry se dirigiram ao balcão.
- Bom dia - disse Hagrid a um duende desocupado. Viemos
sacar algum dinheiro do cofre do Sr. Harry Potter.
- O senhor tem a chave?
- Tenho em algum lugar - disse Hagrid e começou a esvaziar
os bolsos em cima do balcão, espalhando um punhado de biscoitos
de cachorro mofados em cima do livro-caixa do duende.. O
duende franziu o nariz. Harry observou o duende do lado direito
pesar um monte de rubis do tamanho de carvões em brasa.
"Achei", exclamou Hagrid finalmente, mostrando uma
chavinha de ouro.
O duende examinou-a cuidadosamente.
- Parece estar em ordem.
- E tenho aqui também uma carta do professor Dumbledore
- falo u Hagrid com ar importante, tirando-a do bolso do
casaco.
- É sobre Você-Sabe-O-Quê que está no cofre setecentos e treze.
O duende leu a carta com atenção.
- Muito bem! - Calou, devolvendo a carta a Hagrid. - Vou
mandar alguém levá-lo aos dois cofres. Grampo!
Grampo era outro duende. Depois que Hagrid enfiou todos os
biscoitos de cachorro de volta nos bolsos, ele e Harry
acompanharam Grampo a uma das portas que havia no saguão.
- O que é o Você-Sabe-O-Quê no cofre setecentos e treze -.
perguntou Harry.
- Não posso lhe contar - respondeu Hagrid misterioso - Muito
secreto. Negócios de Hogwarts. Dumbledore me confiou Meu
emprego vale mais do que a vontade de lhe contar
Grampo segurou a porta aberta para eles passarem. Harry;
que esperara mais mármore, surpreendeu-se. Encontravam-se em
uma passagem estreita de pedra, iluminada por archotes
chamejantes. Era uma descida íngreme, em que havia pequenos
trilhos. Grampo assobiou e um vagonete disparou pelos trilhos em
sua direção. Eles embarcaram Hagrid com alguma dificuldade e
partiram.
A princípio eles apenas viajaram em alta velocidade por um
labirinto de passagens cheias de curvas. Harry tentou memorizar,
esquerda, direita, direita, esquerda, em frente no entroncamento,
direita, esquerda, mas era impossível. O vagonete barulhento
parecia conhecer o caminho, porque Grampo não o estava
dirigindo.
Os olhos de Harry ardiam no ar frio que passava rápido por
eles, mas mantinha-os bem abertos. Uma vez, ele pensou ter visto
uma labareda no fim da passagem e se virou para conferir se era
um dragão, mas foi tarde demais - eles mergulharam ainda mais
fundo, passaram por um lago subterrâneo onde se acumulavam no
teto e no chão enormes estalactites e estalagmites.
- Eu nunca sei - gritou Harry para Hagrid poder ouvi-lo - qual
é a diferença entre uma estalactite e uma estalagmites.
- Estalagmite tem um "m" - disse Hagrid - E não me faça
perguntas agora, acho que vou enjoar.
Ele realmente estava muito verde e quando o vagonete afinal
parou ao lado de uma portinhola na passagem, Hagrid saltou e
precisou se apoiar na parede para os joelhos panarem de tremer.
Grampo destrancou a porta. Saiu uma grande nuvem de
fumaça verde e enquanto ela se dissipava, Harry ficou sem
respirar. Dentro havia montes de moedas de ouro. Colunas de
prata. Pilhas de pequenos nuques de bronze.
- E tudo seu - sorriu Hagrid.
Tudo de Harry - era inacreditável Os Dursley com certeza não
sabiam da existência daquilo ou teriam tirado tudo mais rápido do
que uma piscadela. Quantas vezes tinham se queixado do quanto
lhes custava criar Harry? E durante todo aquele tempo havia uma
pequena fortuna que lhe pertencia, enterrada no subsolo
de Londres.
Hagrid ajudou Harry a guardar um pouco do dinheiro em uma
saca
As moedas de ouro são galeões - explicou ele. - Dezessete
sicles de prata fazem um galeão e vinte e nove nuques fazem um
sicle, é bem simples. Certo, isto deverá ser suficiente para
uns
dois
períodos letivos, guardaremos o resto bem guardado para você.
- Hagrid virou-se para Grampo. - O cofre
setecentos e treze agora, por favor, e será
que podemos ir mais devagar.
- Só tem uma velocidade - Calou Grampo.
Viajaram mais para o fundo agora e ganharam velocidade. O ar
foi se tornando cada vez mais frio enquanto disparavam pelas
curvas fechadas.
Sacolejavam por uma ravina subterrânea e Harry debruçou-se
para um lado para tentar ver o que havia no fundo, mas Hagrid
gemeu e o puxou para trás pelo cangote.
O cofre setecentos e treze não tinha fechadura.
- Para trás disse Grampo com ar de importância. Alisou a
porta devagarinho com o seu dedo comprido e ela simplesmente se
dissolveu.
- Se alguém que não fosse um duende de Gringotes tentasse o
mesmo, seria engolido pela porta e ficaria preso lá dentro-
explicou Grampo.
- Com que freqüência você vem ver se tem alguém lá dentro?
perguntou Harry.
- Uma vez a cada dez anos - disse Grampo, com um sorriso
maldoso..
Devia haver alguma coisa realmente extraordinária
nesse cofre de segurança máxima, Harry tinha certeza,
e se curvou para a frente pressuroso, esperando ver no
mínimo jóias fabulosas - mas no primeiro momento
achou que estava vazio. Depois notou n embrulhinho
encardido no chão. Hagrid apanhou-o e o guardou
muito bem. no casaco. Harry tinha muita vontade de
saber o que era, mas sentia que era melhor não
perguntar.
- Vamos voltar para esse vagonete infernal, e não fale no
caminho de volta, é melhor eu ficar de boca fechada comentou
Hagrid.
Depois de mais uma viagem no vagonete descontrolado, eles
chegaram à claridade do sol do lado de fora de Gringotes. Harry
não sabia aonde correr primeiro agora que tinha uma saca cheia de
dinheiro. Não precisava saber quantos galeões perfaziam uma libra
para saber que estava carregando mais dinheiro do que jamais
tivera na vida inteira mais dinheiro até do que Duda jamais tivera.
- Vamos comprar logo o seu uniforme - falou Hagrid,
indicando com a cabeça a loja
Madame Malkin
-
Roupas para
Todas as
Ocasiões. - Escute aqui, Harry; você se importa se eu der
uma corrida no Caldeirão Furado para tomar um tônico? Detesto
esses vagonetes de Gringotes. - Ele realmente parecia meio
enjoado, por isso Harry entrou na loja Madame Malkin sozinho,
um pouco nervoso.
Madame Malkin era uma bruxa baixa, gorda e sorridente, toda
vestida de lilás.
- Hogwarts, querido? - perguntou quando  Harry começou a
falar. - Tenho tudo aqui. Para falar a verdade, tem outro rapazinho
agora ajustando uma roupa.
Nos fundos da loja, um garoto de rosto pálido e pontudo estava
em pé em cima de um banquinho enquanto uma segunda bruxa
encurtava suas compridas vestes pretas. Madame Malkin colocou
Harry num banquinho ao lado do outro, enfiou-lhe uma veste
comprida pela cabeça e começou a marcar a bainha na altura certa.
- Alô - cumprimentou o garoto. - Hogwarts também?
- É - confirmou Harry.
- Meu pai está n a loja ao  lado comprando meus livros e minha 
mãe está mais adiante procurando varinhas - disse o garoto. Tinha
uma voz de tédio arrastada. - Depois vou levar os dois para dar
uma olhada nas vassouras de corridas. Não vejo por que os alunos
de primeira serie não podem ter vassouras individuais.
Acho que vou obrigar papai a me comprar uma e vou
contrabandeá-la para a escola às escondidas.
O garoto lhe lembrou muito o Duda.
-
Você
tem vassoura? - perguntou o garoto
- Não.
Sabe jogar quadribol?
- Não - respondeu novamente Harry, perguntando-se que diabo
seria esse tal de quadribol.
- Eu sei, meu pai falou que vai ser um crime se não me
escolherem para jogar pela minha casa, e sou obrigado a dizer que
concordo. Já sabe em que casa você vai ficar?
- Não - respondeu Harry; sentindo-se a cada minuto mais
idiota.
- Bom, ninguém sabe mesmo até chegar lá, não é, mas sei que
vou ficar na Sonserina, toda a nossa família ficou lã, imagine ficar
na Lufa-Lufa, acho que eu saia da escola, você não?
- Hum-hum - concordou Harry; desejando que pudesse
responder algo um pouquinho mais interessante.
- Caramba, olha aquele homem! - falou o garoto de repente
indicando com a cabeça a vitrine. Rúbeo estava parado diante
dela, rindo para Harry e apontando para dois grandes sorvetes para
explicar que não podia entrar
- É o Rúbeo - disse Harry; contente por saber alguma coisa que o
garoto não sabia. - Ele trabalha em Hogwarts.
- Ah, ouvi falar dele. E uma espécie de empregado, não é?
- É o guarda-caça - explicou Harry. A cada segundo gostava
menos do garoto.
- E, isso mesmo. Ouvi falar que é uma espécie de selvagem.
Mora num barraco no terreno da escola e de vez em quando toma
um pileque, tenta fazer mágicas e acaba tocando fogo na cama.
- Acho que ele é brilhante - retorquiu Harry com frieza.
- Ah", é? - disse o garoto com um leve desdém. - Porque é que
ele está acompanhando você? Onde estão os seus pais?
- Estão mortos - respondeu Harry secamente. Não tinha muita
vontade de alongar o assunto com esse garoto.
- Ah, lamento - disse o outro, sem parecer lamentar nada.
- Mas eram do nosso povo, não eram?
- Eram bruxos, se é isso que você está perguntando.
- Eu realmente acho que não deviam deixar outro
tipo de gente entrar, e você? Não são iguais a nós,
nunca foram educados para conhecer o nosso modo de
viver. Alguns nunca sequer ouviram falar de Hogwarts
até receberem a carta, imagine. Acho que deviam
manter a coisa entre as famílias de bruxos. Por Calar
nisso, como é o seu sobrenome?
Mas antes que Harry pudesse respond er, Madame Malkin
anunciou:
- Terminei com você, querido. E .Harry; nada
frustrado com. a desculpa para interromper a conversa
com o garoto, pulou do banquinho para o chão.
- Bom, vejo você em Hogwarts, suponho - disse o garoto
de voz arrastada.
Harry fico u muito quieto enquanto comia o sorvete que Hagrid
trouxera (chocolate e amora com nozes picadas).
- Que foi? - perguntou Hagrid.
- Nada - mentiu Harry.
Eles pararam para comprar pergaminho e penas. Harry se
animou um pouco quando descobriu um vidro de tinta que mudava
de cor enquanto a pessoa escrevia. Quando saíram da loja,
perguntou:
- Rúbeo, o que é quadribol?
- Caramba, Harry; vivo me esquecendo que você não sabe
quase nada - raios, não saber o que é quadribol!
- Não faça eu me sentir pior, - E contou a Hagrid sobre o
garoto pálido na loja de Mad ame Malkin.
- ... e ele disse que nem deviam permitir a gente que
pertence à família de trouxas...
- Você não pertence a uma família de trouxas. Se ele
soubesse quem você e.,. ele cresceu sabendo o seu nome se os pais
dele forem bruxos. Você viu o pessoal do Caldeirão Furado. Em
todo o caso, o que é que ele sabe das coisas, alguns dos melhores
bruxos que já conheci vinham de uma longa linhagem de trouxas.
Veja a sua mãe! Veja só quem é irmã dela!
- Então, o que é quadribol
- É o nosso esporte. Esporte de bruxos. É como o futebol
no mundo dos trouxas. Todos praticam quadribol. A gente joga no
ar montado em vassouras com quatro bolas. E meio difícil explicar
as regras.
E o que são Sonserina e Lufa-Lufa?
- Casas na escola. São quatro. Todo mundo diz que Lufa-Lufa
só tem panacas, mas..
- Aposto que estou na Lufa-Lufa - disse Harry -
deprimido.
- É melhor a Lufa-lufa do que a Sonserina - sentenciou Hagrid,
misterioso. - Não tem um único bruxo nem urna única bruxa
desencaminhados que não tenham passado por Sonserina. Você-
Sabe-Quem foi um deles.
- Vol .. desculpe... Você-Sabe-Quem esteve em Hogwarts?
- Há muitos e muitos anos.
Eles compraram os livros escolares de Harry em uma loja
chamada Floreios e Borrões, onde as prateleiras estavam
abarrotadas até o teto com livros do tamanho de paralelepípedos
encadernados em couro, livros do tamanho de selos postais com
capas de seda; livros cobertos de símbolos curiosos e alguns livros
sem nada. Até Duda, que nunca lia nada, teria ficado doído para
pôr as mãos em alguns desses livros. Hagrid quase teve de arrastar
Harry para longe do
Pragas
e
Contrapragas
(Encante os seus
amigos e confunda os seus inimigos com as últimas vinganças:
perda de cabelos, pernas bambas, língua presa e muitas, muitas
mais) do Prof. Vindicto Viridiano.
- Eu estava tentando descobrir como rogar urna praga para o
Duda.
- Não vou dizer que não é urna boa idéia, mas você
pode usar mágica no mundo dos trouxas a não ser
não
em situações muito especiais - disse Hagrid - De
qualquer modo, você ainda não poderia lançar
nenhuma dessas pragas, vai precisar de mimo estudo
antes de chegar a esse nível.
Hagrid não deixou Harry comprar um caldeirão de ouro
maciço, tampouco ("Diz estanho na sua lista),mas compraram uma
balança bonita para pesar os ingredientes das poções e um
telescópio desmontável de latão. Visitaram a farmácia, que era
bem fascinante para compensar seu cheiro horrível, uma mistura
de
ovo estragado e repolho podre. Havia no chão barricas de coisas
viscosas, frascos com ervas, raízes secas e pós coloridos cobriam
as paredes, feixes de penas, fieiras de dentes e garras retorcidas
pendiam do teto. Enquanto Hagrid pedia ao homem atrás do
balcão um conjunto de ingredientes básicos para preparar poções
para Harry, o próprio Harry examinava chifres de prata de
unicórnios, a vinte e um galeões cada, e minúsculos olhos
faiscantes de besouros (cinco nuques uma concha).
Ao saírem da farmácia, Hagrid verificou a lista de Harry mais
uma vez.
- Só falta a varinha. Ah é, e ainda não comprei o seu presente
de an iversário.
Harry sentiu o rosto corar.
- Você não precisa..
- Eu sei que não preciso. Vamos fazer o seguinte, vou comprar
um bicho para você. Não vai ser sapo, os sapos saíram de moda há
muitos anos, todo mundo ia rir de você, e não gosto de gatos, eles
me fazem espirrar Vou-lhe comprar uma coruja. Todos os garotos
querem corujas, são muito úteis, levam cartas e tudo o mais.
Vinte minutos depois, eles saíram do Empório de Corujas, que
era escu ro e cheio de ruídos e brilhos e olhos que cin tilavam como
jóias. Harry agora carregava uma grande gaiola com uma bela
coruja branca como a neve, que dormia profundamente, a cabeça
debaixo da asa. Ele não parava de agradecer, parecia até o Prof.
Quirrell.
- Não tem do quê - respondia Hagrid rouco. - Acho que você
nunca ganhou muitos presentes dos Dursley. Agora só falta
Olivaras, a única loja de varinhas, Olivaras, e você precisa ter a
melhor varinha do mundo.
Uma varinha mágica... era realmente o que Harry andara
desejando.
A ultima loja era estreita e feiosa. Letras de ouro descascadas
sobre a porta diziam
Olivaras Artesãos de Varinhas de Qualidade
desde 382 a.C.
Havia urna única varinha sobre uma almofada
púrpura desbotada, na vitrine empoeirada.
Um sininho tocou em algum lugar no fundo da loja quando eles
entraram. Era uma lojinha mínima, vazia, exceto por uma única
cadeira alta e estreita em que Hagrid se sentou para espetar. Harry
teve uma sensação esquisita como se tivesse entrado em uma
biblioteca muito exclusiva; engoliu um monte de perguntas novas
que tinham acabado de lhe ocorrer e ficou espiando os milhares de
caixas estreitas arrumadas com cuidado até o teto. Por alguma
razão, sentiu um arrepio na nuca. A própria poeira e o silêncio ali
pareciam retinir com uma magia secreta.
- Boa tarde - disse uma voz suave. Harry se assustou. Hagrid
devia ter-se assustado também, porque se ouviu um rangido alto e
ele se levantou rapidamente da cadeira alta e estreita.
Havia um velho parado diante deles
os olhos grandes e muito
,
claros brilhando como duas luas na penumbra da loja.
- Alô - disse Harry sem jeito.
- Ah,
sim - disse o homem. - Sim, sim. Achei que ia vê-lo em
breve. Harry Potter.
-
Não era uma pergunta. - Você tem os olhos
de sua mãe. Parece que foi ontem que ela esteve aqui, comprando
a primeira varinha. Vinte e seis centímetros de comprimento,
farfalhante, feita de salgueiro. Uma boa varinha para
encantamentos.
O Sr. Olivaras chegou mais perto de Harry. Harry desejou que
ele piscasse. Aqueles olhos prateados lhe davam um pouco de
medo.
- Já o seu pai, deu preferência a uma varinha de mogno. Vinte
e oito centímetros. Flexível. Um pouco mais de poder e excelente
para transformações. Bom, digo que seu pai deu preferência, na
realidade é a varinha que escolhe o bruxo, é claro.
O Sr. Olivaras chegara tão perto que ele e Harry estavam quase
encostando os narizes. Harry viu-se refletido naqueles olhos.
- E foi ai que....
O Sr. Olivaras tocou a cicatriz feita pelo relâmpago na testa de
Harry com um dedo branco e longo.
- Lamento dizer que vendi a varinha que fez isso - disse ele
suavemente. - Trinta e cinco centímetros. Nossa. Uma varinha
poderosa, muito poderosa nas mãos erradas... Bom, se eu tivesse
sabido o que a varinha ia sair por ai fazendo..
Ele sacudiu a cabeça e então, para alivio de Harry;
viu Hagrid.
- Hagrid! Hagrid, Hagrid! Que bom ver você de novo...
Carvalho, quarenta centímetros, meio mole, não era?
- Era, sim senhor
- Boa varinha, aquela. Mas suponho que a tenham partido ao
meio quando o expulsaram? -- disse o Sr Olivaras repentinamente
serio.
Hum... partiram, é verdade - disse Hagrid, arrastando os pés. -
Mas ainda guardo os pedaços - acrescentou animado.
- Mas você não os usa? - perguntou o Sr. Olivaras severo.
- Ah, não senhor - respondeu depressa Hagrid. Harry reparou
que ele apertou o guarda-chuva cor-de-rosa com força ao
responder
- Hum - resmungou o Sr. Olivaras, lançando um
olhar penetrante a Hagrid. - Bom, agora, Sr. Potter,
vamos ver. - E tirou uma longa fita métrica com
números prateados do bolso. - Qual é o braço da
varinha?
- Num, bom, sou destro - respondeu Harry.
- Estique o braço. Isso. - Ele mediu Harry do ombro ao dedo,
depois do pulso ao cotovelo, do ombro ao chão, do joelho à axila e
ao redor da cabeça. Enquanto media, disse; - Toda varinha
Olivaras temo miolo feito de uma poderosa substância mágica, Sr
Potter. Usamos pêlos de unicórnio, penas de cauda de fênix e
cordas de coração de dragão. Não há duas varinhas Olivaras como
não há unicórnios, dragões nem fênix iguais. E é claro, o senhor
jamais conseguirá resultados tão bons com a varinha de outro
bruxo.
Harry de repente percebeu que a fita métrica, que o media
entre as narinas, estava medindo sozinha. O Sr Olivaras andava
rapidamente em volta das prateleiras, descendo caixas.
- Já chega - falou, e a fita métrica afrouxou e caiu formando um
montinho no chão. - Certo, então, Sr Potter. Experimente esta.
Faia e corda de coração de dragão. Vinte e três centímetros. Boa e
flexível. Apanhe e experimente.
Harry apanhou a varinha e ( sentindo-se bobo)
fez alguns movimentos com ela, mas o Sr. Olivaras a
tirou de sua mão quase imediatamente.
- Bordo e pena de fénix. Dezoito centímetros. Bem
elástica. Experimente.
Harry experimentou - mas mal erguera a varinha quando, mais
uma vez, o Sr. Olivaras a tirou de sua mão.
- Não, não. Tome, ébano e pêlo de unicórnio, vinte e dois
centímetros, flexível. Vamos, vamos, experimente.
Harry experimentou. E experimentou. Não fazia idéia do que é
que o Sr Olivaras estava esperando. A pilha de varinhas
experimentadas estava cada vez maior em cima da cadeira alta e
estreita, mas, quanto mais varinhas o Sr. Olivaras tirava das
prateleiras, mais feliz parecia ficar.
- Freguês difícil, hein? Não se preocupe, vamos encontrar a
varinha perfeita. Para o senhor em algum lugar, estou em duvida,
agora... é, por que não?, uma combinação incomum, azevinho e
pena de fênix, vinte e oito centímetros, boa e maleável.
Harry apanhou a varinha. Sentiu um. repentino calor nos
dedos. Ergueu a varinha acima da cabeça, baixou-a cortando o ar
empoeirado com um zunido, e uma torrente de faiscas douradas e
vermelhas saíram da ponta como um fogo de artifício, atirando
fagulhas luminosas que dançavam nas paredes. Hagrid gritou
entusiasmado e bateu palmas e o Sr. Olivaras exclamou:
- Bravo! Mesmo, ah, mimo bom. Ora, ora, ora... que curioso...
curiosíssimo...
Repôs a varinha de Harry na caixa e embrulhou-a em papel
pardo, ainda resmungando:
- Curioso... curioso...
- O senhor me desculpe - disse Harry -, mas
o que é
curioso?
O Sr. Olivaras encarou Harry com aqueles olhos claros.
- Lembro-me de cada varinha que vendi, Sr. Potter. De cada
uma. Acontece que a fénix cuja pena está na sua varinha produziu
mais uma pena, apenas mais uma. É muito curioso que o senhor
tenha sido destinado para esta varinha porque a irmã dela, ora, a
irmã dela produziu a sua cicatriz.
Harry engoliu em. seco.
- E, tinha trinta e quatro centímetros. Puxa. É realmente
curioso como essas coisas acontecem. A varinha escolhe o bruxo,
lembre-se... Acho que podemos esperar grandes feitos do senhor,
Sr. Potter. Afinal, Aquele-Que-Não-Se-Deve-Nomear realizou
grandes feitos, terríveis, sim, mas grandes.
Harry estremeceu. Não tinha muita certeza se
gostava do Sr. Olivaras. Pagou sete galeões pela
varinha e o Sr. Olivaras curvou-se a saída deles.
O sol de fim de tarde quase chegara ao horizonte
quando Harry e Hagrid refizeram o caminho para sair
do Beco Diagonal, atravessar a parede e passar
novamente pelo Caldeirão Furado, agora vazio. Harry
não disse urna palavra enquanto caminhavam pela rua;
nem ao menos reparou quantas pessoas se boquiabriam
para eles no metrô, carregados que estavam com todos
aqueles pacotes de formatos esquisitos, a coruja branca
adormecida no colo de Harry. Subiram a escada rolante
para a estação de Paddington; Harry só percebeu onde
estavam quando Hagrid bateu em seu ombro.
- Temos tempo para comer alguma coisa antes do
trem sair -falou.
Comprou um hambúrguer para Harry e se sentaram
em bancos de plástico para comê-los. Harry não parava
de olhar a toda volta. Por alguma razão tudo parecia tão
estranho.
- Você esta bem, Harry? Está muito calado -
comentou Hagrid
Harry não tinha muita certeza de poder explicar. Tivera
o melhor aniversário de sua vida, porém...e mastigava o
hambúrguer, tentando encontrar as palavras.
- Todo o mundo acha que sou especial - disse
finalmente. - Todas aquelas pessoas no Caldeirão
Furado, o Prof. Quirrell, o Sr. Olivaras... mas eu não
conheço nadinha de mágica. Como podem esperar
grandes feitos de mim? Sou famoso e nem ao menos
me lembro o porquê. Não sei o que aconteceu quando
Vol... desculpe... quero dizer, na noite que meus pais
morreram.
Hagrid se debruçou sobre a mesa. Por trás da barba
e das sobrancelhas desgrenhadas tinha um sorriso
bondoso.
- Não se preocupe, Harry. Você vai aprender bem
depressa
Todos começaram pelo começo em Hogwarts, você vai
se dar bem. Seja você mesmo. Sei que é difícil, Você
vai ser discriminado e isso é muito duro, Mas vai se
divertir a valer em Hogwarts. Eu me divertir: e ainda
me divirto, para dizer a verdade.
Hagrid ajudou Harry a embarcar no trem que o
levaria de volta aos Dursley, então lhe entregou um
envelope.
A sua passagem para Hogwarts. Primeiro de
setembro, na estação de Kong's  Cross, está tudo na
passagem. Qualquer problema com os Dursley, me
mande uma carta pela coruja, ela saberá onde me
encontrar... Vejo você em breve, Harry.
O trem parou na estação. Harry queria ficar
espiando Hagrid até ele desaparecer de vista; levantouse,
espremeu o nariz contra o vidro da janela, ma
quando piscou os olhos Hagrid tinha desaparecido.

Nenhum comentário:

Postar um comentário